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    Corrupção no futebol

    Marin deixa empresa para tentar salvar patrimônio

    SÉRGIO RANGEL
    DO RIO

    24/01/2016 02h00

    Preso no exterior desde maio, o ex-presidente da CBF José Maria Marin se retirou da JMN Empreendimento e Participações Ltda, empresa criada pelo cartola em sociedade com sua mulher e filho único para administrar seus bens.

    A saída da empresa é uma tentativa de proteger parte do patrimônio da família caso o FBI peça o confisco dos bens à Justiça brasileira.

    A companhia foi constituída em 2012, ano em que o cartola assumiu a CBF após Ricardo Teixeira renunciar.

    O patrimônio da JMN é avaliado em R$ 44,5 milhões em imóveis comprados pelo dirigente no Brasil.

    A quantia é cinco vezes maior do que o valor da carta de crédito de US$ 2 milhões (R$ 8,4 milhões) que Marin precisa apresentar até 5 de fevereiro para completar o acordo de fiança que lhe garantiu o direito à prisão domiciliar nos Estados Unidos.

    A defesa do dirigente negocia com a acusação outra possível garantia.

    Marin é acusado pelo FBI de participar de um esquema de recebimento de propina na venda de direitos de transmissão de torneios no Brasil e no exterior.

    O dirigente tem outros bens registrados em seu nome na pessoa física, mas com valores menores.

    MUDANÇA

    De acordo com documento da Junta Comercial de São Paulo obtido pela Folha, Neuza Marin, mulher do dirigente, é agora detentora da maior parte da companhia, que foi criada com o objetivo social de incorporação de empreendimentos imobiliários.

    O valor de participação dela na sociedade é de R$ 183,6 mil. O restante (R$ 122,4 mil) pertence a Marcus Vinicius Marin, filho do casal.

    A saída do dirigente da empresa foi registrada na Junta Comercial no dia 14 de agosto. Em novembro, o órgão apontou a entrada do advogado Gustavo Vieira Ribeiro como administrador.

    Ele tem poderes inclusive para assinar documentos pelos sócios, mas sem participação na sociedade.

    Em nome da JMN, Marin comprou três imóveis em 2014, ano de disputa da Copa do Mundo no Brasil. Nos negócios, ele gastou R$ 15,4 milhões na ocasião.

    Uma mansão no Jardim Europa foi a principal compra feita pelo ex-presidente da CBF às vésperas de deixar o poder em abril de 2014 –ele deu lugar a Marco Polo Del Nero, que está licenciado da presidência da entidade.

    Marin pagou pelo casarão R$ 13,5 milhões, pouco mais da metade (62%) do valor de mercado do imóvel registrado na escritura.

    Especialistas no mercado imobiliário estimam que a mansão custe aproximadamente R$ 30 milhões.

    O ex-presidente da CBF comprou também, por meio da empresa, uma luxuosa cobertura na orla da Barra da Tijuca e um conjunto na avenida paulista em 2014.

    A compra do apartamento dúplex no Rio é investigada pelo Ministério Público.

    A Folha revelou em abril que Marin pagou R$ 1,6 milhão pelo apartamento 505 do bloco seis do condomínio de luxo "Les Residences Saint Tropez", no Rio.

    A Secretaria Municipal de Fazenda do Rio avalia o imóvel em R$ 3,3 milhões.

    DEFESA DIZ NÃO HAVER PROBLEMA EM MUDANÇA

    Advogados da família de Marin afirmaram que não há problema na modificação da empresa. Segundo eles, Marin e Neuza são casados em regime de comunhão de bens, o que mantém o vínculo do dirigente com a empresa.

    Os advogados informaram que Neuza também assinou a carta de fiança firmada na Justiça dos EUA. Marin cumpre prisão domiciliar em Nova York, e só tem autorização para deixar esporadicamente seu apartamento.

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