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    Audax chega à final com jogadores rejeitados por grandes times do Brasil

    LUIZ COSENZO
    ENVIADO ESPECIAL A SOROCABA

    08/05/2016 02h00

    Renato Silvestre/Divulgação/Audax
    SAO PAULO, SP - 23.04.2016 - CORINTHIANS X AUDAX/CAMPEONATO PAULISTA 2016 SERIE A1 - NA FOTO: - Partida entre Corinthians (SP) e Audax Osasco (SP) valida pela semifinal do campeonato paulista 2016, serie A1, na noite deste sabado (13), na Arena Corinthians, em Sao Paulo. (Foto: Renato Silvestre) *** TCHE TCHE *** ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Tchê Tchê (dir.) comemora seu gol no Itaquerão

    Jogadores rejeitados por grandes times do futebol brasileiro ou que rodaram o interior de São Paulo e sem um medalhão no elenco. É assim que o técnico Fernando Diniz, 42, formou a base do Audax, sensação do Campeonato Paulista.

    No comando do time desde 2013, o treinador montou um grupo que se enquadre na sua filosofia de trabalho, tenha o pensamento de crescer na carreira e vontade de retornar para um clube de ponta do país.

    "Gosto de ver o talento surgir, o talento emergir. Se a gente contrata um medalhão, vamos comprometer só com um jogador 20% da nossa folha salarial. E é difícil achar um jogador [medalhão] que se enquadre no nosso perfil, na nossa filosofia", disse o treinador, que explicou como foi a montagem do elenco.

    "A maioria dos jogadores que contratamos era aposta. Buscamos informações sobre o comportamento do jogador, como ele se comporta em momentos de decisão e formamos esse grupo. Conseguimos recuperar alguns jogadores que não viviam um bom momento na carreira".

    Dos 11 jogadores que devem ser titulares neste domingo, oito já tiveram a chance de estourar no cenário nacional, mas não souberam aproveitar ou tiveram pouquíssimas chances.

    Um deles é o atacante Bruno Paulo, 26, apontado como promessa quando teve sua primeira chance no profissional do Flamengo em 2009. Ele ainda vestiu as camisas de Palmeiras e Vasco, onde foi pouco aproveitado. Na equipe alviverde, chegou em março de 2010 e foi dispensado três meses depois.

    O camisa 8 do time de Osasco reconhece que a culpa pelo fracasso foi em razão do seu comportamento fora das quatro linhas.

    "Vim de uma família muito simples e, não tive a estrutura necessária, já que tinha 19 anos. Ganhava muito pouco na base e de repente passei a receber muito mais [no profissional]. Saía várias vezes na semana e ia treinar virado. É pagodeiro, é funkeiro, é festa toda hora e todos são seus amigos, mas quando você realmente precisa esse pessoal vira as costas", relatou.

    Ele diz que tomou consciência que estava desperdiçando uma oportunidade cinco anos depois, quando sua mãe pediu ajuda para quitar coisas de casa.

    "Foi um aprendizado. Ainda bem que tenho muita coisa para conquistar na vida. Espero que a minha história sirva de espelho para muitas crianças que têm o sonho de jogar futebol. Hoje, o meu sonho é conquistar esse título [Campeonato Paulista] e retornar ao Flamengo. Na minha casa todos são flamenguistas", contou o jogador antes do Corinthians mostrar interesse por ele. O atacante deve se apresentar ao time da capital logo após o fim do Paulista.

    O goleiro Sidão, 33, não teve a quantidade de oportunidades do seu companheiro. Ele chegou a atuar pela equipe B do Corinthians no início dos anos 2000, mas a vida fora dos gramados também prejudicou sua carreira.

    Renato Silvestre/Osasco Audax
    Sidão controla a bola durante o aquecimento
    Sidão controla a bola durante o aquecimento

    "Com 17 para 18 anos, fiz muita coisa errada. Bebia, fumava maconha e me perdi na noite. Neste período, minha mãe também morreu", disse o goleiro, que chegou a ficar desempregado no futebol e fez bico de segurança, inclusive trabalhou no Teatro Municipal de São Paulo.

    O meio-campista Camacho, 26, não teve problemas fora das quatro linhas, mas não estourou no Flamengo. Apontado como promessa, o camisa 11 do clube de Osasco foi emprestado para Paraná, Goiás, Bahia, Audax Rio e Guaratinguetá. No ano passado, ganhou uma chance no Botafogo, mas não permaneceu.

    O volante Francis, que deverá atuar no lugar de André Castro neste domingo, o zagueiro Bruno Silva e os atacantes Mike e Ytalo também passaram por equipes grandes.

    Revelado no Palmeiras, Francis foi campeão paulista em 2008, mas não conseguiu se firmar. No mesmo ano, Bruno Silva sagrou-se campeão brasileiro pelo São Paulo, onde fez sua base.

    Já Mike e Ytalo tiveram chances no Internacional. Revelado pelo Paulista de Jundiaí, o primeiro chegou ao time gaúcho em 2012. Ficou uma temporada no clube e depois foi emprestado para Botafogo-SP, Sport e Audax. Ytalo foi para a equipe colorada em 2010, mas também foi pouco aproveitado.

    A lista ainda tem Juninho, que acumula apenas três jogos pelo Palmeiras.

    Um dos destaques do time finalista, Velicka, 30, não coleciona passagens por grandes equipes do futebol nacional, mas fez sua carreira praticamente no interior de São Paulo. Já passou por mais de nove clubes antes de chegar ao time finalista do Estadual.

    Tchê Tchê terá a primeira oportunidade de atuar por uma equipe de ponta após o Paulista, quando se apresentará ao Palmeiras. O mesmo caminho pode ter Yuri, que está na mira do Santos.

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