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    Torcedor que não via Fla-Flu havia 40 anos vibra com clássico no Pacaembu

    GUILHERME SETO
    DE SÃO PAULO

    21/03/2016 02h00

    O Maracanã deve ter ficado enciumado, mas o Pacaembu estava morrendo de saudades do Fla-Flu.

    Setenta e quatro anos depois de ter recebido pela primeira vez o clássico cuja alcunha virou definição de qualquer refrega intensa, a cidade viu suas linhas de metrô serem tingidas de rubro-negro e tricolor (grená, verde e branco), apinhadas de torcedores a caminho de seu mais tradicional estádio para assistir ao clássico carioca, neste domingo (20).

    Nas redondezas do Pacaembu, ouvia-se com mais frequência o chiamento do sotaque carioca: "coisa mais linda do mundo", era a exclamação daqueles que olhavam para a praça Charles Miller lotada de rubro-negros que entoavam "uma vez Flamengo, Flamengo até morrer."

    Veja vídeo

    Na massa, estava o funcionário público Luis Paulo de Lima, 63, carioca que mora em São Paulo e que não via um Fla-Flu ao vivo há 40 anos. Flamenguista, ele foi ao Pacaembu acompanhado do conterrâneo tricolor Paulo Sérgio Barreto, 70, com quem se sentaria dentro do estádio no setor com torcida mista.

    "Em 1963, fui no Maracanã ainda menino e tinha 163 mil pessoas. Tem que trazer mais vezes para cá. Somos mais de 30 milhões de flamenguistas, somos universais", diz Lima.

    Ele não deve ter gostado do que viu no primeiro tempo. O Flamengo teve mais posse de bola, mas o Fluminense criou as melhores chances.

    Movido pelos gritos de "nense" de seus apoiadores, o Flu por pouco não abriu o placar em contra-ataques.

    Maioria no estádio, os flamenguistas entoaram seus melódicos cantos. Cantou-se "Vamos Flamengo, minha maior paixão, que essa taça vamos conquistar", paródia de "I Can't Take My Eyes Off Of You", de Frankie Valli; e também "Nós queremos respeito, e comprometimento", versão de "Seven Nation Army", da banda White Stripes.

    Em tempos de ânimos exaltados devido à crise política, o clássico proporcionou uma tarde de consagração pacífica das diferenças.

    O segundo tempo foi modorrento. Sem lances de efeito, os torcedores se desanimavam com erros de passe.

    Tudo terminou igual à outra edição do clássico no Pacaembu, em 1942: 0 a 0.

    Mas o futebol murcho não foi suficiente para acabar com a festa. Na saída do portão principal, um grupo de torcedores das duas equipes cantava entre abraços: "aha, uhu, o Maracambu é nosso."

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