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    Maratona de Boston celebra rebelde das corridas de rua

    RODOLFO LUCENA
    DE SÃO PAULO

    16/04/2016 11h33

    Steven Senne/Associated Press
    Roberta "Bobbi" Gibb, primeira corredora da história a completar a maratona de Boston
    Roberta "Bobbi" Gibb, primeira corredora da história a completar a maratona de Boston

    Discriminatória até o início da década de 1970, a mais tradicional maratona do mundo homenageia neste ano a mulher rebelde que, em 1966, não aceitou um "não" como resposta e, mesmo proibida, foi para o asfalto para se tornar a primeira corredora da história a completar a maratona de Boston.

    Roberta "Bobbi" Gibb, hoje com 73 anos, será a Grande Mestra de Cerimônias na 120ª edição da prova, que acontece nesta segunda-feira (18). Vai circular em carro especial, rodando à frente do pelotão dos corredores, como se num abre-alas maratonístico.

    Situação muito diferente da que enfrentou em 1966. Seu pedido de registro como corredora na edição daquele ano da maratona de Boston teve uma resposta fria e desanimadora.

    Will Cloney, então diretor da prova, lhe escreveu uma carta dizendo que mulheres não eram fisiologicamente aptas a correr 42 quilômetros. Mesmo que fossem, as regras não permitiam a participação de mulheres na maratona.

    "Mais uma razão para eu correr", pensou ela na época, segundo conta em suas memórias. Gibb já treinava corrida havia dois anos e era capaz de fazer percursos de mais de 60 quilômetros.

    "Havia uma crença que impedia metade da população do mundo de experimentar a vida completamente. Eu acreditava que se todos, homens e mulheres, pudessem encontrar na corrida a paz e a satisfação que eu alcançava, o mundo seria um lugar melhor, mais feliz e mais saudável".

    Com essa disposição, ela se escondeu atrás de alguns arbustos próximo à largada da prova, vestindo agasalho com capuz que escondia seu rabo-de-cavalo. Quando soou o tiro, meteu-se no meio da multidão e mandou ver.

    Completou em 3h21min40, adorou, foi festejada pelo público e cumprimentada pelo então governador de Massachusetts, John Volpe. Deixou claro que mulheres eram capazes de correr maratonas.

    A discriminação sexual na maratona de Boston só caiu em 1972. Em 1996, nos 30º aniversário de seu feito, Gibb recebeu oficialmente a medalha por sua participação. Foi o reconhecimento de seu lugar na história.

    Nesta segunda-feira, estará no abre-alas à frente de 30 mil corredores –14 mil deles mulheres. Desde a estreia rebelde de Gibb, mais de 164 mil mulheres já concluíram a maratona de Boston.

    Uma das mais disputadas maratonas do mundo, Boston tem neste ano 38 atletas de 12 países no pelotão de elite. Na lista estão o brasileiro Solonei Rocha da Silva, campeão pan-americano de 2011, e a campeã olímpica Tiki Gelana, da Etiópia.

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