• Esporte

    Wednesday, 01-May-2024 11:08:47 -03

    Ex-pilotos da F-1 veem categoria sem brasileiros nos próximos anos

    DANIEL CASTRO
    DE SÃO PAULO

    19/03/2016 15h00

    Um cenário sem pilotos brasileiros na Fórmula 1, discussão presente no automobilismo nacional nos últimos anos, ganha contornos cada vez mais prováveis. Essa é a opinião de ex-representantes do país na categoria ouvidos pela Folha.

    O GP da Austrália, neste fim de semana, marca o início da temporada 2016, a última dos contratos atuais de Felipe Massa e Felipe Nasr com Williams e Sauber, respectivamente.

    "Há um risco muito grande de não ter [pilotos brasileiros] nos próximos dois anos, talvez ano que vem", diz Lucas di Grassi, que correu pela Virgin em 2010 e atualmente disputa o Mundial de endurance e a Fórmula E.

    Aos 34 anos, Massa é o quarto piloto com mais corridas no currículo entre os que alinham no grid hoje. Se ele terá seu contrato renovado ou se teria espaço em outras equipes são questões ainda sem resposta.

    Em entrevista ao site da categoria, o piloto da Williams disse que "ainda tem fome" para continuar guiando e despistou sobre uma eventual aposentadoria.

    Já Nasr, 23, que conta com o patrocínio do Banco do Brasil até 2019, busca uma temporada de afirmação após superar com folga o companheiro de equipe, Marcus Ericsson, no ano de estreia.

    Segundo di Grassi, os brasileiros terão dificuldades para vencer a concorrência e disputar lugares no pódio. "Massa e Nasr são excelentes pilotos, tomara que façam um bom campeonato, mas é impossível brigar entre os três [melhores carros]", afirma.

    Ele projeta um cenário pessimista para o automobilismo nacional a médio prazo: "Vão ter bem menos brasileiros na Europa. Hoje já tem menos do que na minha época. A Fórmula 1 caiu bastante como produto, e o câmbio torna difícil achar patrocínio. Tudo dificulta."

    Pedro Mera/Xinhua
    (160313) -- MEXICO CITY, March 13, 2016 (Xinhua) -- Brazil's driver Lucas Di Grassi of ABT Schaeffler Audi Sport Team celebrates during the award ceremony of FIA Formula E Championship Mexico City ePrix at Autodromo Hermanos Rodriguez in Mexico City, capital of Mexico, on March 12, 2016. (Xinhua/Pedro Mera) (jp) (fnc)
    Lucas di Grassi com troféu conquistado na Fórmula E

    Assim como di Grassi, Antonio Pizzonia, que correu por Williams e Jaguar entre 2003 e 2005, não vê renovação à altura no esporte, o que para ele é consequência da crise econômica vivida no começo dos anos 2000.

    "O automobilismo é totalmente guiado pelo dólar. Se existe uma alta como a de hoje, quem é que vai colocar o filho para correr de kart? A falta de pilotos na atualidade é consequência do que o Brasil sofreu dez anos atrás. Assim como o que o Brasil está passando hoje vai ter reflexo em dez ou 15 anos", afirma.

    Pizzonia e di Grassi também criticam as categorias de base nacionais. O ex-piloto da Virgin responsabiliza a CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo) pela "má-administração" do esporte.

    O diretor da CBA Waldner Bernardo, conhecido como Dadai, diz que o automobilismo brasileiro continua forte em categorias como a Stock Car e também em provas de kart, rali e arrancadas.

    "Como instituição, a CBA faz o que pode. Esse estigma de Fórmula 1 é muito comercial. [A entidade] não pode pensar em financiar piloto. Não é plano criar piloto para a Fórmula 1. Cabe ao planejamento dele chegar lá", diz.

    Entre os jovens cotados para alcançar a categoria no futuro estão sobrenomes famosos, como Pedro Piquet, 17, filho de Nelson, e Pietro Fittipaldi, 19, neto de Emerson. Ambos disputarão campeonatos na Europa em 2016.

    O caminho é longo e, exceto em caso de surpresas, o tema da vitória, que não toca desde 2009, deve demorar a ser ouvido novamente.

    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024