Os nomes dos reforços eram promissores. Fábio Simplicio e Julio Santos, ambos ex-São Paulo, foram algumas das contratações do Batatais para a disputa da Série A-2 do Paulista. Uma parceria foi obtida para arcar com a folha de pagamento, de R$ 170 mil, e assim o time, que nunca jogou a elite da competição, motivava os torcedores.

Mas o tal parceiro foi embora antes mesmo de o campeonato começar e a dívida ficou. A solução encontrada pela torcida foi iniciar uma "vaquinha" na cidade para ajudar a pagar os atletas do time. E parece que deu resultado, pois o time iniciou a rodada deste fim de semana na zona de classificação às quarta de final e com o melhor ataque da Segundona, ao lado do líder Bragantino.

Só que a dívida com os 28 atletas já soma R$ 340 mil -sem contar a com fornecedores-, e as "vaquinhas" e campanhas de torcedores e empresários amealharam até aqui cerca de R$ 100 mil -usado para pagar os salários de dezembro.

Nas duas primeiras semanas da campanha da TUF (Torcida Unida do Fantasma, apelido do clube) foram R$ 2.000. Nesta semana, a torcida iniciou a venda de camisetas com repasse destinado aos atletas.

Outro grupo de torcedores está passando o chapéu nos jogos em casa -R$ 4.300 em três jogos- e empresários locais juntaram R$ 60 mil, após parte dos jogadores se recusarem a treinar em fevereiro por causa da situação financeira do clube.

As folhas de pagamento de janeiro e fevereiro ainda estão abertas. "Fizemos uma rifa de camisas oficiais que deve render ao menos R$ 2.000 ao clube. Mais do que o valor arrecadado, queremos motivar outros a fazer também", disse Paulo Tolentino, membro da TUF.

	Leonardo Fermiano
	Batatais enfrenta a Ferroviária em Araraquara

CRISE NA DIRETORIA

Na última quinta-feira (10), o presidente do clube, Luís Antônio de Oliveira, se afastou do cargo devido às dívidas e o clube será gerido pelo conselho deliberativo e empresários locais.

Para tentar pagar os salários atrasados, o conselho já fez repasse antecipado de R$ 30 mil de uma nova campanha, que sorteará um carro.

"Sem patrocínio, atrapalha muito. A parceria foi uma furada, mas pelo menos deixaram um time forte para tentar subir", disse o presidente do conselho, André Cabrini.

Segundo ele, a FPF (Federação Paulista de Futebol) repassará ao clube um total de R$ 475 mil, dos quais sobrarão menos de R$ 200 mil devido a bloqueios trabalhistas e taxas de arbitragem.

"Lutamos contra clubes com verba [da federação] superior a R$ 1 milhão, como o Bragantino. A renda do jogo contra eles foi de R$ 33 mil, mas as taxas de antidoping, fiscais, médico e segurança consumiram R$ 7.000."

Apesar do temor inicial de rebaixamento, o time mostra resultados positivos dentro de campo e ocupa a quinta colocação na 13ª rodada -oito avançam à próxima fase e só dois times jogarão na elite em 2017-, à frente de clubes tradicionais como Portuguesa e Guarani.

DIVISÃO

A verba aos clubes é repassada em quatro parcelas, entre o início do ano e o fim do campeonato, segundo a FPF, que não confirmou os valores destinados aos clubes.

Conforme a federação, os times que ficarem até a 14ª posição terão premiação ao fim do torneio, sendo R$ 260 mil ao campeão. O valor total é de R$ 1,05 milhão.

A FPF disse ainda que há bônus para clubes que permanecem há mais tempo nas duas principais divisões do Estado e aos times que disputam alguma divisão do Campeonato Brasileiro.

	Leonardo Fermiano
	Batatais está na zona de classificação às quarta de final da Série A-2 do Paulista