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    Sem renovação no esporte, promessas do Brasil estão distantes da F-1

    RENAN MARRA
    DE SÃO PAULO

    04/09/2016 02h00

    Divulgação
    Sergio Sette Camara integra a Red Bull Junior Team -programa que é uma porta de entrada de pilotos à equipe principal da escuderia
    Sergio Sette Camara integra a Red Bull Junior Team -programa que é uma porta de entrada de pilotos à equipe principal da escuderia

    Um cenário sem pilotos brasileiros na F-1 ficou mais próximo com o anúncio de Felipe Massa, 35, nesta quinta-feira (1º), de que vai se aposentar da categoria ao final desta temporada.

    Promessas do Brasil não têm se destacado em competições que costumam habilitar um piloto à principal categoria do automobilismo mundial, e a nova geração ainda está distante de se credenciar à F-1.

    Entre os nomes do país mais cogitados para competir, Sérgio Sette Câmara, 18, leva vantagem. Ele integra a Red Bull Junior Team –programa que é uma porta de entrada de pilotos à equipe principal da escuderia. Em julho, o mineiro agradou ao pilotar um carro da categoria pela primeira vez em um teste oficial.

    Jovem e pouco experiente, entretanto, Câmara ainda tem caminho a trilhar. O piloto está em sua segunda temporada na F-3 Europeia, considerada o primeiro grande passo para quem quer alcançar a F-1.

    Em 2015, terminou o campeonato na 14ª colocação, com dois pódios na temporada. Em 2016, já igualou o número de pódios do ano anterior, mas aparece, por ora, apenas na 12ª colocação entre 21 competidores.

    Outras jovens promessas do Brasil, os pilotos Pedro Piquet, 18, filho de Nelson Piquet, e Pietro Fittipaldi, 20, neto de Emerson Fittipaldi, carregam sobrenome de peso, mas não têm apresentado resultados animadores.

    Assim como Câmara, Piquet também compete na F-3 Europeia. Em sua primeira temporada na categoria, aparece na 17ª colocação. Em 21 corridas, pontuou apenas quatro vezes e ainda não chegou ao pódio.

    Fittipaldi, por sua vez, faz a sua temporada de estreia na Fórmula V8 3.5, outra categoria que também revela pilotos para a F-1. Ele está em 12º lugar entre 16 competidores. Seu companheiro de equipe, o também estreante Louis Delétraz, da Suíça, aparece na terceira colocação.

    Com a saída de Massa, o Brasil pode ficar sem representantes na F-1 já em 2017. Felipe Nasr, 24, outro brasileiro na categoria, corre o risco de ficar sem equipe no ano que vem –ele só tem contrato com a Sauber até o final de 2016.

    Para o presidente da Comissão Nacional de Velocidade, da Confederação Brasileira de Automobilismo, Waldner Bernardo, o motivo para o Brasil correr o risco de ficar sem representantes na F-1 é financeiro.

    "Não só no automobilismo, mas todas as modalidades esportivas estão atravessando um período de dificuldade na captação de patrocínio. O cenário da economia nacional não está permitindo que as empresas invistam", diz.

    A ausência de brasileiros na elite do automobilismo mundial vem sendo discutida também por ex-representantes do Brasil na categoria. Antonio Pizzonia, que correu por Williams e Jaguar entre 2003 e 2005, já havia dito que não vê renovação à altura no esporte.

    "O automobilismo é totalmente guiado pelo dólar. Se existe uma alta, quem é que vai colocar o filho para correr de kart? A falta de pilotos na atualidade é consequência do que o Brasil sofreu dez anos atrás. Assim como o que o Brasil está passando hoje vai ter reflexo em dez ou 15 anos", afirmou, em março, à Folha.

    A última vez que o país não teve um representante na competição foi em 1969 -um ano antes da estreia de Emerson Fittipaldi na categoria pela Lotus.

    "Precisamos urgentemente de novos talentos na F-1. Espero que o Pietro, Piquet, Câmara e toda essa nova geração chegue logo no topo do automobilismo para representar nosso país", diz o ex-piloto Emerson Fittipaldi.

    Para ele, há dificuldade para convencer as empresas a direcionarem recursos para patrocínio esportivo. "No Brasil falta vontade de investir no esporte, as pessoas por aqui são muito imediatistas. Tem de investir pensando a longo prazo", afirma o bicampeão da F-1 em 1972 e 1974.

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