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    Campeonato Paulista

    Árbitro do clássico diz que PM não tirou faixas por 'motivos de segurança'

    CAMILA MATTOSO
    DE SÃO PAULO

    15/02/2016 13h08

    O árbitro Luiz Flavio de Oliveira afirma na súmula do clássico deste domingo, entre Corinthians e São Paulo, que comunicou à Polícia Militar para que retirassem as faixas levantadas pela torcida alvinegra, no início do segundo tempo.

    O juiz relata, porém, que não teve seu pedido atendido, "por motivos de segurança".

    Nas arquibancadas de Itaquera, três mensagens foram expostas, levadas pela Gaviões da Fiel: "Quem vai punir o ladrão da merenda?", "Futebol refém da Rede Globo", "CBF, FPF, a vergonha do futebol".

    Na partida anterior, contra o Capivariano, houve confronto quando policiais tentaram retirar as faixas.

    Mesmo com o aviso da PM, para que não levassem os escritos, a torcida do Corinthians conseguiu burlar o esquema de segurança e entrar no estádio.

    "Avaliamos que seria melhor não adentrar no meio da torcida pra retirar as faixas pois poderia causar um confronto desnecessário, um mal maior. Conversamos com os responsáveis pelas faixas e eles se mostraram refratários. Haveria um confronto com certeza, achamos melhor não causar tal confronto", disse o major Luiz Gonzaga, responsável pelo policiamento do jogo, à Folha.

    Luiz Flavio de Oliveira também avisou o zagueiro Felipe, capitão do Corinthians, que chegou a ir perto da arquibancada e fazer sinais para que as faixas fossem abaixadas.

    "Aos 51 minutos de partida, comuniquei ao Sr. Felipe Augusto de Almeida Monteiro, atleta de n. 28, da equipe SC Corinthians e o delegado da partida, Sr. Agnaldo Vieira que comunicou também a comandante do policiamento, Tenente Letícia, através da escolta da arbitragem, para que retirassem três faixas que se encontravam atrás da meta defendida pela equipe visitante no 2. tempo, com os seguintes dizeres: "ingresso mais barato", "quem vai punir o ladrão de merenda, futebol refém da Rede Globo", "CBF, FPF, vergonha do futebol". Fomos informados pelo policiamento que, por motivo de segurança da partida e do público, as faixas não seriam retiradas", escreveu na súmula.

    ABUSO

    Depois do episódio da semana passada, quando houve confronto, a PM se defendeu dizendo que apenas cumpria o Estatuto do Torcedor, interpretação que advogados ouvidos pela Folha rechaçaram.

    Outra justificativa, dada pela Secretaria de Segurança Pública, foi de que a polícia agiu porque a Gaviões estava proibida de entrar em estádio, por causa de um episódio envolvendo sinalizadores na Copa São Paulo de futebol júnior.

    "A manifestação com faixas de protesto de torcedores do Corinthians durante o clássico do último domingo contra o São Paulo, em Itaquera, não pode ser repreendida pela Polícia Militar nem pela Federação Paulista de Futebol", diz Carlos Eduardo Ambiel, advogado especialista em direito desportivo.

    "Como a Constituição garante a liberdade de expressão e manifestação, qualquer limitação a esse direito deve ser interpretada de forma restritiva. Dentro dos estádios, as autoridades somente podem proibir manifestações que expressem condutas ilegais, como mensagens racistas, xenófobas ou machistas. Protestar contra horário das partidas, finanças do clube ou relação comercial com terceiros não podem ser reprimidas pela polícia, pois são perfeitamente cabíveis", completa.

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