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    Corrupção no futebol

    Teixeira cobrava propina para seleção ter 'melhores' em torneio, dizem EUA

    DE SÃO PAULO

    03/12/2015 19h24

    O Departamento de Justiça dos Estados Unidos acusa o ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) Ricardo Teixeira de ter recebido milhões de dólares de propina do empresário J Hawilla, dono da empresa Traffic e que ajuda nas investigações, para garantir que os melhores jogadores da seleção brasileira estivessem em campo na Copa América. O torneio era organizado pela Traffic.

    Segundo o documento que indicia Teixeira por lavagem de dinheiro e conspiração, esse pagamento de Hawilla a Teixeira aconteceu pelas Copa Américas de 2001 a 2011. Não há indicação sobre os valores dos pagamentos, e, segundo a Justiça norte-americana, o mesmo acordo foi feito com a AFA (Associação de Futebol da Argentina), na época comandada por Julio Grondona, morto em julho de 2014.

    A intenção do pagamento seria evitar que a Copa América, que na época era disputada a cada três anos, não quatro como atualmente, ficasse sem as principais estrelas, e os direitos comerciais fossem vendidos por um valor superior.

    Curiosamente, parece que o acordo não foi cumprido. Em 2004, a seleção brasileira jogou a Copa América do Peru com um time formado por atletas mais jovens e sem as principais estrelas, como Ronaldinho Gaúcho e Kaká.

    Teixeira, o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e o ex-presidente José Maria Marin são acusados de receberem propina do empresário argentino Alejandro Burzaco, da T&T, para venda dos direitos comerciais da Libertadores, principal torneio de futebol da América do Sul.

    Segundo os documentos, Del Nero e Teixeira recebiam propina de empresas que tinham acordos comerciais com a CBF e Conmebol e negociavam a Libertadores, Copa América e Copa do Brasil (torneio de clubes disputado por equipes brasileiras).

    Não é revelado o valor da propina que teriam recebido pela venda dos direitos da Libertadores.

    Para a Copa do Brasil, a acusação é de que o empresário J. Hawilla pagou R$ 2 milhões por ano a Teixeira, Marin e Del Nero para ter os direitos de explorar a competição.

    Em um dos trechos, é citado trecho de conversa entre Marin e Hawilla, já relatado em documento anterior, mas que desta vez revela que Marin pede dinheiro para ele e Del Nero.

    "Está na hora de vir na nossa direção. Verdade ou não?', pergunta Marin a Hawilla.

    "[Hawilla] concordou dizendo: "Claro, claro, claro. Esse dinheiro tinha de ser dado a você [ou vocês]'. Marin concordou: "É isso".

    O relatório também cita acordos de Ricardo Teixeira, que comandou a CBF entre 1989 e 2012, com a Traffic, por lavagem de dinheiro em acordo com empresa de material esportivo não nominada (a parceira da CBF desde 1995 é a Nike).

    Marin negou à Justiça dos EUA as acusações, e Del Nero disse que nada existe contra sua pessoa. Teixeira não foi encontrado para comentar o indiciamento.

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