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    'Ficamos muito preocupados com a saída de jogadores', diz goleiro Cássio

    CAMILA MATTOSO
    DE SÃO PAULO

    06/11/2015 02h00

    Enquanto o Corinthians tenta seu hexacampeonato brasileiro, Cássio vai em busca do seu quinto título com camisa alvinegra. Campeão do Mundial (2012), da Libertadores (2012), da Recopa (2013) e do Paulista (2013), o goleiro titular de Tite pode conquistar seu primeiro título nacional.

    Convocado por Dunga para a seleção, seu começo de ano não foi tão bom. À Folha, revela que sentiu a saída de atletas e se preocupou com o que ocorria fora de campo.

    Cássio acredita que a ausência de vaidade é o que faz desse o melhor grupo com o qual já trabalhou na vida.

    Sob a sombra do goleiro reserva Walter, conta que ligou para dar parabéns quando viu o amigo se sair bem no seu lugar.

    Folha - Sem o Tite, o Corinthians seria campeão?

    Cássio - Ele tem uma grande importância. O grupo é muito bom, sem vaidade. Mas por tudo que aconteceu, perda de jogadores importantes, o Tite foi fundamental em momentos difíceis e isso fez a diferença.

    Teve algum momento em que tenha ficado preocupado?

    Teve. Após a eliminação da Libertadores, a gente começou a perder jogadores que qualificavam a equipe, como Guerrero, Sheik, Fabio Santos. Isso nos deixou muito preocupados. Acabei me preocupando mais com o clube do que com o [desempenho] dentro de campo e não joguei como eu deveria, não correspondi ao que esperavam de mim. Meu rendimento acabou caindo.

    O que pensou?

    Um monte de coisas. Você vê jogadores saindo e a qualidade vai caindo. E quando começa a ir mal, há protesto. É um time de massa. A torcida apóia muito, mas cobra muito. Temia também que a gente não conseguisse se adaptar. Mas fomos nos ajustando e a regularidade voltou.

    Pensou em sair?

    Não, não pensei.

    É o melhor grupo em que você já trabalhou?

    Sim. Todos se dão bem, um se preocupa com o outro. Me considero um dos líderes e me preocupo muito com os meninos que estão no grupo. Quando cheguei, tinha gente que se preocupava comigo e hoje eu tenho que me preocupar com eles.

    Você já está na história do Corinthians?

    Esse negócio de ídolo, de ficar eternizado, vai acontecer quando eu sair do Corinthians. Acho que, se confirmar esse título, eu vou ser o goleiro titular do Corinthians que mais ganhou títulos.

    Qual foi o ano mais difícil da sua vida?

    Foi 2013, um ano em que eu me machuquei muito. Eu fui inconstante em alguns momentos. Ninguém quer saber se você não está 100%, às vezes você joga porque tu precisa jogar, porque o técnico pede para você jogar.

    Contam que você precisava operar o ombro esquerdo em 2013 e desistiu porque alguém disse que você tinha grandes chances de ir para Copa. É isso mesmo?

    Quase operei, mas, sobre a Copa, não. Eu via a chance [de seleção], sim, por ter tido um grande ano em 2012. Eu treinava uma vez, não podia treinar depois. Foi muito complicado. Me lembro de um jogo contra o Milionários (COL), em que senti muita dor e joguei mesmo assim. Naquela semana, decidiram que eu ia operar. Mas, por acaso, após aquele jogo, nunca mais senti nada. Nossos médicos ligaram para outros clubes para saber se conheciam lesão parecida. Era algo raro. Acreditei nos médicos e deu tudo certo, sem precisar operar.

    Ter goleiros bons na reserva fez você jogar no sacrifício?

    Não, sou bem tranquilo em relação a isso. Jamais eu vou prejudicar minha equipe por achar que eu tenho que jogar. Não faria isso. Já joguei 60%, ou menos, mas não por isso. Comigo não tem esse lance de vaidade, de pensar em jogar por medo de perder o meu lugar. Mas gosto muito de jogar (risos). Mesmo sendo campeão antecipadamente, eu quero jogar todas as partidas.

    Mas anima ter alguém bom no banco, não?

    Muito. Quando ele [Walter, goleiro reserva do Corinthians] entrou neste ano e foi muito bem, liguei para dar parabéns, contra o Vasco e o Atlético-MG. Se não tivesse ido bem, a gente não teria conquistado os seis pontos e não estaríamos aqui agora com essa vantagem.

    Como você explica o velho Tite (2010-2013) e o novo Tite?

    Ele trouxe coisas novas. O jeito dele, a intensidade, a pessoa franca, isso tudo é a mesma coisa. Ele fala cara a cara o que tem que falar.

    Das inovações trazidas pelo Tite, o que mais te impressionou?

    A gente trabalha muito com o pé. Não damos muitos chutões. Mesmo no tiro de meta. A gente tinha 23 ou 24 por jogo e agora são dois ou três. Tem jogo sem nenhum. Isso faz diferença, é um time mais técnico.

    Quem é o melhor do ano?

    Difícil... O melhor? Hum. Eu acho que está entre o Jadson e o Renato Augusto.

    Seria o "Renadson", então?

    É, isso (risos). Os dois fizeram um belo campeonato e foram muito regulares.

    Eles têm alguma rivalidade com isso?

    Nenhuma, nem brincando. Eles se dão super bem.

    Vocês fazem rodízio de capitães. Quem vai levantar a taça?

    O Tite vai decidir. Pelo histórico dos dois, acho que Ralf e Danilo têm uma longa história aqui e mereceriam muito levantar essa taça.

    Sem Andrés Sanchez [ex-presidente do Corinthians, atual superintendente de futebol], você não estaria aqui hoje?

    Ele até foi muito cobrado por isso no começo, foi difícil. Esperavam um grande goleiro, já conhecido, de seleção, e ele me trouxe [em 2012, quando Cássio estava no PSV e não era muito conhecido]. De repente cheguei. Vou ser eternamente grato por tudo que ele me fez. Vou respeitá-lo para o resto da vida.

    A seleção não tem um goleiro titular. Vê uma oportunidade aí?

    Eu estou muito feliz de ter sido convocado, fazia tempo que eu não ia e estou curtindo. Sobre ser titular, cabe ao professor decidir. Vou fazer o meu trabalho e tirar o maior proveito. Vou aproveitar o Taffarel [preparador de goleiros da seleção] lá, conversar muito com ele. Se vou ser titular ou não, não sei.

    RAIO-X

    Nascimento: 6.jun.1987 (28 anos), em Veranópolis (RS)

    Clubes: Grêmio, PSV (HOL), Sparta Roterdã (HOL) e Corinthians

    Principais títulos: Gaúcho (2006), Holandês (2007/2008), Libertadores e Mundial de clubes (2012), Paulista e Recopa Sul-Americana (2013)

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