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    Elogio de Tite à seleção de 1982 expõe distância em relação a Dunga

    SÉRGIO RANGEL
    DO RIO

    21/06/2016 02h00

    Tite é fã de Telê Santana e da geração que perdeu a Copa do Mundo de 1982. Ao ser apresentado oficialmente na segunda (20) como treinador da seleção, o ex-corintiano fez questão de adiantar como pretende escalar taticamente o time e citou o meio campo criativo formado por Falcão, Cerezo, Sócrates e Zico que atuou no Mundial da Espanha como exemplo.

    As declarações de Tite chamaram a atenção por sinalizar uma nova direção para a seleção, comandada por Dunga até então.

    O ex-capitão do tetra não escondia que era favorável ao futebol de resultado no time nacional e quase sempre se colocava como um rival da celebrada geração de 1982.

    "Quero triangulações, trocas de passe e infiltrações. Na transição, quando perder a bola, uma iniciativa de retomar em pressão alta, média ou baixa", afirmou o gaúcho, ao definir como pretende armar taticamente o time.

    Emocionado, o treinador de 55 anos disse que ficou com o joelhos "balançados" ao visitar o museu da CBF antes de dar a entrevista e divagou na coletiva lembrando dos grandes momentos da seleção. Ele citou as equipes de 1970 e a de 1982.

    "Lembrei a Copa de 82 pela beleza daquele time com o Falcão, Sócrates, Zico e Cerezo. Quanta qualidade no meio campo, quanta luz", disse ele, que já havia reconhecido que chorou quando aquele time foi eliminado pela Itália, em Barcelona.

    Ao ser questionado se era mais um treinador da escola "gaúcha", ele recusou o rótulo. Tite é o quinto treinador do Rio Grande do Sul a ocupar o cargo desde a saída de Carlos Alberto Parreira após a Copa de 2006.

    "Não acredito em escola gaúcha de técnicos. Acredito em uma escola brasileira de técnicos. Para mim, tem a escola do seu Telê ou do seu Ênio Andrade [mais do contato físico e da bola longa]", disse ele, adepto da filosofia implantada pelo ex-treinador do São Paulo nos anos 90.

    Tite na seleção

    MUDOU DE POSIÇÃO?

    Tite disse que não estava constrangido por aceitar o convite feito pelo presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. Em dezembro, ele assinou um manifesto pedindo a renúncia imediata do dirigente, indicado pelo FBI por ser beneficiário de um esquema de corrupção por meio da venda de direitos de torneios.

    "O convite foi para ser técnico da seleção de futebol. Entendo que essa atribuição é a melhor maneira que tenho para contribuir. Adjetivos como 'transparência', 'democratização', 'excelência' e 'modernidade' são a forma como penso", afirmou, sem declarar se mudou ou não de posição sobre o dirigente.

    Tite foi contratado para afastar a crise da seleção. Desde o vexame na Copa de 2014, o time não encontrou o caminho das vitórias —perdeu duas Copas Américas e está fora da zona de classificação para a Rússia-2018.

    Na semana passada, Dunga perdeu o cargo após a eliminação na primeira fase da Copa América Centenário.

    A estreia do treinador será contra o Equador, em setembro, provavelmente em Quito. "Claro que se corre o risco [de ficar fora da Copa]. É um fato real", diz ele, que, porém, se mostra confiante na classificação. Ele viajará nesta terça para os EUA, onde pretende ver o jogo da Colômbia, marcado para quarta (22), nos EUA. Os colombianos serão o segundo adversário da seleção.

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