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    'Aprendi a nadar na marra', diz Mineirinho

    SÉRGIO RANGEL
    DO RIO

    19/12/2015 02h00

    Adriano de Souza, o Mineirinho, 28, ainda não acredita ter vencido o Mundial de surfe. O paulista que começou a surfar no Canto do Maluf, no Guarujá (SP), disse que "a ficha ainda não caiu" e só quer descansar nos próximo dias.

    Em entrevista à Folha por telefone, do Havaí, logo após acordar depois da festa de comemoração, Mineirinho, que nasceu numa favela, lembra a dificuldade para aprender a nadar e afirma que gosta da ideia de se tornar uma referência no esporte.

    De acordo com ele, a "tempestade brasileira" –como é chamada a geração de surfistas do país, que inclui Gabriel Medina, campeão em 2014 e terceiro em 2015, e Filipe Toledo, 4º lugar neste ano– "apenas começou".

    "Vai demorar a passar. Quero que o Brasil vença diversas vezes", afirmou o paulista, que comemorou a conquista do título jantando com Gabriel Medina, o último vencedor do torneio.

    *

    Folha - Como foi acordar campeão do mundo?

    Mineirinho - A ficha ainda não caiu. Está difícil entender tudo o que aconteceu. Estou descansando. Foi um dia pesado, estou sem energia. Vou voltar ao Brasil, quero muito ver meus familiares, mas ainda não pensei em data.

    Você começou o ano liderando o Mundial, mas ao longo da temporada foi superado. Você pensou que perderia o título?

    Nunca pensei nisso. Não desisti. Busquei forças até o final. Foi o campeonato mais difícil, na minha opinião. Sabia que tinha que ter uma performance brilhante e não perdi o foco. Tenho muito amor pelo que faço. Gosto de treinar bastante e me divertir no mar. Ao longo do ano, treinei muito, procurei ficar mais próximo da onda e me sentir confortável nas competições.

    Medina venceu o seu rival australiano e acabou te entregando o troféu após a final. Como é o relacionamento de vocês?

    É um grande amigo. Somos adversários na água, mas gostamos de ficar juntos depois da competição. Depois da festa na praia, jantamos juntos e comemoramos o título com as nossas famílias. Depois disso, ainda fui escutar música numa festa.

    A sua geração é chamada de tempestade brasileira pelo estrangeiros...

    Apenas começou a tempestade. Gostamos de falar que ela demorou a chegar. Mas agora está grossa e vai demorar a passar. Quero que o Brasil vença diversas vezes

    Você começou a fazer surfe e não sabia nadar...

    Vim de uma origem difícil. Morava em comunidade e minha família não tinha dinheiro para pagar natação. Ficava no raso e aprendi a nadar na marra.

    Foi mais difícil entrar nesta elite do surfe por causa das dificuldades financeiras?

    Não uso isso como exemplo. Acho que todos crescem com a mesma força e mentalidade. Deus me deu força. O esporte me fez crescer bastante e ter maturidade para evitar problemas.

    Como acha que vai ser sua vida após a conquista do título?

    Vai ser bem difícil ser normal. O assédio do público, dos jornalistas será bem maior. Mas vou tentar o mais rápido possível colocar os meus pés no chão.

    O surfe é cotado para entrar no programa olímpico em 2020, nos Jogos de Tóquio. Você gostaria de disputar?

    Claro. Gostaria muito de disputar essa medalha, mas não sei ao certo como será um evento olímpico de surfe. A ideia é muito legal.

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