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    Livro discute a chance de completar maratona em menos de duas horas

    RODOLFO LUCENA
    DE SÃO PAULO

    11/02/2016 02h00

    Rainer Jensen/Efe
    Atletismo: o atleta queniano Dennis Kimetto, cruzando a linha de chegada da Maratona de Berlin, em frente ao Portão de Brandemburgo, em Berlim (Alemanha). *** BER061. Berlin (Germany), 28/09/2014.- Dennis Kimetto of Kenia wins in world record time of 02:02;57 hours the 41st Berlin Marathon in Berlin, Germany, 28 September 2014. Around 40,000 runner participate in the event with start and finish at the Brandenburg Gate (background). (Alemania) EFE/EPA/RAINER JENSEN
    O queniano Dennis Kimetto cruza a linha de chegada da Maratona de Berlim

    Completar uma maratona em menos de duas horas é um feito semelhante a encontrar o Santo Graal, objeto de busca e desejo dos cavaleiros da Távola Redonda.

    Tal como o cálice sagrado, tido por muitos como absolutamente real, apesar de sua existência nunca ter sido provada, a maratona "sub2h" –como é identificada no jargão dos corredores– parece algo intangível, mas perfeitamente conquistável.

    "É uma barreira diferente de qualquer outra no mundo do atletismo", afirma o médico norte-americano Philip Maffetone, que tem mais de 35 anos de dedicação ao estudo de esportes de resistência e já escreveu mais de 20 livros sobre o tema.

    "Quebrar essa barreira", escreve no livro '1:59', "está ao mesmo tempo dolorosamente perto e enganosamente fora do alcance humano".

    Muita gente de valor no mundo do atletismo considera a marca inatingível, como lembra o jornalista britânico Ed Caesar em seu livro "Two Hours – The Quest To Run The Impossible Marathon" (Duas horas – a busca pela maratona impossível, em tradução livre), lançado no ano passado sob aplauso da crítica literária e esportiva.

    Ele cita, por exemplo, o queniano Paulo Tergat, conhecido dos brasileiros por suas vitórias na São Silvestre.

    Logo depois de completar a maratona de Berlim de 2003 em 2h4min55s e estabelecer o primeiro recorde mundial da maratona oficialmente chancelado pela IAAF (a Fifa do atletismo), Tergat afirmou: "Recordes são feitos para serem quebrados, e é possível baixar minha marca. O que é impossível é correr a maratona em menos de duas horas".

    RECORDES DAS MARATONAS - A evolução das marcas no século

    Trata-se de uma questão dos limites da resistência humana, lembra Caesar. Até onde o homem pode ir? Quão rápido, por quanto tempo?

    Michael Joyner, pesquisador da Clínica Mayo e um dos primeiros cientistas a analisar essa questão com foco na maratona, produziu um dos mais citados artigos científicos sobre o assunto. Publicado em 1991, o estudo afirma que o melhor tempo que o homem poderá atingir na maratona é 1h57min58s.

    Também crentes nessa possibilidade (e até em marcas mais impressionantes), alguns estatísticos trataram de tentar estabelecer quando a barreira das duas horas seria ultrapassada.

    Os estudos se baseiam no ritmo da queda dos recordes na maratona. Dependendo de onde começam a analisar a série histórica, pesquisas citadas no livro afirmam que a barreira será superada por volta de 2022 ou, mais de uma década depois, em 2035.

    Pode até ser antes, argumenta o próprio Ed Caesar, depois de emocionantes descrições de algumas das mais rápidas maratonas da história. Para isso, porém, a prova não poderia ser convencional, mas sim organizada especificamente para a tentativa de quebra da marca.

    O circuito precisaria ser plano, com poucas curvas, em uma área protegida do vento (por prédios ou árvores). Reuniria alguns dos melhores corredores do mundo, que poderiam ter prêmios conforme alcançassem marcas intermediárias que indicassem a possibilidade do recorde. E eles seriam conduzidos por um exército de "coelhos" (marcadores de ritmo).

    Sabe-se lá se isso será possível. O certo é que os recordes continuam caindo; marcas consideradas inatingíveis, impossíveis há algumas décadas, hoje viraram pó.

    O recorde mundial presente é de 2h2min57s, do queniano Dennis Kimetto.

    Em 2014, aos 30 anos, ele se tornou em Berlim o primeiro homem a romper a até então "superbarreira" das duas horas e três minutos.

    Não poucos corredores de hoje acreditam que serão eles os desbravadores do novo patamar. Extensivamente entrevistado por Caesar, o queniano Geoffrey Mutai, dono de algumas das melhores marcas, afirma (ou sonha): "Eu ainda tenho tempo".

    TWO HOURS

    Autor: Ed Caesar

    Editora: Simon&Schuster

    Quanto: US$ 15,76 (amazon.com)

    Classificação: ótimo

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