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    Campeonato Brasileiro 2016 - Série A

    STJD interdita Mané Garrincha, mas abre exceção para Flu e Corinthians

    CAMILA MATTOSO
    DE SÃO PAULO

    08/06/2016 14h21 - Atualizado às 20h10

    Três dias após a confusão entre as torcidas do Flamengo e do Palmeiras, o presidente do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), Caio César Rocha, atendeu o pedido da Procuradoria e interditou o estádio Mané Garrincha.

    De acordo com o presidente do STJD, o "local não reúne condições para receber partidas com a devida segurança".

    A interdição deverá ser mantida até que sejam apresentadas soluções que garantam a plena segurança do estádio.

    Há uma exceção, porém. O Tribunal permitiu que o duelo entre Fluminense e Corinthians ocorra no local, pois já estava marcado – acontecerá no próximo dia 16.

    Para isso, o STJD pede que a CBF se responsabilize, junto com os clubes, pela segurança no Mané.

    "Em caso de manutenção da partida no referido estádio, assumirá ela, juntamente com os clubes, a responsabilidade pela segurança na praça desportiva. Registro, com efeito, que essa prévia notificação à Diretoria de
    Competições da CBF é feita de modo excepcionalíssimo, diante das circunstâncias específicas do caso, de sorte que não se abrirá qualquer outra exceção", diz trecho da decisão do presidente do STJD, Caio Rocha.

    A decisão se restringe para realização de jogos de futebol e não se aplica a outros eventos.

    Há um ano, a Folha mostrou que o Mané Garrincha, estádio mais caro da Copa, ao custo mais de R$ 1,4 bilhão, tem custo mensal de R$ 600 mil, bancados pelo governo do Distrito Federal, e prejuízo anual de R$ 3,6 milhões. As principais rendas vêm especialmente de jogos de clubes do Rio e São Paulo, quando esses times aceitam transferir as partidas para lá.

    Além de jogos de futebol, o local apela a outro tipo de saída para diminuir o prejuízo e a pecha de elefante branco. Transferiu para as áreas internas do estádio algumas repartições públicas.

    Agora, secretarias do governo do Distrito Federal, como a de Esporte e Lazer, Movimento Econômico e Ouvidoria, estão baseadas no estádio, que não tem uma agenda fixa de eventos e jogos.
     
    O local foi palco da Copa das Confederações, da Copa do Mundo e também sediará jogos da Olimpíada do Rio. Na Copa das Confederações, sediou a vitória do Brasil sobre o Japão por 3 a 0 —jogo de abertura da competição. Já na Copa do Mundo, foi palco de sete jogos, entre eles a vitória da Holanda sobre a seleção brasileira por 3 a 0, em partida válida pela decisão do terceiro lugar.

    Na Olimpíada, o local abrigará dez partidas — sete do torneio masculino e três do torneio feminino.

    Veja vídeo

    CONFUSÃO ENTRE PALMEIRENSES E FLAMENGUISTAS

    Torcedores de Palmeiras e Flamengo se enfrentaram no estádio Mané Garrincha no intervalo da partida disputada no último domingo. De acordo com a Polícia Militar do Distrito Federal, os palmirenses deixaram o seu local reservado na arquibancada e saíram correndo em direção a torcida da equipe carioca. Seguranças ainda tentaram conter o avanço dos torcedores, mas não conseguiram.

    A PM ainda informou que "os palmeirenses estavam com o rosto tampado com camisetas. Vários torcedores ainda entraram na área dos bares, pegaram lixeiras e arremessaram contra os policiais, momento que teve outra reação da PM, que usou gás de pimenta e bombas de efeito moral para dispersar os torcedores".

    No total, 21 torcedores foram detidos.

    Dois torcedores feridos durante a briga receberam alta na manhã desta segunda-feira (6). Um terceiro torcedor, que foi gravemente ferido, continua internado na sala vermelha do Hospital de Base, setor com suporte à UTI.

    Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação
    Gabriel Jesus domina a bola no peito durante jogo contra o Flamengo
    Gabriel Jesus domina a bola no peito durante jogo contra o Flamengo

    O Superior Tribunal de Justiça Desportiva denunciou Palmeiras e Flamengo pela confusão e os clubes podem perder até dez jogos de mando.

    BRIGAS

    As brigas entre torcidas no estádio Mané Garrincha é algo que se tornou comum desde que o estádio foi inaugurado para a Copa das Confederações e para o Mundial de 2014.

    Em agosto de 2013, torcedores do Flamengo e do São Paulo se enfrentaram. Um flamenguista foi hospitalizado com fratura na mandíbula.

    Uma semana depois, torcedores de Vasco e Corinthians também brigaram.

    Em 2014, uma briga entre torcedores de Botafogo e Atlético-MG também foi registrada.

    O estádio também foi palco de uma briga até em jogo da Série D do Campeonato Brasileiro. Em um jogo contra o Botafogo-SP, torcedores do Gama se envolveram em confusão com a torcida do arquirrival Brasiliense, que foi ao estádio apoiar o time do interior de São Paulo.

    CONFIRA A NOTA DO STJD NA ÍNTEGRA
     
    "No caso em tablado, verifico a presença inequívoca, ao menos neste juízo sumário, do fumus boni juris, na medida em que o incidente provocado por condutas (omissiva ou comissiva) do denunciado Flamengo, mandante da partida (utilização de gás de pimenta por parte dos torcedores, causando sérios riscos a todos os presentes, e brigas violentas entre as torcidas na arquibancada, ultimando em vítimas graves), violou as normas jus-desportivas atinentes à infraestrutura e segurança das praças de desporto.
     
    Ademais, a d. Procuradoria acosta aos autos elementos de prova no sentido de que não é a primeira vez que acontece um evento dessa natureza no estádio objeto do presente pedido de interdição; ao contrário, traz reportagem jornalística que assinala que "inaugurado em 2013, o estádio foi palco de duas brigas neste mesmo ano, o que, na ocasião, causou uma repercussão muito negativa na imprensa local e internacional (...) Em agosto daquele ano, novamente com uniformizadas do Fla envolvidas, houve um pancadaria generalizada com torcedores do São Paulo (...)" (fls. 16/17).
     
    Outrossim, o periculum in mora resta demonstrado, pois parece-me que, ao menos neste juízo perfunctório, o Estádio Mané Garrincha não reúne condições para receber partidas com a devida segurança, até que sejam apresentadas soluções que garantam a completa segurança no estádio, seja em relação à própria infraestrutura da arena, seja em relação à elaboração de protocolos de segurança específicos para tal estádio.
     
    Isso posto, DEFIRO a liminar para determinar a interdição do Estádio Mané Garrincha, estritamente para a realização de partidas de futebol, não se aplicando para a promoção de eventos de outra natureza (shows, por exemplo), até ulterior deliberação por parte deste Tribunal". 

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