Os clássicos realizados no Estado de São Paulo passam a ter torcida única.

Essa foi a decisão tomada pela Secretaria de Segurança Pública após uma série de episódios de violência neste domingo (3), antes e depois do jogo entre Palmeiras e Corinthians, no Pacaembu.

Além dessa medida, válida até 31 de dezembro deste ano, outras duas ações foram anunciadas pelo governo: os clubes não poderão mais entregar ingressos separadamente para as organizadas e elas estarão proibidas de levar adereços que as identifiquem para os estádios, como camisetas, bandeiras, faixas e instrumentos musicais com os seus símbolos –camisas de clubes não estão proibidas.

"Isso evitará a necessidade, que tem crescido cada vez mais, da Polícia Militar fazer comboio e escolta adversária. Nós teremos um maior policiamento para fazer o entorno e as demais áreas. Isso também foi discutido. E obviamente, senhores, não é uma medida mágica, mas acreditamos que a somatória das medidas possa fazer evoluir", afirmou o secretário de Segurança, Alexandre de Moraes.

"A gente sabe que a torcida pode se reunir em algum ponto, é verdade. Isso vai fazer parte da inteligência da polícia. Em jogos com torcida única, a torcida adversária não fica previamente preparada", completou.

Participaram da reunião representantes da Federação Paulista de Futebol (FPF), do Ministério Público, do Poder Judiciário, da Polícia Militar e da Polícia Civil.

As discussões duraram cerca de uma hora, na sede da Secretaria de Segurança Pública, no centro da capital paulista.

Integrantes de torcidas organizadas brigam em estação do metrô, em São Paulo

No último domingo, 56 pessoas foram detidas por envolvimento em quatro conflitos entre torcedores corintianos e palmeirenses na Grande São Paulo.

Três deles aconteceram antes mesmo do clássico no Pacaembu, vencido pelo Palmeiras por 1 a 0.

O primeiro foi desencadeado na avenida Tiradentes, em Guarulhos. Por volta das 9h40, torcedores armados com paus, barras de ferro e rojões se enfrentaram em área próxima à sub-sede da Gaviões da Fiel na cidade. Neste confronto, 27 pessoas foram detidas pela PM.

Em seguida, por volta das 11h20, outro confronto foi registrado São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo.

Palmeirenses e corintianos com barras de ferro, pedaços de madeira e rojões se encontraram na praça Padre Aleixo Monteiro Mafra. Neste confronto, outros três torcedores foram presos.

Durante a briga, um homem morreu com um tiro de arma de fogo no coração.

Onde foram as brigas

Ele não participava do confronto e ainda não foi identificado. O corpo está no IML de Artur Alvim, esperando para ser reconhecido. A polícia tenta identificar a vítima por suas impressões digitais.

Uma pessoa apareceu na noite desta segunda (4) no local dando notícia de um desaparecimento, mas ainda não se sabe se o o homem baleado foi o procurado.

De acordo com informações da polícia, a vítima teria cerca de 60 anos e esperava um ônibus no momento em que a bala o atingiu.

Vinte minutos depois, um novo confronto entre torcedores das duas equipes aconteceu na estação Brás do Metrô, também na zona leste.

Rojões foram disparados dentro da estação e janelas e bancos foram quebrados, mas ninguém foi detido.

APÓS O JOGO

Um quarto confronto foi registrado após a partida, por volta das 20h. Dezenas de corintianos que estavam em um caminhão que carregava instrumentos musicais e bandeiras da torcida agrediram três palmeirenses na av. Doutor Arnaldo, próximo à estação Clínicas. Nesse último confronto, 29 torcedores foram presos pela polícia.

Os confrontos aconteceram na mesma semana em que um palmeirense foi preso. Deivison Correia é acusado de ter participado de agressão ao presidente da Gaviões da Fiel, no início do mês de março.

Desde 2010, 113 pessoas morreram em brigas envolvendo futebol, segundo uma pesquisa coordenada pelo sociólogo Mauricio Murad.

PRISÃO E BUSCAS

Os confrontos entre as torcidas ocorre na mesma semana em que um palmeirense foi preso acusado de participar do espancamento de dois dirigentes da Gaviões da Fiel no mês passado.

Em outra ação da Polícia, na sede da Gaviões da Fiel, no Bom Retiro, zona central de São Paulo, foi cumprido um mandado de busca e apreensão no local.

Os policiais buscavam o material que foi utilizado pelos agressores no espancamento do presidente da torcida Gaviões da Fiel, Rodrigo Fonseca, o Diguinho, e do secretário Cristiano Morais, o Cris.