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    ANÁLISE

    Telespectador tende a ser beneficiado pela disputa entre TVs

    NELSON DE SÁ
    DE SÃO PAULO

    06/02/2016 02h00

    A aquisição do Esporte Interativo pela norte-americana Time Warner, em janeiro de 2015, e a valorização do dólar frente ao real, ultrapassando a barreira de R$ 3 em março de 2015, prepararam o caminho para iminente rompimento do controle da Globo sobre o futebol brasileiro.

    O que a Record não conseguiu, com o endosso da Igreja Universal, a gigante americana de mídia está perto de alcançar, com a confirmação já pública de seu acordo com o Santos, pelos direitos para TV paga a partir de 2019.

    Outros clubes estariam encaminhados, aproximando o EI de metade da primeira divisão do futebol.

    A "guerra" entre os dois grupos de mídia, na expressão usada pelo presidente do São Paulo, Carlos Augusto Barros e Silva, já leva a Globo a negociar concessões com outros clubes, caso do mesmo São Paulo.

    Mas o beneficiário final da concorrência —entenda-se guerra, no caso, como o simples funcionamento regular do mercado— tende a ser o consumidor das transmissões, sujeito oculto nas conversas, por enquanto.

    Ao fechar a compra do controle do EI, o presidente da Turner latino-americana, subsidiária da Time Warner, alertou tratar-se de "aquisição estratégica", visando crescimento em um "mercado prioritário para a Time Warner".

    A primeira batalha foi pela transmissão da Liga dos Campeões, a partir de setembro, de início só on-line.

    A Net, maior operadora de TV paga, não incluiu os canais EI na grade, mas a resistência durou pouco —a partir do dia 17, Chelsea, Bayern de Munique, Real Madrid e Barcelona estarão lá também, pelas oitavas de final.

    O EI mostrou sua disposição para gastar ao vencer ESPN (Disney) e SporTV (Globo), que se associaram nessa disputa pelos direitos de transmissão da Liga. No entanto, por mais torcedores brasileiros que tenham os grandes europeus, o "mercado prioritário" é de Corinthians, Flamengo e outros grandes brasileiros.

    Na nova batalha, a Time Warner não tem economizado seu dólar tão valorizado (R$ 3,89, cotação de quinta às 17h). Os valores que vem oferecendo seriam até nove vezes superiores aos da concorrente.

    Mais importante, talvez: embora estejam em jogo só os direitos para TV paga, as ofertas incluiriam pagar pelos direitos para TV aberta, para evitar que a Globo ameace não pagar por eles, em represália —como, aliás, o Santos afirma temer.

    A Time Warner não está sozinha nesta corrida às compras de mídia no Brasil.

    Em paralelo, os gigantes de publicidade e relações públicas WPP e Omnicom acabam de adquirir o Grupo ABC e a agência Máquina, respectivamente.

    DISPUTA DAS TVS - Negociações pelo direito de transmissão em TV fechada a partir de 2019

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