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    Dono do Audax quer comprar Oeste, mas torcida faz protesto em Itápolis

    LUIZ COSENZO
    DE SÃO PAULO

    17/07/2016 06h00

    Renato Silvestre - 23.mar.2014/Folhapress
    OSASCO, SP - 23.03.2014 - GREMIO OSASCO AUDAX x LINENSE/CAMPEONATO PAULISTA SERIE A 2014 - Mario Texeira, dono do Gremio Osasco Audax antes da partida contra o Linense - Lance da partida entre Gremio Osasco Audax x Linense, valida pela decima quinta rodada do campeonato paulista serie A, no estadio prefeito jose liberatti, em Osasco na Grande Sao Paulo. (Foto: Renato Silvestre) *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
    Mario Teixeira, homem forte do Audax, caminha no estádio José Liberatti

    Audax, Audax Rio, Grêmio Osasco, Osasco FC e agora muito provavelmente Oeste. O clube de Itápolis, cidade a 353 quilômetros de São Paulo, está na mira do empresário Mário Teixeira, o Seu Mário, 70, que pretende aumentar o império no futebol adquirindo a equipe rubro-negra.

    A Folha apurou que desde o ano passado, o 'Roman Abramovich de Osasco', como Teixeira é chamado em referência ao bilionário russo dono do Chelsea, da Inglaterra, estuda se tornar um investidor efetivo do Oeste.

    A equipe de Itápolis disputa atualmente a Série B do Campeonato Brasileiro e foi rebaixada recentemente para a Série A2 do Campeonato Paulista. Mas, pela segunda temporada consecutiva, tem uma parceria com o vice-campeão estadual.

    O acordo, fechado em maio, incluiu a cessão de toda a comissão técnica e alguns jogadores remanescentes do vice-campeonato. O Oeste também leva na parte frontal de sua camisa o nome do Audax, como se fosse um patrocinador.

    Em 2015, a parceria se restringia apenas a cessão de sua estrutura física, que era os alojamentos e o estádio José Liberatti.

    "A intenção [de ser investidor do Oeste] sempre foi essa. Só se tiver uma decepção muito grande para não acontecer, mas o negócio está muito bem encaminhado. Se subir, a possibilidade é 100% de chance", disse um funcionário do Audax à reportagem.

    Diretor de futebol do time de Osasco no Paulista, Nei Teixeira, que agora exerce a mesma função na equipe de Itápolis, diz desconhecer a negociação no momento, mas admite a possibilidade no futuro.

    "Pode se tornar realidade, mas agora é algo especulativo. Nossa preocupação é manter o time na Série B e se possível conquistar o acesso".

    Renato Silvestre/Flickr/Osasco Audax
    OSASCO, SP - 04.06.2016 - OESTE/AUDAX (SP) x CRICIUMA (SC) / CAMPEONATO BRASILEIRO SERIE B 2016 - NA FOTO: - Partida entre Oeste/Audax (SP) x Criciuma (SC) valida sexta rodada do Campeonato Brasileiro Serie B 2016, na tarde deste sabado (04), no estadio Prefeito Jose Liberatti, em Osasco, na Grande Sao Paulo. (Foto: Renato Silvestre)
    Oeste joga com camisa patrocinada pelo Audax

    Aparecido Roberto, o Cidão, 60, diretor do Oeste, afirma que o clube busca um investidor e vê com bons olhos a aproximação com Seu Mário.

    "Atualmente, todos os clubes procuram um parceiro. Achamos o Seu Mário, que é um parceiro íntegro, honesto, cumpridor de seus deveres e muito bem-sucedido na vida. Começamos com um flerte há uns três anos. Em 2015, começamos a namorar, mas não deu certo o casamento no final do ano. Espero que neste ano se concretize".

    Seu Mário, é torcedor fanático da Ponte Preta, campineiro de coração, e a cartolagem é um grande hobby. Conselheiro do Bradesco até o final do ano passado e agora aposentado, ele chegou a liderar a área de mercado de capitais e de investimentos do banco, costurando negociações importantes feitas no período, como a aquisição da Vale.

    Assim como na temporada passada, o acordo entre Oeste e Audax foi fechado após o estádio dos Amaros, em Itápolis, ser vetado pelo Corpo de Bombeiros para a disputa da Série B do Campeonato Brasileiro –o local estava liberado durante o Estadual.

    Sem campo, o rubro-negro joga na Arena Barueri, mas já atuou em Osasco neste ano. Na temporada passada, os jogos da Série B foram realizados no José Liberatti.

    O uso do estádio em Barueri gerou uma especulação do Oeste deixar Itápolis e mudar de cidade, o que foi negado por Cidão.

    "A sede do Oeste é em Itápolis. Queremos jogar na nossa cidade, mas está difícil. Eles não mexeram em um prego até agora. Se a situação continuar como está, cogito sim mudar o time de cidade. O estádio já ficou interditado várias vezes e ninguém fez nada".

    Audax/Oeste

    LEGAL OU NÃO
    O artigo 27 A da Lei Pelé proíbe que dois clubes que sejam controlados ou explorados por uma mesma pessoa física ou jurídica disputem a mesma série de uma competição profissional. Caso isso ocorra, as equipes recebem como punição a perda de isenções fiscais e não pode receber nenhum recurso federal.

    Apesar de atualmente ser o investidor do Audax, Audax Rio, Grêmio Osasco e o Osasco Futebol Clube, juridicamente Seu Mário não está à frente dos clubes.

    Para a FPF "não há objeção de ordem normativa ou estatutária que impeça um investidor de efetuar aporte de capital em favor de agremiações distintas, na medida em que se trata de uma decisão de foro intimo. O investidor não necessariamente exerce uma função diretiva formal perante a agremiação, o que, neste caso, suscitaria questionamentos de ordem ética."

    PROTESTO

    Distante de Itápolis pelo segundo ano consecutivo, os torcedores do Oeste fizeram no último dia 2 um protesto para pedir o retorno do time à cidade, localizada a 353 quilômetros de São Paulo.

    Atualmente, a equipe manda os jogos da Série B do Brasileiro na Arena Barueri, em Barueri, e no José Liberatti, em Osasco, sede do Audax, com quem tem uma parceria desde meados de maio, após o estádio dos Amaros ser vetado em razão do alvará de segurança e o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros estarem vencidos.

    No ano passado, o cenário foi o mesmo e o Oeste atuou seus 19 jogos como mandante da Série B em Osasco.

    "Eles [prefeitura e diretoria] têm que deixar as coisas claras. No ano passado, foi viabilizado um projeto com o Corpo de Bombeiros para a reforma do estádio. A prefeitura, a população e a diretoria se uniram e o local foi reformado. O time jogou o Campeonato Paulista em Itápolis. Logo depois, o estádio foi vetado e fechamos a parceria com o Audax. Não conseguimos entender essa situação", disse o administrador de empresas Fábio Buttarello, 35, um dos que protestou.

    Divulgação/Osasco Audax
    Partida entre Oeste/Audax (SP) x Bragantino (SP) valida decima quinta rodada do Campeonato Brasileiro Serie B 2016, na tarde deste sabado (09), no estadio Prefeito Jose Liberatti, em Osasco, na Grande Sao Paulo. (Foto: Renato Silvestre)
    Oeste jogou contra o Bragantino vestindo uniforme com o patrocínio do Audax

    De acordo com Aparecido Roberto, o Cidão, diretor de futebol do Oeste, a equipe não joga em seu estádio porque o local precisa ser reformado novamente para atender as novas exigências do Corpo de Bombeiros.

    "Fizemos um grande investimento no estádio no ano passado, mas o Corpo de Bombeiros quer agora a substituição das madeiras que ficam como suporte para as cadeiras por outro material", disse o dirigente.

    Segundo Cidão, foram gastos R$ 1,2 milhão na reforma.

    "Vários prefeitos passaram nos últimos anos e ninguém cumpriu nada. Faz dois meses que o campeonato começou e até agora não mexeram uma palha no estádio. No ano passado, bancamos praticamente tudo", completou.

    Alessandra Tomasin, 44, secretária de Esportes de Itápolis, afirmou que no momento a prefeitura não tem dinheiro para fazer as adequações.

    "É interessante ter o time no município. Não é uma questão de não querer [fazer a reforma]. É uma questão que esse ano não tem como. A prefeitura não tem dinheiro para fazer as reformas", explicou.

    "Estão brincando com a história de um clube de 95 anos. O Oeste não é time de empresário e queremos o clube em Itápolis independente da divisão", declarou o presidente da torcida organizada Oesterror, Willian Puccini Peretto, 22, também presente no protesto.

    CRONOLOGIA

    2010 - Mario Teixeira adquiriu o Osasco FC, clube fundado na cidade em 1992, mas que nunca conseguiu sair das últimas divisões do Estado. O time joga com a camisa listrada, igual a da Ponte Preta, time do coração do dirigente.

    2010 - Seu Mário adquiriu 50% do Grêmio Esportivo Osasco, que hoje está na Série A3 do futebol paulista.

    2013 - Seu Mário adquiriu o Audax, que pertencia ao Grupo Casino. O mandatário também herdou o Audax-Rio, que fazia parte do Grupo. Neste ano, o time paulista foi vice-campeão estadual.

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