• Esporte

    Tuesday, 07-May-2024 16:03:08 -03

    Mais importante na Williams foi voltar a ter respeito da equipe, diz Massa

    DE SÃO PAULO

    29/11/2015 02h00

    A segunda parte do Mundial de F-1 de 2015 não foi como Felipe Massa esperava. Após um bom começo de ano, perdeu pontos importantes e caiu da quarta para a sexta posição no campeonato. Ainda assim, o balanço que faz de sua segunda temporada pela Williams é positivo.

    Prestes a disputar neste domingo o GP de Abu Dhabi, às 11h (de Brasília), seu 38º pela equipe, afirma que encontrou no time o respeito que não tinha na Ferrari.

    Em entrevista à Folha, diz que a chegada de Fernando Alonso em 2010 foi prejudicial para ele e a Ferrari. "Ele era uma peça importante que precisava ser trocada e foi. Acho até que demorou um pouco para isso acontecer."

    Aos 34 anos, com contrato com a Williams por mais um, Massa diz que não se vê por muito mais tempo na F-1, mas que ainda é cedo para saber o que fará. "Imagino que vou continuar correndo."

    *

    Que balanço faz deste ano?

    Foi uma temporada boa, não fantástica. Tivemos resultados maravilhosos, mas outros que fiquei desapontado. Na segunda parte do ano os resultados não foram tão bons quanto no ano passado. A primeira parte sim, foi bem constante, com nossos dois carros. Na segunda parte perdemos muitos pontos em corridas como Cingapura, EUA, Brasil. A segunda parte do ano não foi como eu imaginava que poderia ter sido. Acho que foi um ano bom, mas não termino 100% realizado. Espero fazer um 2016 melhor.

    Precisa de uma segunda colocação em Adu Dhabi para fazer mais pontos que no ano passado, mas ainda assim sensação é de que teve ano melhor. Por que?

    No ano passado a primeira parte foi muito ruim, acho que demorou um pouco para as pessoas começarem a falar bem e verem meus resultados. Neste ano primeira parte foi muito boa e as pessoas falaram menos. A diferença de pontos talvez não seja o melhor exemplo, mesmo porque no ano passado a gente teve pontuação dupla aqui em Abu Dhabi. Poderia ter feito mais pontos neste ano.

    Está em seu segundo ano na WIlliams. Qual foi a maior diferença que sentiu ao mudar de time?

    Sempre fui um cara que trabalhou muito para a equipe. Sempre estou na fábrica, no simulador, em reuniões. Sempre estou dando minhas ideias, sempre fui um cara muito trabalhador. Até comparando com meus companheiros de equipe eu sempre trabalhei mais. Mais que o Kimi [Raikkonen], mais que o [Fernando] Alonso. Talvez o Valtteri [Bottas] seja o que mais se aproxima de mim neste sentido. Acho que o que mais me deu tranquilidade foi o respeito que consegui na Williams. Isso é o mais importante.

    Teve medo de trocar o certo pelo incerto ao sair da Ferrari?

    Tive. Tá certo que naquele momento já não era mais totalmente certo. Pelos resultados, pela equipe. Naquele momento a Ferrari não estava muito bem organizada e muita coisa estava acontecendo lá dentro. Acabei perdendo o respeito que tinha na equipe, tinha muita política lá dentro e muitas coisas acontecendo de uma maneira não correta. Vimos que muita gente saiu do time depois que eu saí, muita gente foi mandada embora, muita coisa aconteceu e funcionou. Eu não estava com medo de trocar porque acho que era a hora. Para mim o fundamental é que troquei pela equipe certa e fiquei muito feliz por isso.

    A chegada do Alonso na Ferrari teve papel importante nessa crise na equipe e na queda do seu desempenho?

    Sim, sem dúvida. Demais. Muito.

    Então não acha que foi coincidência a melhora do time agora que ele saiu

    Não. Era uma peça importante que precisava ser trocada e foi. Depois de mim, mas foi. Acho que acabou demorando um pouco para isso acontecer. Não só ele como outras coisas erradas que estavam acontecendo lá dentro.

    Se soubesse que a mudança te faria tão bem, teria saído antes?

    Teria. Não sei se teria achado a equipe certa para correr naquele momento, mas teria sim.

    Qual dos seus companheiros foi o que mais te deu trabalho?

    O Alonso, sem dúvida. Foi o companheiro de equipe que me fez sofrer mais não só pelo trabalho dentro da pista, mas também na equipe. Ele tem um poder incrível de trazer a equipe para ele e é muito difícil para o companheiro não se prejudicar.

    E qual foi o melhor?

    Nunca tive problema com nenhum. O [Michael] Schumacher também tinha a equipe para ele, mas na posição que eu estava naquela época era bacana trabalhar com ele, aprendi muito. O Kimi não trabalha muito bem em equipe, mas é um cara que te respeita e a política não existe. Isso funcionou bem na nossa parceria. Não tenho problemas também com o Valtteri e não existe política entre a gente.

    Você nunca teve problema em dizer que procurou ajuda de um psicólogo em 2012. Ainda conta com esse apoio?

    Não. Eu precisava naquele momento porque não estava bem comigo mesmo, com meus resultados. Eu trabalhava para a equipe mais famosa do mundo, tinha o trabalho que todo mundo sonharia em ter. Lado financeiro estava bem, como piloto de F-1 correr pela Ferrari é tudo, mas não estava feliz. Precisa trabalhar minha cabeça para voltar a ser feliz. E hoje eu sou um cara feliz. Não tenho nenhum problema que tinha naquela época. Eu precisava me encontrar de novo.

    Disse recentemente que não se vê na F-1 por muito mais tempo. Consegue imaginar quanto tempo isso significa?

    Ainda não. Preciso ver o ano que vem como vai ser e aí sim começar a pensar nisso. Temos que olhar meus resultados e as oportunidades para o meu futuro. Se eu tiver uma chance decente, o que não significa correr pela melhor equipe ou parar, mas se eu puder estar num time profissional, que precisa da minha ajuda, que me queira, vou continuar. Se não, vou parar.

    Tem ideia do que gostaria de fazer, se gostaria de continuar frequentando o paddock?

    Eu gosto do paddock, tenho uma relação boa com muita gente aqui e não teria problema em continuar vindo. Tenho carinho grande pela F-1 e tudo que consegui na minha vida foi graças a este paddock e não seria certo sumir. Devo continuar correndo, talvez WEC, ou até a F-E, que hoje não tem carro um muito atraente, mas que pode crescer. O importante é ser feliz e se sentir confortável e não vejo porque não continuar vindo ao paddock.

    Mesmo porque seu filho, o Felipinho, já está namorando os karts
    Ainda é cedo. Se ele tiver um talento para isso posso ajudar. Mas o mais importante é que quero ser o pai dele. Não quero ser empresário, nada dessas coisas. Meu pais sempre foi meu pai e é isso que quero fazer com meu filho. Mas ele tem que decidir se quer ser piloto. Mas é cedo demais para isso ainda.

    Edição impressa
    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024