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    Tite diz que Copa é 'sonho' e lamenta dificuldade para perdoar as pessoas

    CAMILA MATTOSO
    DE SÃO PAULO

    27/11/2015 02h00

    Perto de completar um ano como técnico do Corinthians em sua terceira passagem, Adenor Bachi, o Tite, já deu mais de 120 entrevistas ao longo de 2015.

    Após o título do Brasileiro, o treinador gaúcho de 54 anos recebeu a Folha, mas desta vez foi convidado para um jogo, um desafio jornalístico.

    As regras eram simples: perguntas rápidas para respostas curtas. Ele tinha 15 segundos para responder a cada uma delas, com direito a pular três questões.

    Tite entrou no jogo.

    Respeitou o limite de tempo, com exceção de quatro momentos: ao falar sobre a mulher, Rosmari; o momento mais marcante do ano; o ex-jogador Zico; e o filme "Um Domingo Qualquer", com o ator Al Pacino.

    Só pediu para pular um tema, "uma loucura". Mas retomou o assunto no final.

    *

    Campeonato Brasileiro

    Uma realização. Beleza, vitória e encanto.

    2015

    [Me marcaram o título] do Brasileiro com o futebol apresentado no Paulista e na Libertadores.

    2014 [Aguardando convite para comandar a seleção brasileira, tirou ano sabático para se aprimorar]

    Aprendizado. Inquietude do saber.

    2013 [Foi campeão paulista e fez boa campanha na fase de grupos da Libertadores, mas não conseguiu classificação para o torneio continental no Brasileiro]

    Primeiro semestre lindo. No segundo, não encontrava solução.

    2012 [Conquistou a Libertadores e o Mundial de Clubes, ambos no comando do Corinthians]

    O clímax, o máximo que um profissional pode atingir.

    2016

    Não sei. Mais forte, modificado. Tomara que para melhor.

    Seleção brasileira

    Torço.

    Marco Polo Del Nero [Presidente da CBF é investigado por suspeita de participação em esquema de corrupção no futebol]

    Não falo.

    José Maria Marin [Ex-presidente da CBF, está em prisão domiciliar nos EUA e também é acusado de participação no esquema]

    Não falo. Tenho opinião sobre os dois, mas não falo.

    Dinheiro

    Secundário. Importante, mas não é o principal. Realização profissional vem antes.

    Família

    Base. Sustentação. Amor.

    Vestiário

    Sagrado. Respeito. Sensibilidade.

    Religião

    Católico, e Deus é Deus de todos.

    [Esquema tático] 4-1-4-1

    [Risos] Ainda bem que eu parei em 2014 para estudar. Ele é agressivo, criativo. Claro que você precisa das peças também. Estou com sorriso de orelha a orelha.

    [Esquema tático] 4-2-3-1

    Passou o momento. Bom, mas de lado.

    [Esquema tático] 4-2-4

    Desequilíbrio.

    Carlo Ancelotti [ex-técnico do Real Madrid, atualmente sem clube]

    Meu exemplo de perfil de liderança. Mais discreto. Colocando equipe e trabalho na frente do seu lado pessoal. Não é estrela. Faz parte do conjunto.

    José Mourinho [técnico do Chelsea]

    Estrela.

    Carlos Bianchi [técnico argentino, atualmente sem clube]

    Aprendizado e sabedoria.

    Josep Guardiola [ex-técnico do Barcelona, atualmente no Bayern de Munique]

    Estrela também.

    Jurgen Klopp [ex-técnico do Borussia Dortmund, atualmente no Liverpool]

    Gosto do perfil e do estilo. Ele tem a sutileza de parecer estrela, mas com autenticidade.

    Dunga

    Grande profissional.

    Felipão

    Campeão do Mundo. Respeita-se sempre.

    Mano Menezes

    Grande profissional.

    7 a 1

    Muito batido. Falta de criatividade nas análises. Muito mais importante é encontrar uma forma de ser do que avaliar o resultado.

    6 a 1

    Atípico, circunstancial.

    Uma frustração

    (Silêncio de alguns segundos) O demorar em te responder mostra que eu tenho muito mais alegrias do que coisas a lamentar. A saída do Juventude [Tite treinou o clube gaúcho em 1997, mas não obteve sucesso]. Meu pai torcia e se identificava. Eu não consegui ficar e eu acho que ele queria que eu tivesse ficado mais tempo.

    Uma decepção

    Pedidos de trocas de favores. Propostas de desonestidade que eu tive ao longo da carreira.

    Uma alegria

    A forma com que as conquistas dos títulos aconteceram. E a minha família perto.

    Libertadores

    Encanto.

    Liga dos Campeões

    A visibilidade maior. Não com grau de dificuldade menor do que o que nós encontramos na Libertadores.

    Mundial

    O trabalho mais de marketing. A visibilidade que dá.

    Copa do Mundo

    Os melhores. Excelência. Emoção. Qualidade. Um sonho.

    Europa

    Comparações injustas em termos de futebol. Por serem realidades diferentes.

    Andrés Sanchez [ex-presidente do Corinthians; atualmente é superintendente de futebol do clube]

    Gratidão.

    Mario Gobbi [ex-presidente do Corinthians]

    Respeito.

    Roberto de Andrade [Roberto de Andrade]

    Lealdade, amizade, cumplicidade, troca de alegrias. Passou três anos e meio comandando o futebol. Agora, como presidente também foi determinante no meu retorno.

    Alberto Dualib [ex-presidente do Corinthians]

    Respeito grande. Carinho. Foi o primeiro presidente com quem eu estive e me abriu as portas no Corinthians.

    Arena Corinthians

    Ferve, pulsa. Treme. Amedronta a quem não conhece e a quem conhece também. Adrenalina.

    Pacaembu

    Emoção e saudades.

    Ronaldo fenômeno

    Gratidão, admiração. E desejo de ter trabalhado com ele mais "fininho" um pouco.

    Jadson

    Luz, talento, criatividade. Inusitado. Visão 3D.

    Renato Augusto

    [Risadas] Todos esses mesmos adjetivos. Para os dois, dividido. Os mesmos atributos [risadas]. Um mais passador, o outro mais da jogada individual, do um contra um, que é o Renato Augusto. Essa é a diferença de um para o outro.

    Um jogo

    Difícil e decisivo: Joinville, lá [o Corinthians vivia seu pior momento no Brasileiro, com duas derrotas seguidas, e conseguiu vencer por 1 a 0]. Apresentação sublime: contra o Santos, 2 a 0 [o time teve boa atuação em clássico decisivo para o Brasileiro-2015 e venceu o rival pela primeira vez na temporada].

    Um momento do ano

    Quando João Marcos veio visitar a gente em um jogo. É um rapaz com uma doença [esclerose lateral amiotrófica] e foi nos assistir da cama dele de hospital. O sonho dele era assistir ao Corinthians. Eu recebi dele um terço, que guardo comigo. Ele não fala, mas fala com os olhos. O doutor que estava com ele disse que ele ora por mim a cada vez que eu estou no banco.

    Uma pessoa

    Minha esposa. É amor, cumplicidade e parceria. Um dia, ela me mostrou uma figura emblemática. Me trouxe uma foto com dois velhinhos, e o velhinho está emburrado. Ela disse assim: 'É assim que nós dois vamos ficar'. Mas ele estava segurando o guarda-chuva para os dois. E ela disse: 'A gente vai estar brigado, assim, mas vai estar junto'. Falou rindo.

    Um ano

    Dois anos, quando meus filhos nasceram [Matheus em 1988 e Gabriele em 1994].

    Um jogador

    Não dá. Vou pular essa. Seria um de cada clube. Pula, pula... Calma aí, vou responder. Um jogador é o Zico, fundamental na educação do meu filho. Um dia, ele chegou e falou: "Pai, fulano é meu ídolo". Eu disse a ele: "Filho, ídolo é uma coisa, craque é outra, ele não é exemplo fora de campo. Zico é exemplo". Ele me ajudou a educar meu filho. Não vou falar de quem meu filho estava falando.

    Uma frase

    Inquietude do saber e merecimento.

    Uma mágoa

    Eu queria modificar em mim a questão de demorar muito para desculpar as pessoas. É um defeito que eu tenho.

    Uma loucura

    Tem muitas, mas não posso falar [risadas]. Pulo.

    Uma bronca

    Em Pato, depois do pênalti contra o Grêmio [Atacante perdeu pênalti decisivo das quartas de final da Copa do Brasil de 2013, contra o Grêmio, após fazer cobrança com cavadinha. Corinthians acabou sendo eliminado]

    Desculpado?

    Foi circunstancial. Ele sabe disso. Depois, amadureceu e cresceu.

    Uma preleção

    Antes do jogo contra o Chelsea [na final do Mundial, no Japão]. Foi uma reunião, não preleção. Lutei minha vida toda para chegar àquele momento e ninguém vai me dizer que não posso chegar. Falei isso, mas com outro tom de voz e outro semblante.

    Um livro

    O último que eu estou lendo. A biografia do Ancelotti, "Sencillez Ganadora" [Simplicidade Vencedora, em espanhol].

    Um filme

    "Um Domingo Qualquer", com Al Pacino. Quem não viu tem que ver. Ele dá uma palestra no vestiário, que é impressionante. Existem princípios de superação. É um momento iluminado do Al Pacino. Ele reproduz exatamente o que é o esporte.

    Caipirinha

    Com vodca, porque com cachaça é muito forte [risadas]. E com limão.

    Vinho

    Apesar de ser descendente de italiano, eu digo que sou meio fajuto. Não gosto muito de vinho, não gosto muito de massa. Eu sou do arroz feijão e da caipirinha.

    Chope

    Para contrabalançar depois da caipirinha.

    Água

    No dia seguinte [risadas], para controlar o peso.

    Uma satisfação ao recuperar um jogador

    Não só recuperação. Mas o crescimento, a afirmação, o ressurgimento. O Rodriguinho, como ressurgimento. Renato e Jadson como afirmações. Surgimento e afirmação de Arana e Malcom. Retomada de Malcom. Love, recuperação física e técnica. Felipe, crescimento impressionante. Gil agregou qualidade técnica com concentração. Fagner impressiona.

    Só pulou a loucura...

    Deixa essa loucura a critério de quem está lendo. Toda essa loucura que você leitor está pensando, eu tenho também.

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