O ex-presidente da Fifa Joseph Blatter afirmou nesta quinta (21) que os Estados Unidos e a Suíça lhe pediram ajuda para demover o presidente do Burundi, Pierre Nkurunziza, da tentativa de se reeleger pela segunda vez.

Em abril do ano passado, Nkurunziza afirmou querer o terceiro mandato, inconstitucional, depois que uma tentativa de golpe militar contra ele falhou.

Segundo Blatter, o secretário de Estado americano John Kerry estava envolvido na intervenção, que teria sido pedida pelo Ministério de Relações Exteriores da Suíça. As informações estão em seu livro, "Sepp Blatter: Mission and Passion Fussball" (Sepp Blatter: Futebol de paixão e missão, em tradução livre), lançado nesta quinta, em Zurique.

Blatter disse que ofereceu ao presidente do país africano um cargo de embaixador da Fifa para que ele não se candidatasse novamente.

"Eu propus ao presidente, que é grande fã de futebol, em frente a testemunhas, que seria uma vantagem para o país dele e para ele se a Fifa o colocasse como embaixador para o futebol na África, ou até no mundo todo", disse Blatter em entrevista publicada no livro escrito por seu porta-voz, Thomas Renggli.

O imbróglio diplomático teria ocorrido um ano atrás, enquanto o Departamento de Justiça dos EUA preparava o indiciamento de diversas autoridades da Fifa por propina, fraude e lavagem de dinheiro, em 27 de maio de 2015.

Blatter foi afastado da presidência da entidade em outubro do ano passado, quando foi suspenso pelo Comitê de Ética por um pagamento suspeito de 2 milhões de francos suíços a Michel Platini em 2011, por trabalhos realizados entre 1999 e 2002.

Antes disso, Nkurunziza rejeitou a proposta de Blatter e acabou se reelegendo em julho de 2015.

O Ministério das Relações Exteriores suíço confirmou o contato com Blatter e afirmou, em nota, que "a intenção era contribuir para uma solução pacífica com o objetivo de prevenir a atual crise em Burundi". Diz, no entanto, que a Suíça "nunca pediu ao presidente Nkurunziza que ele não concorresse mais à presidência".

Cronologia do escândalo de corrupção na Fifa - Editoria de arte/Folhapress