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    Copa América

    Filhos de expatriados desafiam o Brasil na Copa América

    MARCEL RIZZO
    DE ENVIADO ESPECIAL A ORLANDO (EUA)

    08/06/2016 02h00

    Mark Ralston/AFP
    Duckens Nazon (dir.), do Haiti, durante jogo contra o Peru
    Duckens Nazon (dir.), do Haiti, durante jogo contra o Peru

    Há quase 12 anos, a seleção brasileira fez 6 a 0 no Haiti em amistoso em Porto Príncipe, a capital do país.

    A partida ficou conhecida como o "jogo da paz". A equipe então comandada por Carlos Alberto Parreira foi ao Haiti, que enfrentava guerra civil, a pedido do governo brasileiro, que comandava parte do contingente militar responsável por tentar dar segurança ao país caribenho.

    Um time formado por atletas amadores recebeu um Brasil com Ronaldo.

    Nesta quarta (8), em Orlando, às 20h30 (de Brasília), a seleção volta a enfrentar o Haiti, mas desta vez vai encontrar um rival distante do amadorismo. O adversário guarda outra característica: é formado, em boa parte, por atletas nascidos fora do Haiti, filhos de pais expatriados por razões políticas ou sociais.

    Nenhuma equipe nesta Copa América Centenário tem tantos atletas espalhados pelo mundo como o Haiti: os 23 convocados jogam em 12 países. O Brasil conta com atletas atuando em oito países.

    Só um jogador do elenco haitiano —o terceiro goleiro, Odelus— pode ser considerado semi-amador. É o único a atuar no futebol local, em que os atletas precisam ter outro emprego para sobreviver.

    O restante do elenco é profissional. A maioria atua na França e nos EUA. No caso francês, não só pela facilidade de língua —o idioma oficial do Haiti é o francês.

    Jogadores fora do Haiti

    Para conseguir montar um time competitivo, a federação haitiana foi atrás de filhos de expatriados. Dos atletas que estão na Copa América, nove não nasceram no Haiti: sete são franceses, um americano e outro suíço. Entre os prováveis titulares, cinco são filhos de expatriados

    "Tenho orgulho de defender o Haiti, apesar de quase não ter ido para lá. Jogamos como se vivêssemos lá desde sempre", disse o atacante Duckens Nazon, 22, do Stade Lavallois, da França.

    Esses atletas jogam em clubes menores nos países em que vivem, por isso não teriam chance de defender seleções como França.

    Os seis atletas que atuam nos EUA estão em ligas inferiores à principal no país, a MLS (Major League Soccer).

    "Temos estratégia para tentar vencer o Brasil", disse o técnico Patrice Neveu, francês de 62 anos, que já treinou seleções em desenvolvimento, como Mauritânia. Ele não disse como seria esse plano.

    Editoria de arte/Folhapress

    "Houve um grande crescimento no nível técnico do Haiti nos últimos anos", afirmou o técnico. Os 6 a 0 em 2004 foi o início da estruturação do futebol local. O Haiti é hoje o 74° no ranking Fifa, melhor colocado que outros dois times dessa Copa América, Venezuela (77º) e Bolívia (82º).

    Na estreia, a equipe foi derrotada pelo Peru por 1 a 0.

    "A Copa seria um sonho. Mas enfrentar o Brasil em um jogo oficial já é algo para elevar o patamar do Haiti", disse o meia Jean Marc Alexander, 29, que atua no Ford Lauderdale Strikers, nos EUA.

    A vaga para Rússia-2018, porém, parece distante. O Haiti tem só um ponto na quarta fase das eliminatórias.

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