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    Com Pacaembu de lado, locutor do estádio faz bicos para se manter

    ADRIANO MANEO
    CAMILA MATTOSO
    DE SÃO PAULO

    26/06/2016 02h00

    Edson Sorriso, 56, locutor oficial do Pacaembu, faz bicos para manter seu padrão de vida. Poderia ser a história de mais um brasileiro sofrendo as consequências da crise do país. A crise dele, porém, chegou mais cedo.

    Foi a realização do sonho da casa própria corintiana que tirou uma parte importante da renda do dono de uma das mais conhecidas vozes de quem frequenta "o seu, o meu, o nosso" Pacaembu.

    Autor do famoso bordão, ele é o locutor oficial do estádio desde 2010. Sorriso também é funcionário da subprefeitura do Butantã, mas sem o Corinthians, o Pacaembu passou a abrir com menor frequência para o futebol e, consequentemente, a dar menos trabalho (e dinheiro). Em 2015, foram apenas 13 jogos.

    "Às vezes, tinha jogo aqui terça, quarta e quinta. Agora, não é mais assim. A criançada sente lá em casa, né? Mas a gente vai fazendo bicos. Estou fazendo locução em maratonas e corridas de rua, quando aparece. E vou me virando com outros bicos", contou o pai de quatro filhos.

    Nostálgico, reconhece a estrutura invejável das novas arenas, mas diz que o Pacaembu tem um diferencial.

    "O 'Paca' é aconchegante, ele acolhe as pessoas. Você tem a visão ampla de tudo. As arenas são lindas, mas o Pacaembu abraça todo mundo."

    O locutor está de volta ao Pacaembu neste domingo (26) para o clássico entre Santos e São Paulo. Será sua primeira vez com torcida única, medida adotada para conter a violência entre torcedores.

    "Briga me entristece muito. Já vi gente quase se matando aqui. Não tem mais o futebol que a gente via antes. Eu acho necessário ter uma torcida só. É um 'presta atenção', sabe? Se você sai de casa para brigar, sua intenção não é torcer", afirma.

    Dos dias alegres, não se esquece da despedida do goleiro Marcos, ex-Palmeiras, e de Ronaldo Fenômeno. Enquanto aproveita o futebol para complementar a renda, tem no samba sua maior paixão.

    Compositor e cantor, teve a oportunidade de fazer uma música com Mário Sérgio (1958-2016), vocalista da banda Fundo de Quintal, que faleceu em maio. "Tudo de Bom" foi gravada em 2014.

    Da sua afinidade com o samba, fez uma homenagem ao estádio, aproveitando do bordão. Sobre o jogo, Sorriso não dá nem palpite. Quando lhe perguntam para qual time torce, responde depressa: "Sou sambista".

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