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    Corrupção no futebol

    Investigada pela Fifa, CBF banca confraternização com cartolas

     SÉRGIO RANGEL
    DO RIO

    03/12/2015 13h15

    Investigado pelo Comitê de Ética da Fifa, o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, vai dar uma demostração de força nesta sexta (4).

    No encontro, que será pago pela CBF, ele receberá o apoio da maioria dos presidentes de federações num almoço na sede da entidade.

    O convite foi feito na segunda com a justificativa de ser uma confraternização do cartola pelo final do ano com os dirigentes. 

    Apenas o presidente da Federação Catarinense de Futebol, Delfim Peixoto, não foi chamado. Crítico da administração Del Nero, ele é o primeiro na linha sucessória em caso de renúncia.

    Nesta quinta (3), o Comitê de Ética da Fifa anunciou que investiga o presidente da CBF.

    Antes, os presidente da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), Juan Angel Napout, e da Concacaf  (entidade que reúne os países das Américas do Norte e Central), Alfredo Hawit, foram presos na Suíça.

    "Estou aqui para fazer a confraternização com o presidente. Ainda não sabemos o que aconteceu direito na Suíça", disse o presidente da Federação Cearense de Futebol, Mauro Carmélio.

    Até a última eleição, as federações eram maioria no colégio eleitoral da CBF. Os outros votos eram dos 20 times da Série A.

    A partir da próxima eleição, os 20 clubes da Série B também votarão.

    O processo sigiloso contra Del Nero foi aberto no Comitê de Ética da Fifa no mês passado. A investigação é baseada em documentos enviados pelas autoridades brasileiras.

    A compra de duas coberturas no Rio por Del Nero no ano passado faz parte da documentação.

    O negócio foi revelado pela Folha em abril e é investigado pelo Ministério Público Federal, no Rio, e pela Receita Federal.

    Uma das coberturas, no valor de R$ 5,2 milhões, foi adquirida de uma empresa dos filhos do empresário Wagner Abrahão, antigo parceiro comercial da CBF e amigo do ex-presidente da entidade Ricardo Teixeira.

    Antes, em maio do ano passado, Del Nero registrou em cartório que comprou outro dúplex, no mesmo local, por R$ 1,6 milhão. Os imóveis tem cerca de 250 metros quadrados. 

    À época, Del Nero negou qualquer conflito ou irregularidade na transação. 

    "Me chama a atenção estes valores distintos para dois imóveis semelhantes no mesmo local. A apuração vai responder se quiseram burlar a Receita ou se houve alguma irregularidade", afirmou o procurador da República, Daniel Prazeres, ao abrir em junho um procedimento administrativo para apurar o caso.

    Na semana passada, Del Nero renunciou ao cargo de representante da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) no Comitê Executivo da Fifa.  

    Ele foi substituído por Fernando Sarney, que é um dos vices da CBF.

    Mesmo fora do Comitê Executivo da Fifa, Del Nero poderá ser banido do esporte pela entidade. 

    Desde maio, quando José Maria Marin foi preso na Suíça, o presidente da CBF não viaja para o exterior.

    Marin foi preso acusado de receber propina na venda de contratos de direitos de torneios realizados no Brasil e fora do país. 

    Del Nero foi o principal executivo da gestão de Marin, encerrada em abril.

    Os dois dirigentes são investigados também pelos senadores da CPI do Futebol.

    Na terça (2), os parlamentares quebraram o sigilo telefônico de Marin e Del Nero. Os senadores terão acesso as mensagens enviadas dos aparelhos da dupla, além de emails.  

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