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    Chefe da máfia dos resultados agia com dinheiro em 'cash' e nome falso

    GUILHERME SETO
    LUIZ COSENZO
    DE SÃO PAULO

    07/07/2016 08h30 - Atualizado às 15h52

    Guilherme Seto/Folhapress
    Organograma da operação Game Over apresentado pelo DHPP
    Organograma da operação Game Over apresentado pelo DHPP

    Nesta quarta-feira (6), a Polícia Civil expediu dez mandados de prisão temporária para suspeitos de participarem de esquema internacional de manipulação de resultados. Sete suspeitos foram presos, enquanto três não foram encontrados, na operação denominada Game Over.

    Entre esses três está Anderson da Silva Rodrigues, que foi confirmado nesta quinta-feira o como chefe do esquema no Brasil.

    Em depoimento ao Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo em fevereiro deste ano, o presidente do América-SP, José Carlos Pereira Neto, dá detalhes sobre como suposto aliciador operava. Segundo Pereira, ele teria dado, inclusive, outro nome.

    Anderson, que então teria se apresentado como Edmilson, chegou a São José do Rio Preto em julho de 2015 e fez contato com Pereira, que o descreveu como "muito bem trajado, negro e de chapéu coco".

    O chefe teria dito, então, que trabalhava para um grupo asiático de apostas na internet e que estaria disposto a pagar R$ 160 mil para o América-SP perder por 4 a 0 para o Vocem, de Assis. Anderson, então, teria detalhado os requisitos: o América teria que perder de dois ou três gols de diferença, e todos eles teriam que ser marcados entre os 20 e os 25 minutos do primeiro tempo.

    Diante das recusas de Pereira, que, segundo o próprio, teria dito que "precisava da vitória para classificar", Anderson teria respondido que estava com uma "mala de euros no hotel".

    "Eu não sou tonto, eu ouvi, jamais ia me vender por 160 mil que era o que precisava para pagar minha folha, injetar. Tem até os minutos que vai sair o gol, segundos, tantos do primeiro tempo, tem muita informação", declarou Pereira ao TJD/SP.

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    Na declaração ao órgão, Pereira se referiu a todo tempo ao suposto aliciador como Edmilson. Diante da foto da pessoa, ele foi informado de que o verdadeiro nome daquele que ele reconheceu era Anderson.

    A operação acontece nas cidades paulistas de São José do Rio Preto, Bauru, Sorocaba, além da capital. Ocorre também em cidades do Rio, Rio Grande do Norte e Ceará.

    "Estamos investigando a existência de uma quadrilha que atuava mais precisamente nos Estados de São Paulo e do Rio e que, junto de uma quadrilha ainda desconhecida da Malásia, da China e da Indonésia, aliciava jogadores, técnicos e presidentes de clubes das Séries A2 e A3 do Paulista para que os resultados favorecessem apostadores nas bolsas da Ásia", disse a delegada Kelly Cristina de Andrade, que não descartou que os grupos tenham influenciado campeonatos de maior importância.

    A operação foi iniciada no começo de 2015, após pedido do Ministério Público de São Paulo, ainda está em andamento e o inquérito está sob segredo de Justiça.

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