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    Futebol feminino volta à precariedade cotidiana após a Olimpíada

    GUILHERME SETO
    LUIZ COSENZO
    DE SÃO PAULO

    28/08/2016 02h00

    Folhas de pagamento que não passam de R$ 60 mil mensais, estádios quase vazios e falta de incentivo.

    Após algumas semanas de paixão olímpica, quando as partidas da modalidade receberam em média 46 mil torcedores por jogo, o futebol feminino volta à sua precariedade cotidiana.

    Na quinta (25), cerca de 700 pessoas foram à Vila Belmiro para ver Santos e Rio Preto, primeiro jogo da final do Paulista -empate por 0 a 0. Neste domingo (28), os times voltam a se enfrentar em São José do Rio Preto (10h, SporTV2) para decidir o título. A expectativa é que menos de 2.000 estejam no estádio.

    Em 2016, 14 times participaram do Paulista. Entre eles, o Santos é o que dá as melhores condições às suas jogadoras, as "Sereias da Vila", como reconhecem os próprios adversários. O clube tem folha salarial de R$ 40 mil.

    Rio Preto, São José e Ferroviária, com folhas de pagamento de R$ 58 mil, R$ 60 mil e R$ 50 mil, respectivamente, estão na elite do futebol feminino.

    A título de comparação, a folha salarial da equipe masculina do Palmeiras, líder do Brasileiro, é de quase R$ 10 milhões.

    O Santos é a exceção em um cenário em que as agremiações não firmam vínculos profissionais com as atletas, deixando-as sem carteira assinada e direitos trabalhistas.

    Elas treinam poucas horas por dia e se dedicam a outros empregos.

    "Todas as nossas atletas são profissionais. Elas têm carteira assinada, plano de saúde, moradia, alimentação e convênio com universidade", afirma Caio Couto, treinador do Santos. Segundo a Folha apurou, o teto salarial da equipe é de R$ 4 mil.

    "O Santos é exceção. Entidades como a CBF e a federação paulista tratam a categoria como amadora, o que dificulta para atrair torcedores e patrocinadores. Caminhamos para o profissionalismo, mas ainda não chegamos lá", diz Arthur Elias, técnico do Corinthians/Audax. Os clubes dividem os custos mensais de R$ 50 mil.

    Equipes como XV de Piracicaba, Taubaté e Guarani/Valinhos têm as condições mais precárias.

    Os departamentos femininos são mantidos pelas prefeituras locais, que entram com o dinheiro, enquanto os clubes oferecem só suas marcas. No Guarani/Valinhos, as atletas recebem só transporte e alimentação da prefeitura. Do clube, nada.

    "Em quatro partidas, tivemos de fazer 'vaquinha' para pagar o médico. Não conseguimos patrocinadores", diz Ana Lúcia Gonçalves, 50, professora de futebol da secretaria de Esportes de Valinhos.

    No caso de XV de Piracicaba e Taubaté, só algumas atletas recebem mais de R$ 1.000 por mês. As folhas de pagamento são de R$ 20 mil e R$ 18 mil, respectivamente, incluindo comissões técnicas.

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