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    análise

    Libertadores paga pouco, mas ainda é boa fonte de receita

    JOSÉ BENEDITO DA SILVA
    EDITOR-ADJUNTO DE "ESPORTE"

    22/12/2015 12h01

    Andrés Sanchez ameaçou, de novo, tirar o Corinthians da Libertadores da América. Já havia feito isso uma ou outra vez e, como é óbvio, não irá cumprir.

    Embora tenha bons argumentos para peitar a Conmebol, que realmente paga pouco aos clubes tendo em vista a importância da competição, o cartola corintiano e deputado federal (PT-SP) não deveria lançar mão com frequência desse tipo de ameaça.

    Primeiro, porque, de ameaça em ameaça, nenhuma cumprida, perde-se a força do ultimato. Segundo, porque Andrés nunca pensou de fato em tirar o Corinthians da Libertadores.

    Teria, de imediato, de lidar com a ira de boa parte da torcida corintiana, que, devagar, devagarinho, pegou gosto pela competição. Deixar de disputar um campeonato importante, no qual estão os arquirrivais São Paulo e Palmeiras, só por causa de dinheiro, é uma coisa impensável, creio, para a maioria dos torcedores.

    Também bateria de frente com a cartolagem sul-americana, que não anda lá nos seus melhores dias, mas seria um inimigo a mais para um dirigente que já não coleciona poucos.

    Mas, primordialmente, porque a Libertadores dá dinheiro. Não em prêmios, cotas etc, mas em exposição da marca (pode ir ao Mundial e, quem sabe, jogar com um Barcelona ou um Real Madrid) e, principalmente, porque rende bilheteria.

    Mesmo na desastrada campanha da Libertadores deste ano, quando o time foi eliminado pelo modesto Guaraní-PAR nas oitavas de final, a grana que entrou nos cofres do clube foi muito boa.

    Público e renda do Corinthians em 2015 -

    Em cinco jogos em casa, o Corinthians arrecadou R$ 16 milhões, pouco menos da metade dos R$ 38 milhões que precisou de 19 jogos como mandante no Brasileiro para acumular.

    A renda média nas bilheterias na Libertadores foi de R$ 3,2 milhões por partida, muito superior às arrecadações obtidas pelo time na Copa do Brasil (R$ 2,35 milhões), Brasileiro (R$ 2,04 milhões) e Paulista (R$ 1,57 milhão).

    A ocupação média em casa no torneio continental foi de 81%, acima das verificadas na Copa do Brasil (78%), Brasileiro (73%) e Paulista (61%).

    E tudo isso com um ingresso médio de R$ 82, bem superior ao cobrado, por exemplo, no Paulista, que foi de R$ 53.

    De resto, a ameaça soou como uma tentativa de capitalizar o aumento da premiação que Andrés sabia que seria anunciada hoje. No dia 28 de novembro, há quase um mês, o próprio presidente da Conmebol à época, Juan Ángel Napout, disse com todas as letras, em entrevista à Folha, que aumentaria a premiação aos clubes.

    Andrés, com o estilo "pé na porta" que gosta de cultuar, já fez outras ameaças semelhantes.

    Ele já disse, por exemplo, que o Corinthians poderia deixar de sediar a abertura da Copa do Mundo (quando cobrado pela Fifa sobre as obras) e de receber jogos da Rio-2016 (ao questionar o comitê dos Jogos sobre os custos com instalações complementares).

    Ninguém levou muito a sério as ameaças. É a velha questão levantada por "O Menino que Gritava Lobo", uma das fábulas de Esopo: ao propagandear várias vezes a falsa aproximação de um lobo, ninguém levou o menino a sério quando o bicho era real.

    Andrés é o líder político de um clube onde ser chamado de "louco" é elogio. Ok, então, ele é louco, mas rasgar dinheiro não rasga não.

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