Os únicos técnicos estrangeiros da elite do futebol brasileiro comandam os dois times do país que seguem vivos na briga pelo título da Libertadores. E as semelhanças entre o argentino Edgardo Bauza, do São Paulo, e o uruguaio Diego Aguirre, do Atlético-MG, não param por aí.

Os comandantes das equipes que se enfrentam nesta quarta (11), às 21h45, no Morumbi, pelas quartas de final da competição tiveram carreiras frutíferas como jogadores, despontaram como treinadores nos times onde são ídolos e assumiram suas atuais equipes neste ano.

Ambos enfrentaram resistência ao longo da temporada, mas com pequenas mudanças no dia a dia ganharam a confiança dos jogadores e da torcida e credenciaram seus clubes ao título.

Com estilo mais fechado, Bauza implantou um sistema rígido no São Paulo. Com treinos até aos domingos, exige que os jogadores cheguem ao centro de treinamento meia hora antes do início das atividades, o que não era praxe no clube do Morumbi.

	Washington Alves/Reuters
	Aguirre comemora gol da vitória do Atlético-MG sobre o Racing-ARG

O argentino também acompanha de perto o planejamento logístico do time. O roteiro para jogar na altitude de Toluca (2.680 m), no México, pelas oitavas da Libertadores, por exemplo, teve atuação direta do treinador, que decidiu ir para a litorânea Acapulco três dias antes.

A personalidade de Bauza também é bastante diferente da de seu antecessor, Milton Cruz. Mais reservado, ele mantém relação estritamente profissional com os atletas, com poucas conversas individuais —quando acontecem, são restritas a assuntos relacionados ao futebol.

Além da personalidade, a língua é um obstáculo para a relação mais próxima. Há menos de seis meses no Brasil, o técnico mal fala português.

DE CASA

Aguirre, por sua vez, não encontra dificuldades com a língua —jogou no Brasil pelo próprio São Paulo e pelo Inter, no qual também foi treinador. Mas, assim como seu adversário, mantém a relação com os atletas na esfera futebolística. Foi uma mudança significativa após a saída do emocional Levir Culpi.

Outra alteração foi na forma como o técnico aproveita o elenco. Aguirre muda o time constantemente, inclusive colocando jogadores em posições que não são a de costume. O volante Júnior Urso, por exemplo, deve atuar como ponta nesta quarta.

Além disso, Aguirre traz inovações para dentro de campo. Após sua chegada, o Atlético-MG adquiriu um drone para filmagem aérea de treinos, e fechou contrato com empresa que mapeia o desempenho dos jogadores.

HISTÓRIA

Os treinadores duelam pela possibilidade de chegar à terceira final de Libertadores de suas carreiras. Ídolo do Peñarol (URU), Aguirre foi campeão como jogador, em 1987, e vice como técnico, em 2011. Bauza foi duas vezes campeão como técnico: em 2008, com a LDU (EQU), e em 2014, com o San Lorenzo (ARG).

Caso chegue às semifinais, ele pode cruzar com o Rosario Central (ARG), equipe pela qual se tornou ídolo e iniciou a carreira de técnico, em 1998. Jogando pelo clube argentino, foi campeão nacional e chegou à seleção na Copa de 1990, na Itália.

Já Aguirre, dependendo de outros resultados, pode enfrentar o maior rival de sua carreira na final: o Nacional (URU), que está do outro lado da chave e joga com o Boca Juniors, na quinta (12).

RIO-X DIEGO AGUIRRE

NASCIMENTO
13.set.1965 (50 anos), em Montevideu (URU)

TÍTULOS COMO TREINADOR
Campeonato Uruguaio de 2003 e 2009-10 (Peñarol)
Clausura Uruguaio de 2003 e 2010 (Peñarol)
Campeonato Gaúcho de 2015 (Inter)

RAIO-X EDGARDO BAUZA

NASCIMENTO
26.jan.1958 (58 anos), em G. Baigorria (ARG)

TÍTULOS COMO TREINADOR
Libertadores de 2008 (LDU) e 2014 (San Lorenzo)
Clausura Peruano de 2004 (S. Cristal)
Campeonato Equatoriano de 2007(LDU)

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SÃO PAULO
Denis; Bruno, Maicon, Rodrigo Caio e Mena; Hudson, Thiago Mendes; Wesley, Ganso e Kelvin; Calleri. Técnico: Edgardo Bauza

ATLÉTICO-MG
Victor; Marcos Rocha, Erazzo, Leonardo Silva e D. Santos; Leandro Donizete, Rafael Carioca, Júnior Urso, Robinho e Cazares; Pratto. Técnico: Aguirre

Estádio: Morumbi
Árbitro: Wilmar Roldán (COL)
TV: 21h45, Globo (SP), Fox Sports e SporTV