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    Máfia dos Resultados

    Sete pessoas são presas após denúncias de máfia de resultados no futebol

    GUILHERME SETO
    LUIZ COSENZO
    DE SÃO PAULO

    06/07/2016 11h21 - Atualizado às 18h31

    Johnny Torres - 11.fev.2016/Diário da Região
    SAO JOSE DO RIO PRETO, SP, 11.02.2016, BRASIL Jogo entre as equipes do Rio Preto x Gremio Barueri no no estadio Anisio Haddad, no encerramento da quarta rodada da Serie A3 do Campeonato Paulista, Foto: Johnny Torres / Diario da Regiao ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Lance de Rio Preto (de branco) e Barueri, cujos atletas receberam oferta de suborno para perder

    A Polícia Civil prendeu nesta quarta (6) sete pessoas de uma quadrilha suspeita de manipular resultados de partidas de futebol, principalmente nas Séries A2 e A3 do Campeonato Paulista, e divisões inferiores do Norte e do Nordeste.

    O objetivo do grupo era beneficiar apostadores de sites de países asiáticos.

    De acordo com o DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa), foram expedidos dez mandados de prisão temporária e dois mandados de busca e apreensão.

    A operação, denominada Game Over, acontece nas cidades paulistas de São José do Rio Preto, Bauru, Sorocaba, além da capital. Ocorre também em cidades do Rio, Rio Grande do Norte e Ceará.

    Ainda de acordo com a polícia, a rede de apostadores é da Malásia, da China e da Indonésia. Por enquanto, não há mandado de prisão para estrangeiros.

    "Estamos investigando a existência de uma quadrilha que atuava mais precisamente nos Estados de São Paulo e do Rio e que, junto de uma quadrilha ainda desconhecida da Malásia, da China e da Indonésia, aliciava jogadores, técnicos e presidentes de clubes das Séries A2 e A3 do Paulista para que os resultados favorecessem apostadores nas bolsas da Ásia", disse a delegada Kelly Cristina de Andrade, que não descartou que os grupos tenham influenciado campeonatos de maior importância.

    CERCO FECHADO - Polícia prendeu sete pessoas envolvidas no esquema

    A operação foi iniciada no começo de 2015, após pedido do Ministério Público de São Paulo, ainda está em andamento e o inquérito está sob segredo de Justiça.

    Um dos presos é Carlos Henrique de Luna, 33, ex-goleiro do América-SP, que negou ao jornal "Diário da Região" a acusação de ter participado de esquema.

    Em depoimento ao Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo, o presidente do América, José Carlos Pereira Neto, revelou que foi procurado por Anderson da Silva Rodrigues, que seria um dos membros da quadrilha de aliciadores que atua no Brasil. O DHPP confirmou à reportagem que Rodrigues foi procurado no Rio, mas não foi encontrado.

    O atacante Márcio Souza da Silva, 36, que jogou no futebol da Indonésia por cerca de oito anos, também foi preso pela polícia no Rio.

    Em sua passagem pelo país asiático, ele teria desenvolvido relação próxima com o grupo de interessados em manipular resultados. De volta ao Brasil, o jogador teria passado a se ocupar do aliciamento.

    Procurado pela reportagem, Paulo Schmitt, procurador-geral do STJD, apresentou relatório que, baseado em análises de variações incomuns em sites de apostas feitas por empresas especializadas, aponta possíveis irregularidades em diversas partidas de 2015.

    Em setembro, por exemplo, o Santo André venceu o Sorocaba por 9 a 0 pelo Paulista sub-20. Movimentações estranhas em sites de apostas e o fato de o Sorocaba ter escalado jogadores com 17 anos ou menos despertaram suspeitas e colocaram a partida no escopo das investigações.

    Outra partida que levantou suspeita foi a vitória do Rio Preto sobre o Barueri por 4 a 0 na Série A3 do Paulista em fevereiro deste ano.

    OUTRO LADO

    À Folha, a mulher de Luna, Michele, disse que o marido não tem "nada a ver com o assunto" e "não sabe o que está acontecendo". O advogado de Márcio Souza da Silva não foi localizado, assim como Anderson Rodrigues.

    *

    Leia comunicado da Federação Paulista de Futebol sobre a operação

    A Federação Paulista de Futebol vê a Operação Game Over, deflagrada nesta quarta-feira (6), como um importante passo para o combate à prática de manipulação de resultados no futebol.
    A FPF informa que todas as denúncias ou suspeitas a que tivemos acesso sempre foram prontamente encaminhadas ao Ministério Público e contribuíram para esta investigação.
    Lembramos que a FPF já vem tomando medidas de combate a estes delitos: criou o Comitê de Integridade, que apura suspeitas e atua de forma colaborativa com as autoridades competentes a fim de identificar supostas ilegalidades em partidas.
    Além disso, contratamos a empresa suíça SportRadar, especializada em monitorar resultados suspeitos e possíveis manipulações de resultados.
    Desta maneira, vamos continuar atuando no combate à manipulação de resultados, modalidade criminosa que acomete o futebol mundial.

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