Neste Brasileiro o Corinthians não teve um só capitão, teve muitos. Mas só Ralf, 31, terá o orgulho de ser o primeiro a levantar a taça de campeão brasileiro na frente de cerca de 40 mil torcedores.

Por todos os serviços prestados ao clube, recheados com pacotes de humildade e de muita raça, ele acabou sendo o escolhido por Tite para entrar com a faixa de capitão no jogo deste domingo (22), às 17h, contra o São Paulo, na Arena Corinthians.

Após a partida, a CBF entregará a taça do hexacampeonato, conquistada em São Januário, na quinta (19). A decisão foi anunciada logo após o empate com o Vasco, e é vista com merecimento por todos os outros companheiros.

"Erguer a taça vai ser um gesto muito especial", disse o volante após saber do "presente" do técnico corintiano.

SOFREDOR NATO

No início de carreira, Ralf deixava sua casa na periferia de São Paulo quase todos os dias da semana para ir aos treinos, em Taboão da Serra.

Quando não conseguia carona, usava o transporte público para manter vivo o sonho de virar jogador de futebol. Uma infância pobre, como a de muitos de seus companheiros de profissão e dos amigos que fez nos já quase quinze anos de carreira.

Ralf chegou às categorias de base do São Paulo, mas só teve sua primeira chance no futebol profissional no Imperatriz, do Maranhão.

Após passar por diversos clubes pequenos de São Paulo, conseguiu sua primeira oportunidade em uma equipe de ponta em 2010, quando aportou no Corinthians após fazer boa campanha no Brasileiro pelo Grêmio Barueri.

A partir de então, o volante começou uma nova vida. Não precisou nunca mais de um trem nem tampouco de garantir um lugar no carro de colegas para chegar aos treinamentos. Este não é, no entanto, o maior motivo de orgulho para o meio-campista.

Em seu sexto ano com a camisa do Corinthians, ele ganhou o coração da Fiel.

Na quinta, conquistou o hexacampeonato brasileiro do Corinthians, mas também um hexa particular.

Foi o sexto título do volante com a camisa alvinegra, o que o tornou o jogador do atual elenco que mais amealhou títulos como titular pela equipe do Parque São Jorge —Danilo chegou ao mesmo número, mas foi reserva ao longo desta temporada.

Em sua história no clube alvinegro, arrebatou o Paulista de 2013, o Brasileiro de 2011 e de 2015, a Libertadores e o Mundial de 2012 e a Recopa Sul-Americana de 2013.

Já são mais de 350 jogos pelo Corinthians, o que lhe confere um lugar na lista dos 20 atletas que mais vezes jogaram com a camisa alvinegra.

RENOVAÇÃO

Apesar de já ter recebido o carinho da massa corintiana, Ralf não sabe se permanecerá para lutar por mais um título da Libertadores.

Em meio às negociações conturbadas com o clube, com direito até mesmo a ação na Justiça e troca de recados entre seus representantes e os dirigentes da cúpula alvinegra, ele não tem a garantia de que terá seu contrato renovado para 2016.

O acordo atual termina em dezembro, apesar de o clube querer que ele permaneça.

"Se continuar com o pedido que está, não vai ficar no Corinthians", avisou Andres Sanchez, superintende de futebol do clube, após a "decisão" em São Januário.

"Não sei o que é pedir muito. Vamos continuar negociando", respondeu Ralf.

Está não é a despedida que o volante espera.

Enquanto o imbróglio não se desfaz, os torcedores mantêm as esperanças de que o capitão do hexa permaneça no clube. Inclusive, criaram uma campanha nas redes sociais para apoiar a renovação com a hashtag #renovaralf.