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    Corrupção no futebol

    Favoritos em eleição da Fifa têm laços com escândalos da entidade

    SÉRGIO RANGEL
    ENVIADO ESPECIAL A ZURIQUE

    26/02/2016 02h00

    Com a Fifa mergulhada em sucessivos escândalos de corrupção desde maio de 2015, representantes de 207 países vão eleger nesta sexta (26) o novo presidente para os próximos quatro anos.

    O vencedor terá o desafio de refundar a entidade. Apesar do discurso de transparência e moralização dos envolvidos, o cenário não é nada animador.

    A maioria dos eleitores é remanescente da estrutura apontada pelo FBI como corrupta. Além disso, os candidatos favoritos –o suíço Gianni Infantino, 45, e o xeque Salman bin al-Khalifa, 50, do Bahrein– têm laços com os últimos escândalos protagonizados pela Fifa.

    Presidente da Federação Asiática de Futebol, o xeque foi um dos principais cabos eleitorais da escolha da Copa do Qatar, alvo de denúncias de compra de votos.

    Já Infantino é "criatura" de Michel Platini, vice da Fifa e presidente da Uefa (entidade que comanda o futebol na Europa) até o final do ano.

    Platini foi banido por seis anos de atividades ligadas ao futebol juntamente com Joseph Blatter, que foi presidente da Fifa por 18 anos.

    A decisão de afastá-los foi da própria entidade.

    Os dois foram punidos por conta de um pagamento autorizado por Blatter para o francês no valor de R$ 8 milhões por um trabalho realizado no fim de 1999 e no início dos anos 2000, mas com o pagamento efetuado apenas em 2011.

    Secretário-geral da Uefa, Infantino lançou a sua candidatura justamente após a suspensão de Platini.

    Candidatos à presidência da Fifa

    ACORDÃO

    Em campanha, os dois prometem reformular a entidade. Nos bastidores, contudo, apontam para alterações sem traumas, como um acordão.

    Caso o novo presidente adote mesmo esse estilo, avesso a nova investigações, ele pode fazer com que aumente a pressão por parte da Justiça dos EUA. Também há risco de intervenção da governo da Suíça na Fifa.

    Desde maio, mais de uma dezena de dirigentes da Fifa já foram presos por corrupção em investigação comandada pelo FBI. José Maria Marin, ex-presidente da CBF, é um deles.

    Ele cumpre prisão domiciliar nos EUA por participar de um esquema de recebimento de propina na venda de direitos comerciais de torneios no país e no exterior.

    Sucessor de Marin na CBF, Marco Polo Del Nero também está afastado do futebol. É investigado por FBI e Fifa por supostamente participar do esquema de corrupção.

    Nem Blatter resistiu. Ele venceu a eleição do ano passado e anunciou sua renúncia cinco dias depois da operação deflagrada pelo FBI.

    Por causa dos escândalos de corrupção, a Fifa já perdeu cinco patrocinadores desde o encerramento do Mundial do Brasil e amargou um prejuízo de cerca de US$ 100 milhões no ano passado.

    "O problema [a corrupção] não vai desaparecer [com o novo presidente]. Se uma reforma acontecer, novos casos provavelmente virão à tona", afirmou o economista inglês Stefan Szymasnki, autor do livro "Soccernomics".

    "Porém, sem uma reforma, a credibilidade da Fifa não melhorará e outras organizações podem se afastar."

    COMO É A ELEIÇÃO

    1. Os eleitores serão chamados por ordem alfabética para irem às cabines de votação, onde haverá cédulas em papel e canetas.

    2. Para vencer em primeiro turno, um candidato precisa ter dois terços dos votos (138). Caso não consiga, o último colocado é eliminado e outro turno é disputado com os quatro candidatos restantes.

    3. A partir do segundo turno, vence o candidato que tiver 50% dos votos mais um do colégio eleitoral. Se ninguém conseguir, novamente, o último colocado é eliminado e novo turno é disputado com os candidatos restantes. Pode haver até quatro turnos

    Distribuição de votos por continente

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