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    Copa América

    Messi tenta entregar à Argentina o grande título que o país lhe pede

    CLÓVIS ROSSI
    COLUNISTA DA FOLHA

    26/06/2016 02h00

    A foto e a manchete da capa de "Mundo Deportivo", publicação catalã, na quinta-feira, 23, eram a consagração definitiva de um certo Lionel Andrés Messi, 29 anos completados no dia seguinte.

    A foto era de um jovem com a camiseta da seleção argentina ajoelhado diante de Leo (como passou a ser chamado na Espanha) e alisando as chuteiras do jogador. O título: "Los pies de dios".

    Era uma maneira, excessivamente barcelonista, como o é toda a mídia esportiva da Catalunha, de dar Messi por superior a Diego Armando Maradona, seu antecessor na função de "dios" do futebol argentino.

    Afinal, Maradona ficou célebre, além de seu enorme talento, por um gol com a mão (a "mão de deus") contra a Inglaterra na Copa do Mundo de 1986. Como futebol não se joga com a mão, infere-se naturalmente que Messi é mais que Maradona.

    Pode ser para a torcida do Barcelona, clube pelo qual Maradona também jogou, mas sem o mesmo brilho e a mesma quantidade infernal de títulos conquistados por seu conterrâneo.

    Para a torcida argentina, no entanto, falta um título grande, que pode ser obtido neste domingo, 26, às 21h (de Brasília), com Sportv, contra o Chile, na final da Copa América, ainda que a edição deste ano seja mais festiva (pelo centenário) do que propriamente competitiva.

    Afinal, faz 23 anos que a Argentina não consegue um título com sua seleção principal. É natural, portanto, que haja cobranças sobre seu principal jogador, capaz de colecionar todos os títulos possíveis no Barcelona, mas incapaz de dar esse gostinho também aos argentinos.

    INÍCIO ESPETACULAR

    Messi disputará neste domingo sua quinta final.

    O começo foi espetacular: em 2005, com apenas 18 anos, ele liderou a seleção sub-20 que se tornou campeã mundial, derrotando a Nigéria na partida final.

    "Dios" fez os dois gols na vitória por 2 a 1 e, ainda por cima, foi o artilheiro do torneio, com seis tentos.

    Três anos depois, ganhou o ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim, com nova vitória sobre os nigerianos na final. Mas o único gol foi marcado por Dí Maria.

    Aí veio a seca em finais: a dolorida derrota na prorrogação para a Alemanha (0 a 1) no Mundial de 2014 e a igualmente dolorida derrota (nos pênaltis) para o Chile na Copa América do ano passado.

    Se houvesse torcedor de futebol condescendente, poderia até dizer que dois vice-campeonatos consecutivos são resultados que falam bem da qualidade do futebol argentino e, por extensão, de seu maior ídolo atual.

    A SINA DO VICE

    Mas ser vice, no futebol e até na vida, é quase nada, como se comprova na piadinha que Jô Soares costumava contar quando era apenas comediante: vice não vira nome de rua nem ganha busto em praça pública.

    "Dios", portanto, não pode ser vice. Passou a ser obrigação de Lionel Messi dar hoje o título à Argentina, o que ele próprio reconhece conforme relato do jornal argentino "La Nación":

    "Chegar a três decisões em três anos não é coisa de todos os dias. Mas também é certo que, a esta altura das circunstâncias, o único que importa é ganhar, sobretudo após jogar duas finais e perdê-las".

    Se Deus nunca perde a divindade, "dios" precisa reafirmá-la, se não a cada partida, pelo menos a cada final importante.

    A ver se Messi justifica neste domingo a capa do "Mundo Deportivo".

    Geração perdida da Argentina - Último título em uma competição oficial foi em 1993

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