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    Corrupção no futebol

    P&G confirma que deixou CBF após escândalos de corrupção

    DE SÃO PAULO

    08/12/2015 15h52

    A P&G confirmou que deixou a CBF após os escândalos de corrupção desvendados em maio deste ano, quando José Maria Marin, ex-presidente da entidade, foi preso na Suíça.

    A Folha revelou no último domingo a saída da patrocinadora, que foi a primeira a romper com a entidade após as notícias de esquemas ilícitos.

    Como mostrou a reportagem, a empresa rescindiu, em junho, o contrato com a confederação para a exibição da marca Gillette, depois de pouco mais de seis anos de parceria -o apoio começou em maio de 2009, para a Copa do Mundo da África do Sul, em 2010.

    Nesta quarta-feira, a P&G, que inicialmente não quis dar detalhes sobre o fim do acordo, confirmou o motivo da decisão.

    "A P&G Brasil informa que rescindiu o contrato com a Confederação Brasileira de Futebol e portanto não é mais patrocinadora da Seleção Brasileira desde junho de 2015. A decisão se baseia em cláusula do contrato que prevê a rescisão caso haja algum fato que possa oferecer riscos à preservação da imagem da companhia"

    A alta do dólar foi importante na decisão -o acordo previa pagamentos com base na moeda americana-, mas o envolvimento da CBF nos esquemas de propina revelados por uma investigação do Departamento de Justiça dos EUA foi determinante.

    Durante um período, a Gillette era a patrocinadora oficial da Brasil Global Tour, série de amistosos que a seleção faz ao redor do mundo. A partir de agosto de 2014, a Chevrolet, ocupou esse lugar.

    O apoio previa ajuda às seleções masculinas sub-17, sub-20 e sub-23 e à feminina.

    Procurada, a P&G disse que não poderia comentar os motivos do fim da parceria.

    A maioria dos demais patrocinadores da CBF também evita se pronunciar sobre os escândalos de corrupção que envolvem a entidade.

    A Folha procurou todas as empresas que têm contratos com a entidade ou que apoiaram a confederação de alguma forma nesta última temporada. Seis delas informaram que não iriam comentar. Outras disseram genericamente que repudiam qualquer ato ilícito e que valorizam a ética e a transparência.

    FIFA

    O comportamento é diferente do adotado pelas companhias que colocam dinheiro na Fifa.

    No início de outubro, Coca-Cola, Visa, McDonald's e Budweiser pediram pela primeira vez a saída da presidência da entidade de Joseph Blatter, também sob denúncias de irregularidades.

    Nesta semana, as empresas voltaram a pressionar a Fifa por mais transparência e pela retomada de seu compromisso com o desenvolvimento do futebol.

    Entre as empresas que a Folha contatou, Ambev (Guaraná Antarctica), Ultrafarma, General Motors (Chevrolet), Gol e Samsung responderam que não iriam comentar.

    O Itaú disse que "todas as medidas em prol da transparência e boas práticas de governança corporativa são fundamentais e serão sempre valorizadas pelo Itaú". "Tanto que o banco é signatário do Pacto pelo Esporte, iniciativa que prima justamente por tais valores entre entidades e patrocinadores", informou.

    A EF Englishtown afirmou "manter o respeito pela CBF que, conforme informado publicamente, está apoiando as investigações".

    "Dessa forma, a EF Englishtown reforça o seu compromisso ético de transparência e confiança perante seus parceiros e consumidores."

    A Vivo afirmou que "patrocina a seleção brasileira de futebol porque acredita no poder do esporte como forma de conexão e repudia qualquer comportamento ilícito e/ou que não esteja adequado aos valores e princípios de atuação da empresa".

    Já a Nike disse que "acredita em ética e fair play, tanto nos negócios como no esporte, e repudia fortemente toda e qualquer forma de manipulação ou propina". "Nós já estamos cooperando -e seguiremos cooperando- com as autoridades", afirmou.

    A Caixa, que patrocina indiretamente a CBF por meio de empresas de marketing esportivo, afirmou que não definiu a estratégia para 2016 e, portanto, não disse se seguirá apoiando campeonatos.

    Em 2015, patrocinou, entre outros, a Copa Verde, Copa do Nordeste, Goiano, Baiano e Séries B e C do Brasileiro.

    A Nike é a única parceira da CBF citada no escândalo de corrupção desvendado pela Justiça dos EUA. A empresa teria pago propina para assinar contrato com a CBF em 1996 -o acordo vai até 2026. O presidente da entidade era Ricardo Teixeira, denunciado pelos americanos na semana passada. O contrato também foi alvo de uma CPI no Brasil. A empresa e Teixeira negam ilegalidade.

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