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    Confederação cria comissão para apurar suspeitas na Stock Car

    DE SÃO PAULO

    01/03/2016 14h54

    Márcia Ribeiro - 11.ago.2013/Folhapress
    RIBEIRAO PRETO, SP, BRASIL, 11-08-2013, 10h: Corrida de Stock Car em Ribeirão Preto. (Foto: Márcia Ribeiro/ Folhapress, REGIONAIS)
    Carros da Stock Car alinhados no grid para prova em Ribeirão Preto

    A CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo) informou nesta terça-feira (1º) que criou uma comissão para apurar possíveis irregularidades cometidas por oficiais de pista da Stock Car envolvidos em troca de mensagens onde ameaçavam prejudicar pilotos da principal categoria do automobilismo brasileiro.

    O caso foi revelado pela Folha na segunda-feira (29). A reportagem teve acesso a uma troca de mensagens, por WhatsApp (serviço de comunicação eletrônica), de um grupo de comissários e auxiliares que atua no circuito.

    De acordo com a CBA, a comissão terá três membros: o piloto Chico Serra, 59, tricampeão da categoria, o presidente da Federação de Automobilismo do Espírito Santo, Robson Duarte, e será presidida por um representante da Associação Brasileira de Pilotos de Automobilismo (ABPA). No comunicado, a entidade informa que a ABPA tem cinco dias para nomear um piloto para presidir a comissão, que terá "30 dias, a contar de sua instalação, para apresentar o relatório final".

    Na segunda-feira, a CBA afastou os oficiais de pista e encaminhará a reportagem para a Procuradoria do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) do automobilismo, "ante a gravidade do narrado".

    STOCK CAR SOB SUSPEITA - Mensagens de comissários em grupo de Whatsapp indicam que pilotos teriam sido prejudicados

    AS MENSAGENS

    Entre piadas, brincadeiras e demonstrações de poder, uma conversa dos comissários levantou dúvidas sobre a precisão de relatórios e a isenção de decisões que podem interferir no resultado final do campeonato.

    Com funções equivalentes às do árbitro de um jogo de futebol, os comissários desportivos das corridas de Stock Car têm o poder de aplicar punições durante a prova, excluir ou desclassificar um piloto.

    A categoria é a mais antiga e a mais rica do automobilismo nacional. Criada em 1979, reúne os principais pilotos e tem hoje média de público de mais de 30 mil pessoas.

    Nas conversas, os comissários fazem ameaças e piadas.

    "Vamos desclassificar ele por alguma coisa na próxima etapa...", escreveu o auxiliar de comissário Paulo Ygor Dias em 7 de abril de 2015, referindo-se ao piloto Cacá Bueno.

    Dois dias antes, na corrida em Ribeirão Preto (SP), o piloto havia chamado os "caras da CBA" de "bando de imbecis", em conversa com a equipe que acabou vazando, depois que a bandeirada não foi dada por erro de uma comissária.

    A ameaça não se concretizou na corrida seguinte. O piloto foi suspenso por uma etapa e multado pelo STJD, perdendo a liderança do campeonato.

    Pouco depois, na mesma conversa, o veterano comissário Clóvis Matsumoto, hoje fora da Stock Car, vangloria-se de ter impedido o mesmo Bueno de ser campeão.

    "Bom, na minha época o Cacá foi 3 vezes vice pq eu não estava a fim de deixar ele ser campeão! Kkk", escreveu.

    Ygor confirma: "Eu presenciei essa época do matsu... E tbm não faz muito que ele não foi campeão por uns pontinhos que tiramos dele...". Seguiram-se vários "kkk".

    Ao SporTV, Cacá Bueno se disse enojado com a situação: "Não me surpreende nem um pouco o que aconteceu, me enoja. Eu acho que é um absurdo, que é revoltante, mas surpreso não estou".

    OUTRO LADO

    Em resposta à reportagem inicial, a CBA já havia argumentado que não é possível um comissário técnico inventar uma punição porque ele apenas fiscaliza se o regulamento é cumprido.

    Tanto comissários como a Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) afirmaram que não é possível que os comissários técnicos influam deliberadamente no resultado das corridas.

    O engenheiro Clóvis Matsumoto disse que a conversa foi feita em tom de brincadeira. Foi uma "molecagem".

    Ele afirmou que hoje a Stock Car é muito profissional, que os regulamentos evoluíram e que "não tem pegação no pé, não dá para inventar punições", uma vez que as questões são técnicas.

    Informou que atua na função desde 2002 e que nunca viu "nenhum comissário punir piloto por implicância".

    Paulo Ygor Dias, auxiliar de comissário na Stock Car, também disse que a conversa tinha "tom de brincadeira". Para ele, o trabalho dos comissários é baseado em regulamentos técnicos e é acompanhado pelas equipes.

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