Pedro Donizete, 53, nasceu perto da curva da Ferradura. Naquela época, sua família trabalhava em Interlagos e morava dentro do autódromo.

O funcionário público viu as transformações do circuito, os momentos memoráveis e os tristes. Mas guarda mesmo com carinho lembranças dos bastidores, como os dias de folga em que Ayrton Senna apareceria para brincar de aeromodelo. Donizete ajudava a manter jornalistas longe.

Assim como ele, pilotos também têm carinho especial por Interlagos, que foi a incubadora de muitos sonhos. Luciano Burti, piloto da Stock Car e comentarista da TV Globo, viu um GP "in loco" pela primeira vez em 1991, aos 16, quando nem andava de kart.

"O primeiro carro que vi sair dos boxes foi a Ferrari do Jean Alesi. Quando ouvi o motor, fiquei arrepiado. Ali caiu a ficha do que era a F-1", diz Burti, que dez anos depois virou companheiro de Alesi na Prost e, no ano seguinte, piloto de testes da Ferrari.

"Se me dissessem em 1991 que isso ia acontecer, eu diria que era coisa de maluco."

A reforma de Interlagos

Naquela época, o controle do acesso em Interlagos não era tão severo. Bia Figueiredo, piloto da Stock Car, lembra do dia em que "invadiu" os boxes. Tinha 15 anos.

"Pulei várias cercas e convenci uns 30 seguranças. Quando finalmente cheguei, foi mágico. Peguei a minha maquininha fotográfica e pedi foto com vários deles", diz Bia, que já subiu quatro vezes ao pódio em Interlagos.

Nelson Piquet Jr. cultiva uma memória familiar. Em 2006, com o pai, ganhou as Mil Milhas. "Foi muito especial pois acredito ter sido a última corrida da carreira dele."

Já alguns torcedores guardam situações inusitadas. Como Antônio Tigre, 53, que vai a Interlagos para o GP Brasil desde 1990. Em 94, refugiou-se em um banheiro para ver Ayrton Senna dando voltas sozinho nos treinos debaixo de forte chuva. "Foi bizarro."

Cronologia de Interlagos