A exoneração de Ricardo Leyser do cargo de secretário-executivo do Ministério do Esporte, nesta terça-feira (17), não significou a saída dele da pasta.

A Folha apurou que Leyser já aceitou continuar como o principal elo entre o governo federal e a organização dos Jogos Olímpicos do Rio-2016, sob certas condições, e voltará a ser o secretário de alto rendimento do ministério. O ministério confirmou a mudança no início da noite desta quarta (veja nota abaixo).

Desde que soube que deixaria o cargo no ministério, na manhã de terça, o ex-secretário tem se reunido com governistas para discutir a permanência. A repercussão de sua exoneração pegou de surpresa e desagradou algumas entidades esportivas do país.

Presidente do PRB, Marcos Pereira afirmou na tarde desta terça à Folha que, se dependesse da sigla (que controla a pasta atualmente), Leyser continuaria como uma liderança do governo no comando de diversos projetos olímpicos. O cargo oferecido é o de secretário de alto rendimento, que ele já exerceu.

"Ele já aceitou ficar no alto rendimento há um mês e pouco atrás. Então, não tem problema nenhum, nós queremos que ele fique. Só foi proposta a mudança porque ele disse que aceitaria", disse o presidente do PRB à Folha.

A afirmação do político contrasta com relatos de que Leyser teria ficado surpreso com a exoneração, assinada na sexta-feira pela presidente Dilma Rousseff, tanto que ele esteve no GP Brasil de F-1, no final de semana, com o ministro George Hilton.

CONDIÇÕES

Nas conversas, inclusive com o ministro Hilton, Leyser impôs certas condições para voltar ao cargo que exerceu de 2009 a janeiro deste ano. Entre elas, liberdade de ação e poder para se concentrar nos temas olímpicos.

"Ele, ontem [terça], conversou com o ministro e disse que iria dar uma resposta. Acho que ele vai aceitar, porque foi conversado previamente. A gente entende que ele é importante para finalizar esse processo da Olimpíada", explicou Marcos Pereira.

Atualmente, o cargo de secretário de alto rendimento na pasta é exercido por Carlos Geraldo Santana de Oliveira, presidente do PBR pernambucano.

Na vaga de secretário-executivo no ministério entrará Marcos Jorge de Lima, 36, presidente do PRB em Roraima.

"A motivação da troca é que ele [Leyser] estava sobrecarregado e não dava conta da gestão do Ministério e da Olimpíada, é muita coisa para ele. No alto rendimento ele ficaria focado exclusivamente na gestão da Olimpíada", concluiu o presidente do PRB.

Leyser, com forte ligação ao PCdoB, liderava ações importantes para a Rio-2016, como os programas Bolsa Pódio e Bolsa-Atleta. Ele exerceu várias funções no ministério desde que ingressou em 2003. Procurado pela Folha, não comentou o assunto até o momento.

NOTA DO MINISTÉRIO DO ESPORTE

Para concentrar esforços administrativos com vistas à preparação brasileira rumo aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, o ministro de Estado do Esporte, George Hilton, promoveu uma reforma na pasta.

A partir da próxima segunda-feira (23.11), o administrador Marcos Jorge de Lima assume a Secretaria Executiva no lugar de Ricardo Leyser, que passa a responder pela Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento.

Carlos Geraldo Santana deixa a Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento e passa a responder pela Secretaria Nacional de Esporte, Lazer, Educação e Inclusão Social.

Evandro Garla, que deixa a Secretaria Nacional de Esporte, Lazer, Educação e Inclusão Social, passa a assessorar diretamente o gabinete do ministro.

Com a nova configuração, o ministro considera que o projeto olímpico brasileiro entra na melhor configuração para a reta final de preparação.