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    Corrupção no futebol

    Marin aceita ser extraditado aos EUA e responderá a processo por corrupção

    GRACILIANO ROCHA
    DE SÃO PAULO
    LEANDRO COLON
    DE LONDRES
    MARCEL RIZZO
    DO PAINEL FC

    28/10/2015 11h15

    O governo da Suíça anunciou nesta quarta-feira (28) que o ex-presidente da CBF José Maria Marin aceitou ser extraditado para os Estados Unidos.

    A informação foi confirmada pelo advogado de Marin no Brasil, Paulo Peixoto.

    "O dr. Marin da data de hoje [quarta] até dez dias vai aos EUA responder ao processo", disse Peixoto à Folha.

    Marin, 83, está preso em Zurique desde o dia 27 de maio, acusado pelas autoridades americanas de envolvimento num esquema de corrupção relacionado a direitos de transmissão e marketing de competições. Foi detido com outros seis cartolas numa operação na véspera do congresso da Fifa.

    Segundo o Departamento de Justiça da Suíça, o cartola concordou na terça (27) em ser transferido para o território americano. Com isso, o processo de extradição será acelerado. A Suíça destaca que, inicialmente, Marin havia se posicionado contrário à extradição solicitada pelos Estados Unidos, mas na terça aceitou ser transferido.

    As autoridades dos Estados Unidos terão dez dias para levar Marin da Suíça, sob escolta da polícia americana.

    De acordo com o governo suíço, por razões de segurança e privacidade, nenhuma informação será divulgada sobre sua transferência.

    Em nota, as autoridades destacam que Marin é acusado de receber "milhões de dólares de propina" de um esquema ligado a desvios de dinheiro de vendas de direitos de transmissão de torneios da Copa América de 2015, 2016, 2019 e 2023, além da Copa do Brasil entre 2013 e 2022. "Ele teria dividido esses subornos com outros dirigentes de futebol", afirma o governo suíço.

    Os advogados do cartola negociam há meses com as autoridades americanas uma espécie de prisão domiciliar, mediante a fiança, enquanto o brasileiro responde às acusações. Por ter imóvel na cidade americana, ele tentaria obter o mesmo benefício dado ao ex-presidente da Concacaf, Jeffrey Webb, que aceitou ser transferido para os EUA em julho. Conforme a Folha mostrou em julho, a fiança pode chegar a pelo menos US$ 7 milhões.

    O governo suíço já havia aprovado a extradição de outros cinco cartolas presos na mesma operação: o costarriquenho Eduardo Li, o venezuelano Rafael Esquivel, o britânico Costas Takkas, o uruguaio Eugenio Figueiredo e o nicaraguense Julio Rocha.

    O escândalo levou à renúncia do presidente da Fifa, Joseph Blatter, no dia 2 de junho e à convocação de novas eleições na entidade em fevereiro de 2016. Suspeito de envolvimento na investigação conduzida pelos americanos, o presidente da CBF, Marco Polo del Nero, tem evitado deixar o Brasil, temendo ser alvo de um pedido de prisão no exterior.

    Responsável pela defesa de Marin em Berna, o advogado suíço Georg Friedli invocou a proteção do ex-presidente da CBF para não emitir comentários sobre os termos do acordo que levou o cartola a abandonar a contestação da extradição para os Estados Unidos.

    Em e-mail à Folha, Friedli disse que não comentaria se Marin passaria à condição de delator do esquema de corrupção na Fifa nem se ele aceitou pagar multa em troca de benefícios de responder às acusações nos Estados Unidos em regime de prisão domiciliar mediante pagamento de multa.

    Com a súbita aceitação da extradição para os Estados Unidos, Marin segue o mesmo caminho do ex-presidente da Concacaf e um dos vices da Fifa, Jeffrey Webb, que em julho foi transferido para os Estados Unidos.

    Webb, que já se declarou inocente das acusações de corrupção e lavagem de dinheiro perante um juiz de Nova York, aceitou um acordo no qual pagou US$ 10 milhões (R$ 38,6 milhões, pela cotação desta quarta) para ficar em prisão domiciliar nos Estados Unidos.

    Pelos termos do acordo, Webb teve de alugar uma casa a menos de 20 milhas (32 km) do tribunal em Nova York e pagar, ele próprio, por uma empresa privada de segurança para monitorar o uso de sua tornezeleira eletrônica 24 horas por dia. Marin é dono de um apartamento em Nova York.

    OUTRO LADO

    Desde que foi preso na Suíça, em maio deste ano, Marin nunca falou à imprensa, nem por meio de comunicados, sobre as acusações de que integrou esquema de corrupção para a negociação de contratos envolvendo torneios organizados pela Conmebol e pela CBF.

    Seus advogados, no entanto, têm dito que que são frágeis as supostas provas apresentadas à Justiça suíça pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que investiga o caso. Alegam que no pedido de extradição não há revelações concretas de que o dirigente cometeu os crimes.

    Cronologia José Maria Marin

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