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    Dirigentes são-paulinos serão investigados por comissão interna

    DE SÃO PAULO

    04/01/2016 17h02 - Atualizado às 18h10

    A comissão de auditoria do Conselho Deliberativo do São Paulo irá investigar dois dirigentes do clube neste ano.

    Gustavo Oliveira, diretor-executivo de futebol, e José Francisco Manssur, vice-presidente de comunicações e marketing, são suspeitos de de conflito de interesses por serem ex-sócio e sócio, respectivamente, do escritório de advocacia AMVO, que assessorava o São Paulo até o final de 2014 e tinha o empresário de jogadores Eduardo Uram como cliente.

    A denúncia veio através de um requerimento entregue por José Marcelo Previtalli, ex-diretor jurídico adjunto do São Paulo, ao Conselho Deliberativo do clube na última reunião, em dezembro.

    Joel Silva/ Folhapress
    O vice-presidente de comunicações e marketing, José Francisco Manssur no velório de Juvenal Juvêncio
    José Francisco Manssur, vice-presidente de comunicações e marketing, no velório de Juvenal Juvêncio

    A informação foi publicada no jornal "O Estado de S.Paulo" e confirmada pela Folha. O requerimento seguirá para a comissão de auditoria do Conselho, que pedirá à diretoria os documentos necessários para apurar esse possível conflito de interesses e preparará um relatório que será encaminhado ao Conselho Deliberativo.

    Manssur ainda é sócio do AMVO, e Oliveira deixou a sociedade quando assumiu pela primeira vez como diretor de futebol do São Paulo, em agosto de 2013.

    Eduardo Uram é empresário de diversos jogadores que passaram pelo São Paulo. À Folha, ele disse que muito antes da entrada de Gustavo Oliveira na diretoria ele já agenciava jogadores para o clube.

    Segundo Uram, o jogador mais antigo que agenciou para o clube foi Leonardo Moura, em 2003. Atualmente, apenas o lateral-direito Bruno, contratado junto ao Fluminense, em dezembro de 2014, é atleta da equipe do Morumbi. Entre outros nomes que passaram pela equipe estão Maicon, Aloísio, João Filipe, Cícero, Juan e Roger Carvalho, hoje no Palmeiras.

    Segundo a reportagem do "O Estado de S.Paulo", no requerimento consta uma planilha de pagamentos no valor de R$ 15,9 milhões do São Paulo ao Tombense (MG), que tem o empresário como principal investidor e que registra os jogadores agenciados por ele.

    À Folha, o presidente do Conselho Deliberativo do São Paulo, Marcelo Pupo Barboza, confirmou que o requerimento foi entregue ao órgão, mas que não há como afirmar que houve conflito de interesses.

    Barboza também lembrou que todos os contratos dos últimos cinco anos serão auditados por auditoria externa que já estava programada antes da existência do requerimento.

    OUTRO LADO

    À Folha, Manssur afirmou que não há conflito de interesses porque, juridicamente, isso ocorre "quando o mesmo advogado assume as duas partes em litígio".

    "A AMVO nunca participou de nenhuma negociação do Eduardo Uram com o São Paulo. Esse é o ponto mais importante", argumentou.

    "Com outros times [a AMVO auxiliou o Uram em negociações], mas quando ele fez negócios com o São Paulo a AMVO atuava em processos do Uram, nunca em negociações", disse. Segundo advogados, processos diferem de negociações. Um exemplo de processo envolve cobrar valores a receber, por exemplo.

    O dirigente afirmou que em seu caso a acusação é ainda menos cabível. "No meu caso é ainda mais grave porque nunca atuei em negociação de jogador. Seja pelo São Paulo, Eduardo Uram ou qualquer cliente do meu escritório".

    Na última reunião do Conselho, Manssur entregou voluntariamente suas declarações de Imposto de Renda e todas as notas e contratos da AMVO para subsidiar a apuração.

    Fabio Braga/Folhapress
    Gustavo Vieira de Oliveira, diretor-executivo de futebol, da equipe do São Paulo
    Gustavo Vieira de Oliveira, diretor-executivo de futebol, da equipe do São Paulo

    Gustavo Oliveira reiterou que se desligou do escritório justamente para evitar qualquer suspeita nesse sentido.

    "A partir do momento em que fui convidado para assumir função de decisão ou de influenciar decisão no São Paulo, semanas antes de assumir o cargo, me desliguei completamente de minhas outras atividades, principalmente do escritório de advocacia", disse à Folha.

    Lembrou também que quando foi demitido pelo ex-presidente Carlos Miguel Aidar, em maio de 2015, não retornou à advocacia.

    "Não retomei, voluntariamente, qualquer atividade ou vínculo com o escritório. Uma mensagem clara de que não tinha qualquer relação mais, desde que saí pela primeira vez. Eu tinha emprego certo, mas não queria retomá-lo porque minha atividade havia se tornado gestor de futebol".

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