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    Metade das confederações olímpicas fechou ano de 2014 no vermelho

    PAULO ROBERTO CONDE
    DE SÃO PAULO

    26/12/2015 02h00

    Quase metade das confederações esportivas olímpicas brasileiras encerrou 2014 com contas no vermelho.

    De acordo com estudo feito pelo professor em contabilidade Jorge Eduardo Scarpin, da Universidade Federal do Paraná, das 27 entidades com esportes no programa olímpico 12 fecharam o ano sem dinheiro em caixa —já descontadas as dívidas.

    Esta dúzia teve perda acumulada de R$ 14 milhões no ano. Os resultados foram obtidos a partir de balanços divulgados pelas instituições.

    Divulgação
    Carlos Nunes, presidente da CBB, durante palestra
    Carlos Nunes, presidente da CBB, durante palestra

    O caso mais grave é o da CBB (Confederação Brasileira de Basquete), que teve resultado negativo de R$ 6,5 milhões. A CBCa (Confederação de Canoagem) vem a seguir, com perda de R$ 4,6 milhões ao término do exercício.

    Outras entidades de grande porte e que já tiveram medalhistas olímpicos, como as de vela, hipismo e taekwondo, estão na mesma situação.

    Scarpin analisou diversos indicadores por meio dos balanços das confederações, tais como liquidez, dívidas, receitas e capital de giro líquido. Com base neles, formulou ranking de saúde financeira das entidades em 2014, no qual a CBB também surge com pior desempenho.

    "Se confederações fossem empresas normais, muitas estariam quebradas. Fechadas por falta de dinheiro. Não fecham só porque têm apoio público", afirmou Scarpin, doutor em controladoria e contabilidade pela USP.

    Ele avalia as condições financeiras atuais de basquete, tênis de mesa e badminton como "desesperadoras".

    Ainda de acordo com o estudo, em 2013 também 12 confederações tiveram saldo negativo em seus resultados. Porém, levantamento de peso e tiro esportivo esportivo tiveram melhora em suas contas de um ano para outro.

    Entre as 15 confederações que fecharam 2014 no azul, a de vôlei teve R$ 20 milhões de superávit, seguida de atletismo, judô, aquáticos e handebol. Ainda assim, para Scarpin há excessiva dependência de verba pública, por meio de convênios. "Sem convênio, a receita é absurdamente baixa, porque não há outra forma de receita."

    Esporte olímpico brasileiro no vermelho

    A confederação de vôlei é uma exceção, porque consegue gerar verba com venda de direitos de transmissão.

    Isso se torna preocupante por dois motivos: a crise econômica que o Brasil atravessa e o pós-Olimpíada, quando o investimento federal nos esportes deve retroceder.

    Nos anos deste ciclo olímpico, as confederações com esportes no megaevento terão previsão de recebimento de R$ 439,7 milhões em recursos da Lei Piva repassados pelo Comitê Olímpico do Brasil.

    SURPRESAS

    Nem somente de maus exemplos é composto o estudo. Scarpin apontou que as confederações de ginástica (CBG) e remo (CBR) foram as de melhor situação financeira em 2014, assim como a de judô (CBJ), de porte maior e com receita bem superior.

    No ano passado, a CBJ faturou R$ 37 milhões, perante R$ 21 milhões da ginástica e R$ 5,6 milhões do remo. E as duas menores tiveram um resultado financeiro melhor.

    O remo deu um salto de 2.000% em seu capital de giro líquido, passando de R$ 55 mil para R$ 1,2 milhão.

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