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    Arbitragem pode ter auxílio de vídeo no Brasileiro deste ano

    GUILHERME SETO
    DE SÃO PAULO

    16/01/2016 02h00

    Bastante criticada na última temporada por torcedores e representantes de diversos clubes, a arbitragem nacional pode ganhar um reforço em caráter experimental para o Brasileiro de 2016.

    Na Reunião Anual de Negócios do Ifab (International Football Association Board), entidade que regulamenta as leis do futebol, em 7 de janeiro, os diretores do órgão recomendaram fortemente que os testes com auxílio de vídeo à arbitragem sejam aprovados na Reunião Anual Geral, que acontecerá de 4 a 6 de março. Lukas Brud, secretário-geral do Ifab, adianta à Folha a possibilidade de que os juízes da Série A do Brasileiro recebam essa ajuda em breve.

    Brud é uma espécie de coordenador geral das atividades do Ifab, entidade composta por representantes das quatro associações britânicas (Escócia, Inglaterra, Irlanda e País de Gales) e da Fifa.

    De acordo com ele, os testes só não foram aprovados na reunião mais recente porque a entidade aguarda a participação do presidente da Fifa, que será escolhido em 26 de fevereiro.

    "O Ifab prefere que os testes sejam feitos em torneios de menor repercussão, para não alimentar a expectativa pública. Mas nesse caso, em que dependemos de imagens de televisão, talvez tenhamos que fazer nas ligas superiores. No caso do Brasil, o cronograma é favorável, então, é possível", diz.

    A primeira rodada do Brasileiro está marcada para 15 de maio, dois meses depois da reunião decisiva do Ifab. Já os principais torneios europeus só começam em agosto.

    Brud conta que Brasil, EUA e Holanda têm interesse na tecnologia, mas apenas um deles –sem revelar qual– manifestou interesse em usar o vídeo exclusivamente em seus principais torneios, o que agrada ao Ifab.

    É provável que Brud esteja se referindo ao Brasil. À Folha, o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa, já havia afirmado no início deste mês que pretendia ter o auxílio da tecnologia nas Séries A e B do Brasileiro de 2016.

    Editoria de arte/Folhapress
    OS MODELOS DE AUXÍLIO DE VÍDEOVeja os projetos que podem ser colocados em prática nos testes

    O secretário do Ifab explica que há três modelos em estudo. No primeiro deles, o preferido da Comissão de Arbitragem da CBF, o árbitro recebe instrução via ponto eletrônico e toma decisão em campo.

    No segundo, ele ouve a instrução, sai de campo, revê o lance na televisão e, então, decide. A NFL (liga norte-americana de futebol americano) conta com recurso parecido.

    No terceiro modelo, visto como negativo na reunião do Ifab, as equipes poderiam pedir a revisão de lances ao árbitro, que então assistiria aos lances na TV e tomaria uma decisão definitiva, como acontece no tênis e no vôlei.

    Essa terceira alternativa deve ser descartada.

    SEGUNDA CHANCE

    Em setembro de 2015, a CBF requisitou autorização à Fifa para começar a testar a tecnologia de vídeo, mas teve o pedido negado.

    Representante brasileiro no Ifab, ex-árbitro e autor da proposta da Comissão de Arbitragem da CBF, Manoel Serapião Filho assegura que a preparação estaria completa para a primeira rodada da Série A do Brasileiro.

    "Com a aprovação, decidiremos se ex-árbitros também trabalharão na função de vídeo. Faremos preparação intensiva antes dos testes, com cursos e simulações", diz.

    "Também vamos ver o que fazer sobre a geração de imagens, se pegaremos de emissoras ou se teremos câmeras da CBF. Não pode ser como a tecnologia da linha do gol da Fifa, que é caríssima e não dá para usar", diz Serapião, completando que "com uma câmera ou dez, faremos com o que tivermos à disposição."

    Assim como Brud, Serapião rechaça os "desafios", que ambos vêem como uma fórmula que implicaria em interrupções em exagero.

    "Ficaria chato, parado. No Brasil, queremos que o árbitro de vídeo ajude apenas em lances inequívocos, indiscutíveis. Ele avisa aquele que está em campo, que então deve tomar sua decisão. Ajudará em momentos como aquele de Brasil e Holanda na Copa de 2014, quando foi falta fora da área e o juiz marcou pênalti. Em casos de mais interpretação, como mão na bola, o árbitro em campo tem mais elementos para avaliar", argumenta.

    De acordo com Brud, os detalhes do novo sistema serão discutidos logo após a Reunião Anual, caso a iniciativa seja aprovada.

    Para ele, os testes devem acontecer pelo menos até março de 2018, quando então seria discutida a aprovação definitiva ou não da tecnologia.

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