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Esporte
Saturday, 04-May-2024 08:03:54 -03Pelé, Tite e Chico Buarque assinam manifesto por renúncia de Del Nero
SÉRGIO RANGEL
DO RIO15/12/2015 15h00 - Atualizado às 18h42
O movimento que pede a renúncia imediata de Marco Polo Del Nero da presidência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) conta com o apoio de mais de cem personalidades, incluindo técnicos, atletas, ex-atletas, artistas e jornalistas (veja lista abaixo).
Pelé, os técnicos Tite, Zico, Dorival Junior e Paulo Autuori e os ex-jogadores Rogério Ceni e Alex estão entre os que assinaram o documento batizado de "Manifesto por uma nova CBF". Entre os signatários, há ainda compositores, como Chico Buarque, cineastas, como Walter Salles e José Padilha, e apresentadores, como Faustão e Luciano Huck.
Entre os colunistas da Folha que assinam o manifesto estão Juca Kfouri, Tostão, Paulo Vinicius Coelho, Mariliz Pereira Jorge, Antonio Prata e Gregório Duvivier.
"Exigimos a renúncia definitiva de Marco Polo Del Nero e sua diretoria, seguida da convocação de eleições livres e democráticas para o comando da CBF, sem a atual cláusula de barreira, mecanismo que impede a aparição de posições independentes ao sistema vigente, pois exige oito assinaturas de federações e mais cinco de clubes para candidaturas", diz o texto.
O movimento foi organizado por jogadores que integram o Bom Senso FC, como Paulo André, e a ONG Atletas, que tem a ex-jogadora de vôlei Ana Moser e o ex-são-paulino Raí como diretores.
O ATO
Nesta terça-feira (15), um grupo de cerca de 50 pessoas leu o manifesto e pediu a renúncia de Del Nero, afastado da entidade desde o início do mês, após o FBI acusar o dirigente de fazer parte de um esquema de recebimento de propina na venda de direitos de competições no país e no exterior.
O ato começou às 15h, em frente à sede da CBF, no Rio de Janeiro.
"Isso tudo está nos envergonhando, não só no resultado, mas no aspecto ético e moral. Um país que quer viver uma realidade democrática não pode aceitar um sistema viciado. Queremos mudanças", afirmou Raí, ex-capitão da seleção brasileira, em frente ao portão da CBF, num calor de quase 40º C.
A manifestação contou com a participação dos ex-jogadores Alex, Djalminha, Carlos Alberto Santos, Afonsinho e do treinador Paulo Autuori.
"Queremos uma situação mais aberta, cristalina. Com esse sistema é muito complicado", disse Alex, que encerrou a carreira no ano passado.
"Fiz questão de viajar até o Rio para apoiar esse movimento. Sou estrangeiro e quero uma limpeza no futebol de nosso continente. Espero que tudo comece por aqui", disse o argentino Sorín, que é comentarista da ESPN e mora em São Paulo.
CRÍTICAS
Os manifestantes se recusaram a conversar com os dirigentes da confederação. Alex alegou que o Bom Senso FC se reuniu diversas vezes com os cartolas desde 2013, mas não teve suas reivindicações atendidas.
O movimento critica a eleição para a vice-presidência da entidade, inicialmente marcada para esta quarta (16), mas que está suspensa pela Justiça.
Segundo os integrantes, a escolha de Del Nero pelo nome do paraense Antonio Nunes, conhecido como coronel Nunes, que poderia sucedê-lo em uma eventual saída da CBF, é uma forma de manter a mesma estrutura de poder.
OUTRO LADO
O secretário-geral da CBF, Walter Feldman, afirmou que o conteúdo das reivindicações será estudado. Segundo ele, a entidade só tomou conhecimento das reivindicações após o ato desta terça.
"Qualquer manifestação deve ser vista como desejo de mudança. Vamos oferecer as respostas no momento oportuno", declarou.
Para o dirigente, o Bom Senso FC não reconheceu as mudanças que foram feitas pela atual diretoria da CBF por motivos políticos. "Eles têm estratégia diferente para a implementação das mudanças", disse Feldman.
Sobre as investigações do FBI e do Comitê de Ética da Fifa, Feldman defendeu o presidente licenciado.
"Não há nenhum elemento que comprove que o presidente Marco Polo esteja ligado à corrupção. Ele tem se pronunciado de maneira segura. Existe possibilidade real de ele não ter nenhum envolvimento. Há a possibilidade de ele voltar, sim", completou.
Nesta quarta (16), Del Nero vai depor na CPI do Futebol no Senado.
Leia a íntegra do texto:
Manifesto por uma nova CBF
Brasil, dezembro de 2015
A Confederação Brasileira de Futebol vive a maior crise de sua história.
Seus últimos três presidentes são réus em investigação policial internacional por fraude na CBF e na FIFA. José Maria Marin está preso desde maio, Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero estão indiciados pela Justiça dos EUA desde o dia 3 de dezembro.
Compreendemos que a sucessão determinada por um estatuto viciado, que foi arquitetado e aperfeiçoado para a manutenção do poder nas mãos dessa mesma linhagem, é ilegítima e imoral.
Exigimos a renúncia definitiva de Marco Polo Del Nero e sua diretoria, seguida da convocação de eleições livres e democráticas para o comando da CBF, sem a atual cláusula de barreira, mecanismo que impede a aparição de posições independentes ao sistema vigente, pois exige oito assinaturas de federações e mais cinco de clubes para candidaturas.
A crise de corrupção é a face mais visível de um profundo problema estrutural, que travou o desenvolvimento do futebol brasileiro em todas as suas dimensões.
Conclamamos a Procuradoria Geral da República, a Polícia Federal e a Receita Federal a não deixar impunes quem corrompeu ou quer continuar a corromper o futebol pentacampeão mundial.
Aos clubes e federações, pedimos que se paute e vote a alteração de pontos estatutários necessários para a democratização e desenvolvimento de nossa maior paixão, inexorável e sem volta.
De nossa parte, signatários deste manifesto, acreditamos que, caso as mudanças sejam iniciadas, os novos mandatários da CBF, juntamente com os muitos personagens capacitados e honrados da comunidade do futebol saberão criar as condições para a reconstrução da credibilidade, confiança e retomada do protagonismo esportivo do futebol brasileiro, de seus jogadores, da alegria do jogo e, principalmente, dos torcedores.
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