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    análise

    Regra que consagrou Dunga foi a mesma que o derrubou na seleção

    MARCEL RIZZO
    ENVIADO ESPECIAL A BOSTON

    14/06/2016 16h59

    Para onde ia, o ex-coordenador de seleções da CBF, Gilmar Rinaldi, levava debaixo do braço uma planilha em que comparava os resultados da seleção brasileira com outras seleções pelo mundo.

    E os números eram positivos, melhores do que rivais como Alemanha e Argentina depois da Copa do Mundo de 2014. A planilha era usada sempre nos relatórios enviados mensalmente ao presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. Para a comissão técnica da seleção, tudo estava bem.

    O problema é que o papel levava em conta um contexto geral, e o resultado brasileiro era inflado porque a segunda passagem de Dunga como técnico da seleção brasileira foi um sucesso em amistosos. Mas quando valeu (em competições), o time fracassou.

    É um contraste com a carreira de Dunga na seleção, como jogador ou técnico. Ele mesmo admitia que os resultados o fizeram ter sucesso com a camisa amarela dentro de campo (superando o fracasso da Copa-1990), e o mesmo valeu como treinador na primeira passagem.

    A regra de Dunga sempre foi "não quero ter razão, quero ganhar". Frase dita pelo próprio técnico antes da Copa América Centenário.

    E foi assim entre 2006 e 2010, quando venceu a Copa América (batendo na Argentina por 3 a 0 na final), a Copa das Confederações e, nas eliminatórias, superou um pequeno período apertado, bem no início, para se classificar à África do Sul, em 2010, com sobras.

    O fracasso naquele Mundial aconteceu nas quartas de final, quando o time, e ele do banco de reservas, tiveram um apagão no segundo tempo da derrota de 2 a 1 para a Holanda — Dunga fez apenas duas alterações, um pouco parecido com o confronto contra o Peru no domingo (12), seu último agora, quando deixou o campo com duas mudanças para fazer na derrota de 1 a 0.

    Mas o que mais se criticava nele, na época da Copa-2010, não eram os resultados, ou nem mesmo a competitividade da equipe, mas sim seu tratamento pouco cordial com pessoas que criticavam algo em seu trabalho.

    "O trabalho está sendo bem feito. Temos ótimos resultados, vitórias sobre seleções fortes", disse Gilmar Rinaldi, um dia antes de cair abraçado com Dunga.

    Ele não mentiu. O Brasil venceu, nos 26 jogos que Dunga fez nesta passagem, times como França, Argentina, Estados Unidos, Colômbia e Chile. Mas sempre quando não valia absolutamente nada.

    Dunga fez 13 amistosos, e venceu todos. Nos 13 jogos restantes, todos valendo três pontos, foram cinco vitórias, cinco empates e três derrotas.

    Cronologia do Dunga

    Na Copa América-2015, perdeu para a Colômbia por 1 a 0 na primeira fase, avançou ainda em primeiro, mas caiu nas quartas de final depois de 1 a 1 com o Paraguai, e fracasso nos pênaltis.

    Nas eliminatórias, estreou com derrota de 2 a 0 para o Chile. Nesta competição, só bateu os fracos Venezuela e Peru. Em sexto na tabela depois de seis rodadas, com nove pontos, está fora da zona de classificação para a Rússia-2018, algo que na primeira passagem de Dunga não aconteceu.

    A derrota para o Peru por 1 a 0, e a eliminação precoce na Copa América Centenário dos Estados Unidos, escancarou problemas em vencer quando vale.

    O diagnóstico na CBF é que Dunga, desta vez, não tinha a confiança de seus atletas como teve entre 2006 e 2010. Principalmente de seu melhor jogador: Neymar, que não foi à Copa América.

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