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    Conselho do Santos decide ir à Justiça ante ex-presidente; expulsão é adiada

    KLAUS RICHMOND
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE SANTOS

    22/01/2016 02h00

    Moacyr Lopes Junior - 10.set.13/Folhapress
    Odílio Rodrigues Filho, ex-presidente do Santos, concede entrevista na Vila Belmiro
    Odílio Rodrigues Filho, ex-presidente do Santos, concede entrevista na Vila Belmiro

    O Conselho Deliberativo do Santos aprovou na noite desta quinta-feira (21), em reunião extraordinária na Vila Belmiro, a abertura de uma ação judicial contra o ex-presidente Odílio Rodrigues, o ex-vice Luiz Claudio de Aquino e outros sete membros da última diretoria, que formavam o último Comitê Gestor. A decisão tem como base o parecer de duas auditorias contratadas que classificaram a gestão passada como "temerária".

    O Comitê era formado por Thiers Flemming, José Paulo Fernandes, Júlio Peralta, Alexandre Daoun, Francisco Cembranelli, José Berenguer e Ronald Luiz Monteiro.

    O antigo mandatário e os demais cartolas escaparam momentaneamente de uma possível expulsão do quadro associativo do clube. A decisão ainda depende do parecer da Comissão de Inquérito e Sindicância, que se absteve da votação dos conselheiros por não ter terminado seu próprio relatório —que pode indicar a exclusão.

    Cabe, agora, ao próprio presidente Modesto Roma Júnior, confirmar se o departamento jurídico do clube entrará com um processo na Justiça comum.

    CONFLITO

    A reunião começou tensa. Logo em seu início início, membros da Comissão de Inquérito e Sindicância, responsáveis por um parecer, se dirigiram ao presidente do Conselho Deliberativo, Fernando Bonavides, afirmando que se absteriam da decisão dos conselheiros por questões éticas.

    A alegação foi de que o parecer da Comissão ainda não estava finalizado, levando o órgão interno a não querer se responsabilizar por nenhuma influência na votação. O prazo dado foi de que até março.

    "Só estamos autorizando tudo isso para que não venha acabar em pizza. Vamos resolver o problema, chega de amigo desse, amigo daquele, advogado. Tem que acabar com esse negócio de amiguinho, vamos pensar no Santos Futebol Clube aqui dentro", disse um dos conselheiros presentes, conhecido como Alemão, pediram a palavra antes da votação.

    "Quero fazer parte de um processo histórico, não só um dia histórico. Dias históricos, muitas vezes, dão errado. Não me sinto em condições, precisamos de maiores informações para essa votação", ponderou Guilherme Nascimento, historiador.

    O prejuízo deixado pelo mandatário já havia levado o conselho santista a reprovar por unanimidade, com 231 presentes, as contas do exercício 2014, em reunião que aconteceu em 25 de junho do último ano.

    A gestão do antecessor de Modesto Roma Júnior no cargo, entre 2013 e 2014, terminou com um déficit de R$ 58,9 milhões em seu último ano devido, principalmente, à compra do centroavante Leandro Damião com a ajuda da Doyen Sports, mas ficou marcada por outra série de desdobramentos polêmicos.

    PROBLEMAS

    Entre as acusações, a participação com partes relacionadas em negociações, quando atua em dois lados de uma transação, e o pagamento não justificado de comissões para intermediários nas negociações do atacante Rildo e do volante Souza. Por Damião, Odílio comprometeu receitas até 2017, ultrapassando o seu período de gestão, algo que infringe o artigo 91 do Estatuto Social do clube.

    A antiga diretoria ainda adiantou o recebimento de uma das parcelas da venda do meia Felipe Anderson para a Lazio, da Itália, que só aconteceria em junho de 2015.

    O último ato envolveu a negociação não anunciada de percentuais econômicos à Doyen dos atacantes Gabriel e Geuvânio (20% e 35%, respectivamente), além do lateral Daniel Guedes (25%), para quitar uma dívida com o fundo. O valor total arrecadado, 2,1 milhões de euros (R$ 8 milhões à época), é considerado bastante baixo.

    A venda de parte de duas das principais promessas do clube atualmente irritou os conselheiros, mas não foi tudo.

    Odílio ainda comprometeu a verba televisiva de 2015 do Campeonato Paulista sem passar pela aprovação do Conselho, algo que também não é permitido de acordo com o Estatuto.

    O Santos iniciou a última temporada com uma série de salários atrasados e acabou perdendo os seus principais jogadores na Justiça: casos do goleiro Aranha, do volante Arouca, do lateral Eugenio Mena e do próprio Damião, o único que ainda tem processo em andamento contra o clube.

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