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    Corrupção no futebol

    Del Nero consegue medida que reduz poder de vice que o ameaça

    SÉRGIO RANGEL
    DE DO RIO

    05/12/2015 02h00

    Um dia depois de se licenciar da presidência da CBF, Marco Polo Del Nero iniciou nesta sexta (4) uma costura política para barrar a posse do seu desafeto –o presidente da Federação Catarinense de Futebol, Delfim Peixoto– e fazer um novo sucessor.

    No início da tarde, ele convenceu a maioria dos presidentes de federações a votar na eleição de um novo vice representante da região Sudeste. A vaga foi deixada em aberto após José Maria Marin ser preso na Suíça em maio.

    O presidente da Federação Paraense de Futebol, Antônio Carlos Nunes, 77, foi o escolhido por Del Nero para concorrer no pleito do dia 16.

    A eleição convocada na sexta foi a brecha encontrada pelo presidente licenciado para tentar inviabilizar a posse de Peixoto, 74, em caso de renúncia de Del Nero.

    Vice da região Sul, Peixoto é opositor de Del Nero e o primeiro na linha sucessória. De acordo com o estatuto da CBF, o vice mais velho assume o poder em caso de renúncia.

    A convocação da eleição foi a primeira decisão do deputado federal Marcus Vicente (PP-ES), nomeado na quinta por Del Nero para ficar no comando da entidade durante a sua licença. Vicente é vice na região Centro-Oeste.

    "Não é nada contra o Delfim. Mas decidimos apoiar a candidatura do coronel Nunes. Somos uma família só e não podemos nos dividir numa hora dessa", afirmou o presidente da Federação do Mato Grosso do Sul, Francisco Cezário de Oliveira.

    Nesta quinta (3), Del Nero foi denunciado pela Justiça dos EUA. Ele é acusado de integrar esquema de propina nas entidades esportivas. O Comitê de Ética da Fifa também abriu investigação contra o cartola.

    Chamado de coronel Nunes no futebol, o cartola paraense comanda a federação local desde 1998 e é policial militar reformado.

    De acordo com a convocação da eleição, os 27 presidentes de federações e representantes dos 40 clubes da Série A e B do Brasileiro participarão do pleito.

    Para tentar barrar a posse de Delfim, o paraense terá que assumir a vice presidência do Sudeste. "Não tem problema", disse o dirigente.

    A CBF tem cinco cargos de vice, mas quatro estão ocupados com a saída de Marin. Além de Peixoto e Vicente, Gustavo Feijó e Fernando Sarney também integram a vice-presidência.

    Peixoto não comentou a decisão da CBF. Ele ficou em Santa Catarina e não participou do almoço, em que se discutiu a convocação.

    Na noite de quinta (dia 3), Peixoto recebeu uma homenagem da Assembleia Legislativa do seu Estado pela "defesa da democracia". O cartola catarinense foi preso e torturado nos anos 60 por integrar o antigo PCB (Partido Comunista Brasileiro).

    CONFRATERNIZAÇÃO

    Apesar das acusações nos EUA, Del Nero teve rotina normal na CBF. Foi o anfitrião de almoço de confraternização na sede da entidade no Rio.

    "O Marco Polo [Del Nero] estava feliz e bem tranquilo. Acredito nas palavras dele e na sua inocência", disse o presidente da Federação Sergipana de Futebol, José Carivaldo de Souza, 73, sendo 25 deles comandando a federação do seu Estado.

    Mesmo Del Nero mostrando tranquilidade, dirigentes ouvidos pela Folha acreditam que o cartola não vai mais conseguir retomar o poder.

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