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    Máfia dos Resultados

    Cantor e pai e filho estão entre presos da máfia de jogos

    GUILHERME SETO
    LUIZ COSENZO
    DE SÃO PAULO

    12/07/2016 17h33

    Guilherme Seto/Folhapress
    Anderson Silva Rodrigues
    Organograma da operação Game Over apresentado pelo DHPP

    Presos na última quarta-feira (6), os suspeitos de integrarem a quadrilha que participa de esquema de manipulação de resultados trabalham no futebol como treinador, empresário de jogadores e, em alguns casos, exercem atividades fora do ramo da bola, como cantor e até funcionário dos Correios.

    Dos 11 alvos de mandados de prisão da operação "Game Over", nove foram cumpridos. Destes, cinco já foram liberados. Entre eles está Carlos Rabelo, morador de Maracanaú, no Ceará.

    Rabelo trabalha como empresário de atletas e também tem carreira como cantor de pagode. A Folha apurou que ele foi abordado por Thiago Coutinho, que ainda não foi localizado pela polícia, para encontrar clubes em dificuldades financeiras para envolvê-los no esquema de manipulação de resultados.

    Conhecido em sua cidade, o cantor costuma contar a história de que Wesley Safadão, intérprete de "Camarote", abria seu show quando criança. À época, Safadão ainda era criança, e apenas teria participado de apresentação de dança.

    Já Rodrigo Guerra, 34, ex-lateral direito do Remo, trabalha no Rio de Janeiro como "olheiro" para o chefe da máfia no Brasil. Anderson Rodrigues usava os jogadores observados por Guerra como ponte para ingressar no time e conseguir manipular seus integrantes.

    Outros dois casos envolvem pai e filho. Ex-metalúrgico, Wanderley Carneiro trabalha com agenciamento de jogadores há 20 anos. Ele foi sondado por Rodrigues para "encontrar clubes em dificuldades financeiras".

    Sem saber lidar com tecnologia, colocou o seu filho, Wanderley Carneiro Júnior, para mexer com WhatsApp, Instagram e enviar e-mails. Júnior é vendedor de carros usados na região de Bauru e funcionário dos Correios de Uberlândia, onde trabalhava duas vezes por semana.

    Francisco Gonçalves era outro no esquema que trabalhava como caça-talentos e procurava times para Rodrigues realizar a operação. Ele usava a identidade do seu pai, Antonio Marculino, 75 anos, que foi então chamado para depor para a polícia.

    Rabelo, Guerra, Wanderley Carneiro, Wanderley Júnior e Francisco já foram liberados, mas seguirão sendo investigados e questionados pela polícia até o momento em que for apresentada a denúncia.

    Segundo a Folha apurou, o levantamento de bens feito pela Polícia indicou dificuldades financeiras de quase todos os envolvidos. O esquema de manipulação de resultados não favoreceu os supostos aliciadores porque Rodrigues cortava relações assim que conseguia o que desejava, concentrando em si mesmo as somas pagas pelos asiáticos.

    Todos os presos pela Polícia deram a versão de que foram trapaceados por Anderson Rodrigues.

    MÁFIA DOS RESULTADOS
    Quadrilha tentava manipular partidas no Brasil para favorecer apostadores asiáticos

    PRESOS

    Já Marcos Danilo Ferrari, 42, foi técnico do Palmeira de Goianinha, time que foi rebaixado para a 2ª divisão do Campeonato Potiguar. Natural de Diadema, ele treinou o paranaense Cambé no ano passado.

    Os outros três presos são Márcio Souza da Silva, Jefferson "Viola" Teixeira e Carlos Henrique Luna. Viola, que foi diretor de futebol do Guaratinguetá em 2015, e Luna, ex-goleiro, também procuravam times para entrar no esquema.

    Desempregado, Luna começaria a trabalhar numa escolinha de futebol de São José do Rio Preto nesta segunda-feira (11) —cinco dias após ser detido. Ele mora de favor na casa da sogra e tinha processo por falta de pagamento de pensão em aberto.

    Márcio é apontado como o subchefe da quadrilha no Brasil —só abaixo de Anderson.

    Nascido em São João do Meriti, no Rio, ele teve passagem de oito anos por clubes da Indonésia e da Malásia, dois países nos quais estão concentrados os chefes do esquema. A importância de Souza ao esquema estaria nos contatos que fez com os grupos asiáticos e em seu domínio do idioma local, o indonésio.

    A operação, organizada pelo Drade (Delegacia de Repressão aos Crimes de Intolerância Esportiva), aconteceu nas cidades de São José do Rio Preto, Bauru, Sorocaba e São Paulo, além de cidades do Estado do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Norte e do Ceará.

    Editoria de Arte/Folhapress
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