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    Dudu e Gabriel tentam redenção na final da Copa do Brasil

    GUILHERME SETO
    DE SÃO PAULO

    02/12/2015 02h00

    Palmeiras e Santos se encontram nesta quarta (2) na decisão da Copa do Brasil com dois fardos recentes e semelhantes. E dois jogadores representam bem os caminhos recentes de suas agremiações.

    Dudu, 23, do Palmeiras, carrega a esperança dos gols que o time precisa para conquistar o título –a derrota por 1 a 0 na Vila Belmiro deu a vantagem do empate para o Santos.

    Assim como a equipe que o abriga, quase rebaixada em 2014 (quando foi "ajudada" pelo Santos, que bateu o Vitória e assegurou a permanência do Palmeiras na Série A), ele tenta superar falhas exibidas em um passado próximo. Na decisão do Paulista, em maio deste ano, Dudu perdeu pênalti, foi expulso por empurrar o juiz e viu a taça ficar com o mesmo rival desta quarta.

    "Não é por ser contra o Santos. Isso acontece pelas circunstâncias da partida. Já conversamos sobre isso e teremos mais controle em jogos decisivos", explica à Folha o atacante sobre sua irritação e a dos companheiros em confrontos com o time da Baixada.

    De certo modo, essa tensão contrasta com as mensagens que Dudu traz no corpo. Suas tatuagens exibem valores que, segundo ele, regem sua vida: dignidade, fé, e, especialmente, felicidade: "Nada está errado se te faz feliz", diz a mensagem que coroa seu peitoral.

    Abaixo, na íntegra, ocupando quase toda frente do seu seu torso, a letra de uma música do grupo de pagode Balacobaco, que confirma que "Deus só dá felicidade a quem merece":

    "De onde eu venho todo mundo sabe como é
    Aonde eu moro todo mundo me conhece
    Sei que é preciso caminhar com muita fé
    Pois Deus só dá felicidade a quem merece

    Quem vem de lá sabe um pouco do que eu já passei
    Do que eu já passei
    Quem é de lá dá seus passos conforme as leis
    As leis de lá

    Dignidade
    Ter lealdade
    Coisas que o pai me ensinou
    Ser bom parceiro, ser companheiro
    Coisas que o pai me ensinou

    Quem mora lá já sabe como é
    Já tá ligado no meu proceder
    Sou de remar de acordo com a maré
    Se o bicho pega, não sou de correr
    Tô preparado para o que vier

    Falo o que penso, doa a quem doer
    Eu sou guerreiro e guerreiro tem fé
    Seu eu planto o bem, o mal não vou colher."

    O que, afinal, Dudu e Palmeiras precisam fazer para que mereçam? "Tem que ter alma!", enfatiza ele, que avalia sua temporada de modo positivo. "Foi um ano de evolução. Tive altos e baixos, mas é preciso levar em conta que foi meu primeiro ano no clube."

    "Não podemos vacilar atrás e criar mais na frente. Eu gosto desse tipo de jogo. Cada jogador se comporta de uma forma, mas a decisão mexe demais comigo. Quero entrar em campo logo e dar o meu melhor para que o Palmeiras consiga reverter essa vantagem do Santos", diz sobre a estratégia para levar o título.

    No Santos, Gabriel Barbosa, conhecido como Gabigol, 19, também vê nesta final uma chance de redenção.

    "Perseverança é a palavra que define o Gabriel. Teve treinador que passou pelo Santos que não reconheceu o grande jogador que ele está se tornando. Isso o deixou extremamente abatido", diz Modesto Roma Júnior, presidente do clube, sobre o garoto cuja multa rescisória atinge € 50 milhões, cerca de R$ 200 milhões.

    No final de 2014, Gabriel foi colocado no banco de reservas pelo técnico Enderson Moreira, que se incomodava com o que considerava "estrelismo" do atleta. Somente com a chegada de Dorival Júnior, em julho deste ano, o atacante reencontrou seu futebol.

    "Alguns têm espírito de porco, enquanto o Dorival tem espírito de peixe", diz Roma Júnior, brincando com as mascotes de Palmeiras e Santos.

    No começo do ano, o alto valor da multa faria brilhar os olhos dos santistas exasperados com a crise do clube, que tinha dívidas até com floricultura. À época, linhas de telefone chegaram a ser cortadas.

    Aos poucos, o clube retomou a estabilidade financeira. Em julho, pôde recusar proposta de € 20 milhões feita pelo time turco do Fenerbahce.

    Artilheiro da Copa do Brasil com oito gols, Gabriel se tornou neste ano o maior goleador santista da competição, com 15 gols em três edições.

    Ricardo Saibun/Santos FC
    O atacante Gabriel Barbosa, do Santos
    O atacante Gabriel Barbosa, do Santos

    As marcas cada vez mais positivas e os cortes de cabelo extravagantes, que mudam com frequência, podem passar uma imagem de presunção.

    Seu técnico, porém, discorda veementemente.

    "Ele é obediente e muito educado", disse Dorival à reportagem em novembro.

    "É sério, muito educado, focado e comprometido com sua carreira", complementa Roma Júnior.

    "Muitos falam, poucos sabem", diz tatuagem no antebraço esquerdo de Gabriel, que não concedeu entrevistas nos dias que antecederam a final, assim como seus colegas do time do Santos.

    Passados os piores dias de cada um –Dudu e Gabriel, Palmeiras e Santos–, a redenção terá que escolher um lado nesta quarta-feira.

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