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    Corrupção no futebol

    Presidente da Fifa está em lista de envolvidos em negócios com offshores

    DE SÃO PAULO

    05/04/2016 15h22

    Presidente da Fifa, o suíço Gianni Infantino está na relação de pessoas envolvidas em transações com offshores, contas abertas em paraísos fiscais. A informação é do diário inglês "The Guardian".

    De acordo com a reportagem do jornal, os arquivos levantam dúvidas sobre a participação do dirigente em acordos realizados quando foi diretor jurídico da Uefa, entidade que rege o futebol europeu.

    Registros mostram que a Uefa concluiu acordos em paraísos fiscais com dirigentes acusados de corrupção, apesar da entidade ter negado anteriormente qualquer ligação com o caso.

    Os documentos teriam sido coassinados por Infantino entre 2003 e 2006 e relacionam, pela primeira vez, a Uefa com uma das companhias envolvidas no caso de corrupção investigado pela Justiça dos EUA.

    A Uefa rejeita ter qualquer participação direta, de seus funcionários ou seus parceiros de marketing com o caso. Da mesma forma, a Fifa nega que o atual presidente tenha qualquer ligação com qualquer dirigente investigado, nem com as companhias envolvidas.

    Através de um comunicado, Infantino negou qualquer envolvimento nas transações offshores. "Estou consternado e não vou aceitar que minha integridade esteja sendo posta em dúvida por certas áreas da mídia, especialmente dado que a Uefa já tenha divulgado em detalhe todos os fatos em relação a esses contratos.

    Ruben Sprich - 18.mar.2016/Reuters
    O presidente da Fifa, Gianni Infantino, durante entrevista
    O presidente da Fifa, Gianni Infantino, durante entrevista

    PARCEIRO

    Os documentos, segundo o "The Guardian", revelam que Infantino participou da venda dos direitos de transmissão das competições da Uefa —Liga dos Campeões, Copa do Uefa e Supercopa— para a América do Sul.

    Os direitos foram adquiridos pela companhia argentina Cross Trading, que imediatamente os repassou para o canal Teleamazonas, do Equador, por mais de três vezes o preço pago anteriormente. Os contratos cobrem o período entre 2003 e 2009.

    A Cross Trading é uma subsidiária da companhia Full Play, de propriedade de Hugo Jinkis. O empresário argentino foi um dos que recebeu propina em acordos de negociação de direitos de transmissão de torneios promovidos pela Conmebol.

    Em razão disso, Jinkis e seu filho Mariano estão sob prisão domiciliar na Argentina.

    NEGÓCIO SUSPEITO

    Os contratos revelam que a Cross Trading, registrada em Nieu, no sul do Pacífico, investigou US$ 111 mil para comprar com exclusividade os direitos da Liga dos Campeões para o Equador. A companhia então recebeu US$ 311 mil para revender para a Teleamazonas.

    A Uefa insistiu que não houve qualquer ilegalidade no acordo. O órgão ainda diz que, na época, não tinha qualquer indício de que Jinkis estaria envolvido em um escândalo de corrupção anos depois.

    A entidade diz que os direitos foram vendidos "em conformidade com um processo aberto e competitivo" e que a proposta da Cross Trading foi 20% superior ao concorrente mais próximo.

    "Não há sugestão, de forma alguma, de que qualquer dirigente da Uefa ou parceiro de marketing tenha recebido qualquer tipo de suborno ou propina, seja em relação a este pequeno acordo, ou qualquer outra transação comercial", afirmou em comunicado.

    "O contrato de TV em questão foi assinado por Gianni Infantino, já que ele era um dos vários diretores da Uefa encarregados de assinar contratos na época. Como vocês podem ter observado, o contrato foi também coassinado por outro diretor da Uefa. É a prática padrão", completou.

    A apuração internacional que revelou o caso que envolve Infantino começou quando o jornal alemão "Süddeustche Zeitung" obteve 11,5 milhões de documentos sobre o escritório do Panamá e compartilhou os papéis com 376 jornalistas de 109 veículos em 76 países, todos ligados ao ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos), uma entidade sem fins lucrativos com sede em Washington, nos Estados Unidos.

    No Brasil, a investigação foi conduzida pelo UOL, que faz parte do grupo Folha, pelo jornal "O Estado de S. Paulo" e pela Rede TV!. A série de reportagens foi batizada internacionalmente de "Panama Papers".

    OUTRO LADO

    Infantino divulgou uma nota nesta terça afirmando que não há nenhum desvio de conduta em sua atuação no caso. Confira a nota na íntegra:

    Estou consternado e não vou aceitar que minha integridade esteja sendo posta em dúvida por certas áreas da mídia, especialmente dado que a Uefa já tenha divulgado em detalhe todos os fatos em relação a esses contratos.

    Do momento em que em fiquei ciente das últimas entradas na mídia no assunto, eu imediatamente contactei a Uefa procurando clareza. Fiz isso porque não estou mais na Uefa, e são eles que exclusivamente detém toda situação contratual relacionada a essa questão. No meio tempo, a Uefa anunciou que está conduzindo uma releitura de seus numerosos contratos comerciais e tem respondido extensamente todas as questões da mídia relacionadas a esses contratos específicos.

    Como disse anteriormente, nunca lidei pessoalmente com a Cross Trading e nenhum de seus donos, já que o processo foi conduzido pelo Team Marketing em prol da Uefa.

    Gostaria de dizer que nem a Uefa nem eu fomos contactados por nenhuma autoridade em relação a esses contratos específicos.

    Além disso, como a mídia já informa, não há indicação alguma de nenhum desvio de conduta tanto da Uefa quanto meu em relação a essa questão.

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