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    Corrupção no futebol

    Del Nero admite que não deixa o Brasil por orientação de advogados

    DE SÃO PAULO

    16/12/2015 16h28 - Atualizado às 18h11

    Em depoimento à CPI do Futebol do Senado na tarde desta quarta-feira (16), o presidente licenciado da CBF, Marco Polo Del Nero, admitiu que não deixa o Brasil, desde o fim de maio, porque recebeu orientações para isso.

    "Meus advogados me aconselharam a não deixar o país", disse. Del Nero reafirmou que não foi por medo que voltou da Suíça para o Brasil após a prisão de José Maria Marin, também em maio: "Eu queria estar no Brasil para cuidar da confederação".

    Ele disse diante da CPI que é inocente das acusações feitas pelo Departamento de Justiça dos EUA. No último dia 3, o órgão acusou formalmente o brasileiro de corrupção, formação de quadrilha e enriquecimento ilícito. Ele também é investigado pelo Comitê de Ética da Fifa.

    O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedirá para a Justiça americana provas das acusações contra Del Nero e o ex-presidente da entidade, Ricardo Teixeira.

    "Nenhum dos procedimentos feitos me deu ciência do que fui acusado. Eles servirão apenas para comprovar a correção das minhas condutas. Não estou envolvido em nada", disse.

    O presidente da CPI, Romário (PSB-RJ), perguntou diretamente a Del Nero se ele é corrupto. "Eu não sou corrupto", foi a resposta.

    Durante a maior parte do depoimento, Del Nero tenta se descolar da gestão de Marin, que presidiu a CBF entre março de 2012 e abril de 2015, e de quem foi vice durante todo esse período.

    "Eu, como vice, via vários contratos da CBF, mas não todos. Vice é vice, vice não manda", declarou.

    O presidente licenciado, porém, evitou acusar Marin, atualmente em prisão domiciliar nos EUA. "Ele não está condenado. Temos que esperar o trânsito em julgado".

    ROMÁRIO

    Romário disse em duas oportunidades que Del Nero mentia. Primeiro sobre um empréstimo que o cartola teria recebido de um amigo, entre R$ 600 e R$ 700 mil.

    Del Nero disse que a movimentação consta em seu imposto de renda, e Romário negou –a CPI teve acesso ao sigilo fiscal do investigado.

    No segundo momento, Del Nero afirmou que nunca assinou contratos da Conmebol para a venda de direitos comerciais de competições da América do Sul. O dirigente é acusado de receber propina do empresário argentino Alejandro Bruzaco, da empresa TyC, na venda dos direitos da Libertadores.

    "Me encontrei três vezes com esse senhor, mas nunca assinei contrato algum de torneio da Conmebol. Quem assina é o presidente da entidade", disse Del Nero.

    Romário afirmou possuir documento que mostra que Del Nero assinou acordos da Conmebol, e que ele, mais uma vez, não dizia a verdade. O senador não mostrou o documento.

    LAPSOS DE MEMÓRIA

    Em alguns momentos, Del Nero teve lapsos de memória. O senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) listou diversas movimentações financeiras do depoente. Ele não lembrava, por exemplo, de ter movimentado cerca de R$ 27 milhões entre 2014 e 2015.

    Foram listadas também compras de imóveis. Del Nero levou à comissão a documentação da compra de um iate e se exaltou quando foi citado que documentos da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) mostram que ele foi a Barbados, um paraíso fiscal, com o jatinho da CBF, em 2014.

    "Nunca fui a Barbados. Não movimentei R$ 27 milhões, não me encontrei com Marin e Hawilla [o empresário J Hawilla, envolvido no escândalo de corrupção da Fifa]", disse Del Nero.

    Segundo o FBI, ele esteve presente em uma reunião com Marin e Hawilla, supostamente para acordar pagamento de suborno à Traffic, de propriedade do empresário.

    Para Del Nero, o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), a Anac e o FBI estão enganados.

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