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    Após declarações de Leco, promotor pede investigação de organizadas

    ADRIANO MANEO
    CAMILA MATTOSO
    DE SÃO PAULO

    21/01/2016 02h00

    O Ministério Público de São Paulo vai requisitar a abertura de um inquérito policial para investigar supostos crimes cometidos por torcidas organizadas, como cambismo, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.

    A decisão do órgão foi tomada em virtude das declarações do presidente do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, à Folha nesta quarta (20). Ele admitiu financiar o Carnaval das uniformizadas e doar ingressos para os jogos.

    "Ele [Leco] revelou algo que sempre desconfiamos que existisse, mas que os dirigentes sempre tentaram esconder. O presidente do São Paulo deu um passo muito importante na nossa luta contra a violência", afirmou o promotor Paulo Castilho.

    O promotor avalia que doação de bilhetes é a principal forma de sobrevivência das organizações, que recebem entradas, revendem e fazem o caixa com esse dinheiro.

    "As torcidas fazem os clubes de refém. Está na hora de acabar com isso", completou.

    O Ministério Público convocou reunião sobre o tema nesta quinta (21) na Federação Paulista de Futebol (FPF).

    Devem participar representantes de Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Santos e Ponte, além de membros da FPF e do Ministério Público.

    O objetivo é reunir propostas para aperfeiçoar a relação entre os clubes e as torcidas.

    Castilho deve sugerir que fique a cargo da federação a venda de ingressos para as torcidas uniformizadas e que essa venda seja online.

    "Se tirar essa responsabilidade do clube e deixá-la com a federação, acaba-se com esse negócio do dirigente ter medo de romper. E se der fim ao ingresso físico, é possível sufocar a venda de cambistas. É uma ideia para impedir as torcidas de ganharem dinheiro", afirmou.

    Segundo Castilho, o presidente do Santos, Modesto Roma Jr., também admitiu que ajuda financeiramente suas torcidas organizadas.

    Os dois se encontraram na sede da Federação Paulista nesta quarta (20). "Eu passei na federação rapidamente e ele me revelou que o Santos também age da mesma forma. Isso mostra como foi importante a declaração do Leco para encorajar os demais a admitir", afirmou Castilho.

    À reportagem, o presidente do Santos disse que não comentaria o assunto.

    Eduardo Anizelli - 22.out.2015/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 22-10-2015, 14h00: Entrevista com o presidente do Santos FC, Modesto Roma Junior, nos estudios da TV Folha, na redacao da Folha. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress, ESPORTE) ***EXCLUSIVO***
    Modesto Roma Jr. durante entrevista em outubro de 2015

    PALMEIRAS

    O presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, disse à Folha que não ajuda de nenhuma forma as suas uniformizadas.

    "Não só tem sido possível administrar sem financiar como se criou uma relação muito mais saudável. A torcida tem mais liberdade para criticar, e o clube mais tranquilidade para trabalhar."

    Em entrevista coletiva, o presidente da FPF, Reinaldo Carneiro Bastos, afirmou que não ajudaria as organizadas se fosse presidente de um clube de futebol.

    Procurado pela reportagem para falar sobre as organizadas, a cúpula do Corinthians não respondeu até a conclusão desta edição.

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