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    Copa Libertadores

    Final da Libertadores evidencia nova ordem no futebol sul-americano

    ADRIANO MANEO
    DE SÃO PAULO

    20/07/2016 02h00

    Após eliminar os gigantes São Paulo e Boca Juniors (ARG) nas semifinais, Atlético Nacional (COL) e Independiente del Valle (EQU) fazem, nesta quarta (20), às 21h45 (com SporTV e Fox Sports), no Equador, a primeira partida da decisão da Libertadores, a única entre times colombianos e equatorianos na história da competição.

    A final inédita também é a primeira, em 25 anos, sem representantes argentinos ou brasileiros. O fato pode parecer uma coincidência, mas ocorre em um momento em que a ordem do futebol sul-americano dá mostras de estar em transformação.

    Nas eliminatórias, Brasil e Argentina sofrem para atingir as primeiras colocações. Nas últimas duas edições da Copa América, o Chile, que nunca havia sido campeão, sagrou-se vencedor.

    A Argentina agoniza após passar 23 anos sem título. O Brasil sofreu para passar por Chile e Colômbia jogando uma Copa do Mundo em casa, tomou 7 a 1 da Alemanha na semifinal, e sequer passou da primeira fase da última Copa América, em um grupo que tinha Haiti, Equador e Peru.

    Na Libertadores, nenhum time do país chegou à final nos últimos três anos, fato que não ocorria desde o final da década de 80.

    Brasileiros na Libertadores - Cadê os brasileiros? O país na final da Libertadores

    RAZÕES

    Mas o que pode explicar a má fase dos dois gigantes do continente e a ascensão do futebol de países que sempre estiveram no escalão intermediário do futebol mundial?

    Segundo Darío Pereyra, ídolo do São Paulo e ex-jogador da seleção uruguaia, as razões são distintas para seleções e clubes.

    Para ele, um dos principais motivos para a má fase dos clubes brasileiros nas competições continentais é a falta de organização e a formação deficiente de jogadores.

    "Acho que é muito mais estagnação do Brasil e Argentina, no sentido de que jogadores vão embora, da má organização, de que não tem dinheiro para segurar jogadores, além de não vir formando grandes nomes", analisa Pereyra.

    "Não é casualidade. Isso é por causa dos jogadores formados aqui. Ninguém investe na base, coisa que nos outros países estão fazendo. E hoje tem jogadores tão bons no Chile, Colômbia, Equador, tão bom quanto os brasileiros", completa.

    Evelson de Freitas - 11.set.1997/Folhapress
    Dario Pereyra, controla a bola durante treino do São Paulo, quando era treinador, em 1997
    Dario Pereyra, controla a bola durante treino do São Paulo, quando era treinador, em 1997

    No caso das seleções, Darío entende que a falta de interesse dos principais jogadores de Argentina e Brasil, que deixam seus países muito novos, é a principal causa do nivelamento.

    "A maioria dos jogadores da seleção foram embora há anos, e para ele, ganhar ou perder na seleção não muda nada. Voltam e está tudo bem nos clubes, com muito dinheiro. Não se joga por patriotismo ou por amor", afirma.

    Francisco Ugarte, 57, ex-jogador da seleção chilena vê outro motivo. Para ele, a diferença de nível entre os principais jogadores de cada país diminuiu quando a exportação de jogadores para outros países aumentou.

    "Com a comunicação que temos hoje em dia, existe a possibilidade de que vejam seus jogadores e cria-se a possibilidade de vender e exporta-los. Quando jogam no exterior atingem um outro nível. Por isso a equipe chilena é tão poderosa. Já houve outras boas gerações, mas os jogadores só atuavam localmente e a exigência não é a mesma. Quando todos jogam no estrangeiro, a coisa fica mais parelha", afirma.

    Por esse motivo, Ugarte entende que a complicação aumenta para Brasil e Argentina.

    "Fica mais difícil, porque o nível se aproxima, mas continuam tendo a pressão da obrigação de ganhar", analisa. "No Brasil e na Argentina há muita pressão para ser campeão. O Brasil tem os melhores jogadores do mundo e as pessoas acham que sempre tem que ser campeão. Isso não é justo", completa.

    Finalmente, o ex-jogador com passagens por Cobreloa (CHI) e Unión Española (CHI) prevê tempos mais difíceis para a seleção de seu país justamente por causa da pressão, que deve aumentar com as recentes conquistas.

    "Espere o Chile depois do próximo mundial, quando as pessoas começarem a exigir que ganhe. O que vai acontecer? A pressão vai ser grande. Vão suportar? Temos que ver".

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