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    Copa América

    Investigação aponta mais de R$ 60 mi de propina para realizar Copa América

    MARCEL RIZZO
    ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES

    03/06/2016 12h19

    Começa nesta sexta (3) o torneio que deu o empurrão para que um esquema de corrupção no futebol das Américas acabasse desvendado e dezenas de cartolas fossem acusados de corrupção e, alguns deles, presos.

    A Copa América Centenário comemora os 100 anos da Conmebol (Confederação Sul-Americana) e do campeonato e contará, pela primeira vez, com seleções também da Concacaf (Confederação das Américas do Norte, Central e Caribe).

    Mas, segundo investigação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, ela foi criada principalmente com a intenção de resolver uma pendenga judicial entre empresas de marketing esportivo especializadas em pagar propinas a cartolas pelo direito de torneios no continente americano.

    Pela realização desta competição, mais de 20 dirigentes esportivos teriam recebido total de US$ 17 milhões em propinas – dinheiro que teria sido movimentado em contas nos Estados Unidos, por isso a denúncia neste país.

    Em duas operações diferentes, uma em maio e outra em dezembro de 2015, 12 dirigentes foram presos e mais de 20 denunciados por, segundo a Justiça norte-americana, receberem dinheiro para vender os direitos de competições como a Libertadores, a Copa América e até a Copa do Brasil, o torneio eliminatório entre clubes brasileiros.

    Entre os presos estão três dos últimos quatro ex-presidentes da Conmebol (os paraguaios Nicolás Leoz e Juan Ángel Napout e o uruguaio Eugenio Figueredo ), além do ex-presidente da CBF José Maria Marin, e entre os acusados o atual mandatário da confederação, Marco Polo Del Nero – todos negam as acusações.

    Editoria de Arte/Folhapress
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    MILHÕES DE DÓLARES

    Tudo começou, porém, cinco anos antes das prisões, em 2010, quando a Conmebol assinou com uma empresa argentina chamada Full Play os direitos de comercialização das Copas Américas de 2015 (Chile), 2019 (Brasil) e 2023 (Equador). A Traffic, do brasileiro J. Hawilla, então detentora do contrato, sentiu-se prejudicada e acionou a Justiça – Hawilla, depois, se tornou o principal delator de todo o esquema.
    Para evitar que a a disputa judicial se arrastasse, em maio de 2013 as duas empresas, aliadas a uma terceira, a Torneos, da Argentina, criaram em sociedade uma nova companhia, a Datisa, que assinou com a Conmebol, e depois com a Concacaf, os direitos sobre a Copa América, com um agrado: a criação de um torneio, em 2016, para comemorar os 100 anos da Conmebol.

    O torneio extra serviria, segundo a investigação norte-americana, para que as empresas recuperassem o dinheiro perdido durante os anos de disputa jurídica, e rendeu aos principais dirigentes das Américas ainda mais propinas.

    O valor total que a Datisa pagou para ter direito pela Copa América Centenário foi de US$ 112,5 milhões, destes US$ 77,5 milhões para a Conmebol e US$ 35 milhões para a Concacaf. Mais US$ 17 milhões foram pagos em propinas, sempre segundo a investigação da Justiça dos Estados Unidos, com US$ 10 milhões para dirigentes da América do Sul e US$ 7 milhões para os das outras Américas.

    Teriam dividido o dinheiro o presidente da Conmebol na ocasião, Eugenio Figueredo, o argentino Julio Grondona, José Maria Marin, outros sete cartolas das outras confederações sul-americanas e mais.

    A revelação das investigações, as acusações e prisões fizeram a Copa América Centenário ficar a um passo de não acontecer. Só foi mantida porque a federação de futebol dos Estados Unidos tomou frente na organização, e a manteve de pé. Hoje, Conmebol e Concacaf, apesar de aparecerem como organizadoras do evento, são meras espectadoras, apurou a Folha. Toda a parte comercial e de realização está nas mãos da US Soccer.

    O contrato com a Datisa foi rompido, e os dirigentes americanos venderam os direitos para a IMG, empresa com sede em Nova York, e para a Soccer United Marketing (SUM), que é o principal braço comercial da MLS (Major League Soccer), a mais rica liga de futebol norte-americana.

    "O torneio será o começo do segundo da história do futebol na América do Sul", disse o novo presidente da Conmebol, o paraguaio Alejandro Dominguez, que assumiu em janeiro de 2016.

    Como a bola vai rolar, Estados Unidos e Colômbia, em Santa Clara, nos arredores de San Francisco, abrem o torneio nesta sexta. O Brasil estreia sábado (4), em Pasadena, ao lado de Los Angeles, contra o Equador, pelo Grupo B.

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